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Especialista explica processos de problemas cardíacos no futebol

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Photo by Friedemann Vogel - Pool/Getty Images

Nos últimos meses, o futebol voltou a se assustar com casos de infarto e mal súbito. O mais emblemático deles foi o de Eriksen, durante a Eurocopa deste ano. Em entrevista ao Esporte News Mundo, a cardiologista Margarete Henriques explicou como são feitos os processos para prevenção de casos como este.

– Em linhas gerais, existe um cuidado em cumprir o protocolo com curso de educação continuada (é anual, mas foi cancelado em 2020 devido à pandemia) para todos os médicos do futebol. Nele, há demonstração, sessões práticas e workshops com parte de ressuscitação nas paradas cardíacas com bonecos monitorizados, para que eles possam prestar o atendimento adequado. O Desfibrilador Automatizado Externo (DEA), o principal equipamento para ressuscitação, é obrigatório para cada equipe em qualquer jogo organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). É necessário ter ao menos um – disse a cardiologista.

A especialista destaca que no caso de Christian Eriksen, o atleta conseguiu ressuscitar devido à compressão torácica e ao uso de desfibrilador, segundo informado pelo médico da seleção dinamarquesa. Mais tarde, o atleta foi submetido a um implante de marca-passo.

– É um quadro típico de alguém que tem uma interrupção do fluxo sanguíneo ao cérebro. Na maioria das vezes, isso é provocado pelo próprio coração. Essa é a principal causa de falecimento de atletas durante a prática esportiva. É um problema ocasionado por propensão hereditária, condições cardíacas, como arritmia e hipertrofia do coração, e até mesmo excesso de exercícios, chamado de overtraining – explica.

A cardiologista ainda explica que doenças como o mal súbito, diferente de outros problemas cardiovasculares, nem sempre estão relacionadas ao sedentarismo. Desta maneira, até mesmo atletas de alta performance estão suscetíveis a estes casos.

Atletas profissionais ainda podem apresentar condições que não são detectáveis em exames comuns e não dão sintomas, como alterações eletrolíticas e miocardite, causada por infecções. Devido a isso, estes profissionais precisam fazer acompanhamento periódico com um cardiologista e realizar exames como teste ergométrico, ecocardiograma com doppler e holter, além de exames laboratoriais.

– Doenças hereditárias podem influenciar no aparecimento de problemas cardíacos. Outros motivos que podem contribuir são: tabagismo, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, apneia do sono, exageros na ingestão de bebidas alcoólicas, distúrbios de tireoide, hipertensão, diabetes e estresse – ressalta Margarete Henriques.

– Hoje, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e detectar precocemente enfermidades causadoras de morte súbita, tanto a Associação Americana do Coração como a Sociedade Europeia de Cardiologia endossam a triagem Médica pré-participação esportiva.
A avaliação pré-participação eficaz é essencial e recomendada para todo atleta ou esportista e previne um acontecimento cardiológico grave na maioria das vezes – finaliza a cardiologista.

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