Apesar de ter menos que uma década de existência, a Fórmula E já consolidou em sua curta história um fato indiscutível: o equilíbrio. E o fato de ter oito campeões em nove anos de competição só comprova este fato.
Apesar de ter tido alguns domínios durante esse período, como a Renault nos primeiros três anos, a Techeetah assumindo a ponta na fase de transição entre GEN1 e GEN2, e a Mercedes chegando na categoria e replicando o sucesso da Fórmula 1, esses foram momentos que não se consolidaram em um domínio absoluto, como é visto em outras competições.
Portanto, vamos relembrar as disputas do passado e conferir como foi a conquista de cada um dos oito campeões, sendo que pelo menos sete deles estarão presentes no grid da 10ª temporada do Campeonato Mundial ABB FIA Fórmula E:
Nelsinho Piquet, o primeiro campeão
O primeiro ano da Fórmula E foi marcada por uma disputa espetacular entre três pilotos que marcaram história na categoria. Nelsinho Piquet, Lucas di Grassi e Sébastien Buemi disputaram ponto a ponto durante todo o campeonato, e chegaram a última etapa com chances reais de título.
A decisão foi em Londres, e Piquet chegou com cinco pontos de vantagem em relação a Buemi, o segundo colocado. Mas viu a situação se complicar no treino classificatório, quando errou em uma das curvas e acabou fechando a sessão apenas na 16ª posição, enquanto o rival largou em sexto.
Porém, a corrida foi repleta de incidentes, e o próprio Buemi acabou cometendo um erro e rodou sozinho, perdendo algumas posições, enquanto Nelsinho foi escalando o pelotão e chegou a sétima posição. Na última volta, Buemi era quinto e precisava apenas ultrapassar o brasileiro Bruno Senna para garantir o título, mas não conseguiu.
No fim, Nelsinho Piquet levou a melhor e se tornou o primeiro campeão da história da categoria de monopostos elétricos por um ponto de diferença (144 a 143). O piloto brasileiro permaneceu na Fórmula E até a quinta temporada, quando deixou a competição. Atualmente, corre na Stock Car, principal categoria do automobilismo brasileiro.
As batalhas entre Di Grassi e Buemi
Se no primeiro ano Lucas di Grassi e Sébastien Buemi tiveram que assistir a conquista de Nelsinho Piquet, nos dois anos seguintes, ambos os pilotos travaram uma disputa acirrada para conquistarem seus títulos na Fórmula E.
Na segunda temporada, ambos chegaram à última etapa separados por três pontos, com Di Grassi na ponta, e a ferrenha disputa entre os dois começou já na luta pela pole position, na qual o piloto suíço levou a melhor e tirou os três pontos de diferença, enquanto o brasileiro ficou em terceiro.
Na largada, Di Grassi tentou passar entre os dois carros da Renault e acabou atingindo justamente o carro de Buemi, com os dois indo parar na área de escape e caindo para o final do grid. Ambos voltaram à prova e a disputa pelo título passou a ser pelos dois pontos extras dado ao piloto que conseguisse a volta mais rápida do eprix. Foi desta forma que Buemi garantiu seu título.
No ano seguinte, o campeonato começou com domínio total de Buemi, que venceu cinco das seis primeiras provas. Mas, aos poucos, Di Grassi se recuperou e aproveitou que o rival se ausentou de duas provas por conta de compromissos com outras categorias e diminuiu a diferença entre os dois para a rodada final.
Na penúltima prova, enquanto Di Grassi foi pole position e venceu a corrida, Buemi foi desclassificado e viu a liderança mudar de mãos. Com 18 pontos de vantagem, Di Grassi apenas administrou a diferença na prova final e garantiu o título, dando o troco ao adversário.
A era JEV
Depois de dois títulos brasileiros em três anos de categoria, a Fórmula E viu a chegada de um pequeno domínio da Techeetah, justamente nos anos de transição entre o GEN1 e o GEN2, com as conquistas do francês Jean-Eric Vergne, único bicampeão da história da competição de carros elétricos.
Na quarta temporada, Jean-Eric Vergne conquistou o título na penúltima prova do campeonato, superando o britânico Sam Bird. Enquanto o piloto da Techeetah conquistou o último campeonato da Era GEN1, o seu adversário ainda acabou sendo superado pelo brasileiro Lucas di Grassi na tabela de classificação, terminando o campeonato em terceiro.
Já no ano seguinte, o primeiro da Era GEN2, o adversário de JEV foi o neozelandês Mitch Evans. E assim como no ano anterior, Vergne conquistou o título com uma boa diferença de pontos para seu adversário, novamente nas ruas de Nova York.
Festa portuguesa na sexta temporada
A Techeetah seguiu sendo o carro a ser batido na sexta temporada da Fórmula E, porém desta vez, com uma novidade. Após ter sido companheiro de Jean-Eric Vergne nas duas conquistas de título, o alemão André Lotterer deixou de equipe e para seu lugar chegou o português Antonio Félix da Costa.
E ao contrário de Lotterer, Da Costa não facilitou as coisas para o bicampeão da categoria e mesmo em um ano aonde o campeonato chegou a ficar paralisado por mais de 150 dias devido à pandemia de COVID-19, a qual cancelou diversos eprix e só foi concluído graças ao Festival de Berlim (6 provas em 9 dias), o piloto português conquistou o título de forma incontestável, na antepenúltima prova do calendário.
A era Mercedes
Depois de três anos com a Techeetah comandando a Fórmula E, a equipe franco-chinesa ganhou um novo e forte adversário: a Mercedes. A montadora alemã, que entrou na categoria na sexta temporada, chegou mostrando sua capacidade e nos dois anos seguintes, não deu chances aos adversários.
Na sétima temporada, o título ficou com o holandês Nyck de Vries, que após a conquista, entrou na mira de diversas equipes da Fórmula 1 e após a 8ª temporada do mundial de carros elétricos, deixou a categoria de carros elétricos para ser piloto da Alpha Tauri na F1. Porém, sua passagem pela F1 não foi das melhores e ele está de volta ao grid da Fórmula E na próxima temporada, agora como piloto da Mahindra.
Já na oitava temporada, campeonato que finalizou a Era GEN2 da Fórmula E, o título novamente ficou com a montadora alemã, mas desta vez com o belga Stoffel Vandoorne, que assim como seu companheiro e campeão do ano anterior, não teve tantas dificuldades para garantir o título mundial.
A passagem da Mercedes pela Fórmula E se encerrou com o final da Era GEN2. A estrutura da equipe foi assumida pela NEOM McLaren.
Dennis, o novo campeão
A nona temporada marcou o início da Era GEN3, e com ela, um campeonato totalmente diferente dos últimos anos, sendo definido nos detalhes e na rodada final.
Jake Dennis venceu a corrida de abertura na Cidade do México, mas depois teve que assistir o domínio da TAG Heuer Porsche de Pascal Wehrlein, que liderou boa parte do campeonato, seguido de perto pelo britânico da Avalanche Andretti, equipe cliente da montadora alemã.
Se juntaram a briga pelo título os neozelandeses Mitch Evans (Jaguar Racing) e Nick Cassidy (Envision Racing), que nas últimas etapas passaram a revezar a liderança com Wehrlein. Porém, a vitória de Jake Dennis em Roma colocou o piloto da Andretti na liderança e em vantagem para a decisão na rodada dupla em Londres.
E no fim de semana decisivo, Dennis conseguiu os resultados necessários para conquistar pela primeira vez o título mundial da Fórmula E, enquanto a Envision conseguiu o título entre as equipes.
A 10ª temporada do Campeonato Mundial ABB FIA Fórmula E começa no dia 13 de janeiro de 2024, com o E-Prix Hankook da Cidade do México. São Paulo novamente receberá uma etapa do mundial, no Sambódromo do Anhembi, no dia 16 de março. Os ingressos já podem ser adquiridos pelo site da Eleven Tickets.