Lutas

Esquiva Falcão relembra medalha olímpica, próximos confrontos pela IBF e destaca chance de título

Flavio Perez

Esquiva Falcão é um dos maiores nomes da IBF (Federação Internacional de Boxe) e o brasileiro já está com sua chance garantida ao título. Com a promessa de lutar pelo cinturão, Esquiva aguarda o desfecho da luta adiada entre Triplo G e Ryoto Murata, que foi adiada recentemente. Nessa espera do próximo oponente, Falcão falou com exclusividade ao Esporte News Mundo.

Esquiva Falcão é filho do lendário Touro Moreno. O lutador de boxe criou todos os filhos através da luta e orientou sua família para seguir o mesmo caminho. Diante dessa criação dentro do mundo das lutas, “seu Moreno” serviu de fonte de inspiração na carreira dos filhos.

– Meu pai foi um grande atleta de vale tudo e MMA, tem uma linda história. Ele contava para gente que sempre queria ter filhos atletas, boxeadores. Não atoa que ele colocou meu nome de Esquiva(risos). Meu pai foi minha inspiração. As batalhas da vida dele, sem estrutura, sem dinheiro para ajudar os filhos, nunca desistiu e olha que ele fez. Dois medalhistas olímpicos, fora meus outros irmãos que foram campeões brasileiros, campeões paulistas. Então, força de vontade dele e inspiração para não desistir nunca dos meus objetivos. Até hoje, ele ainda tem sonhos e acredita que vai ser realizado. Meu pai é grande sonhador e batalhador.

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LONDRES-2012

Esquiva Falcão detalhou o processo que passou para chegar em 2012 em condições de medalhar nas Olimpíadas de Londres. A preparação para a competição, segundo o boxeador, foi um dos períodos em que ele mais treinou em sua carreira e essa rotina deu confiança ao pugilista do Espírito Santo.

– Então, eu treinei muito para 2012. Os jogos olímpicos foram os treinos mais intensos que eu tive. Porque eu sabia que minha vida poderia mudar e mundo poderia me conhecer. Tive muito treinamento e acreditava que iria conseguir a medalha olímpica. Não sabia de que cor seria, mas eu sabia que conseguiria. Eu lembro até hoje que eu vivia em um alojamento em um quarto, eu e mais um atleta. Escrevia em uma folha de caderno: “Eu vou ser campeão olímpico, eu vou pegar uma medalha olímpica” e deixava gravado. Sempre que acordava de manhã cedo, antes de ir para academia, dava meu melhor, voltava para casa e ia para academia. Acreditei muito que iria fazer história e acabei fazendo. Sempre acreditei no meu potencial, fui confiante e treinei para dar certo”, recordou Esquiva, que seguiu falando dos bastidores da final olímpica e dos momentos que antecederam a prata histórica para o boxe brasileiro.

– Olimpíada é um campeonato que todos os atletas do mundo querem participar ou conquistar uma medalha. Eu participei, conquistei uma medalha e ainda fui o porta bandeira do encerramento, para mim é um dos melhores campeonatos do mundo. Na final foi muito engraçado. Lutei contra o japonês Ryota Murata e ele tinha vindo de lutas bastante difíceis e eu tinha perdido para ele no mundial. Eu falei: “chegou minha vez de ganhar dele”, porque já tinha perdido para ele no Mundial, em 2011. Então, agora é minha revanche, fui sim bastante concentrado, focado no boxe que usar e trabalhando a velocidade para não dar tempo para ele reagir — disse o pugilista, que completou em sequência.

 – A luta foi bastante equilibrada até o momento que o arbitro tirou a pontuação. No vestiário, meus treinadores falavam mensagens positivas e diziam: “Esquiva você é o melhor, você não está aqui a toa, seu nome é esquiva”. A equipe toda me apoiava e também tive muita ajuda do meu irmão Yamaguchi que ficou até a final após garantir o bronze. Ele me deu muito apoio, me apoiou bastante nos Jogos Olímpicos. Nós ficamos no mesmo quarto, cada palavra que ele dava era importante para mim e chegar lá e dar meu melhor. Dei meu melhor, mas infelizmente não saí com a vitória por causa do arbitro, que acabou errando tirando ponto meu não do adversário. Mas a vitória era para ser nossa, minha medalha de prata vale ouro, não só para mim para o mundo todo. Todo mundo que eu conheço e eu vejo fora do Brasil fala da medalha, fala que eu ganhei a luta. No camarim as pessoas me apoiavam, sempre feliz e capaz de vencer a luta.

PANDEMIA E DIFICULDADES

Como o início da pandemia do coronavírus em 2020, todo mundo parou de funcionar até entender qual era gravidade e a forma de propagação do novo vírus. Diante de um cenário calamitoso, todos os eventos esportivos tiveram que parar e só voltaram posteriormente, mas sem público. Sem nenhuma maneira de sustentar sua família, Esquiva Falcão colocou sua medalha a venda e explicou o motivo com detalhes.

– Então, porque eu tomei a atitude de vender minha medalha? Foi um momento muito polêmico, eu sabia que iria ser muito polêmico. É muito difícil você ver um medalhista olímpico vendendo a medalha, mas quando eu vi que não tinha luta por causa da pandemia, não tinha adversários e as bolsa das lutas diminuíram, a única coisa que tenho que fazer é vender a medalha. Pensei: “Vou colocar a venda, porque com dinheiro vou administrar e não vou passar por dificuldades”. Falei algumas vezes em reportagens e repito: “prefiro ver um prato cheio de comida dos meus filhos do que ver vazio e a medalha olímpica na guardada roupa guardada”. Minha família é tudo para mim. Eu vendo a medalha se precisar colocar comida dentro de casa e na hora que vi o momento difícil chegando. Coloquei a medalha a venda para ajudar minha família, mas graças a Deus apareceu o patrocínio e não precisei fazer isso.

HISTÓRICO VITORIOSO

Após a conquista da prata dos Jogos Olímpicos de 2012, Esquiva Falcão ingressou no boxe profissional se tornando uns dos fenômenos da IBF. Esquiva comentou como ele se tornou um dos melhores lutadores da sua categoria.

– São 29 vitórias e 20 nocautes. Eu fico muito feliz que a Top Ranking vem colocando adversários e vem me testando. Com meu treinamento, minha equipe, vencemos as lutas por nocaute e por ponto, muito importante. Mas por nocaute é melhor. Por isso que eu tenho 20 nocautes, sempre procuro ter o nocaute e só falta o cinturão mundial para fechar. Talvez a luta número 30 possa ser a do cinturão.  Estou muito ansioso. Fico feliz com a torcida brasileira e a equipe acreditando em mim, acredito que não seja só eu, mas sim toda equipe, todos os fãs da nobre arte que torcem por mim.

CONFIRA OUTROS PONTOS DA ENTREVISTA

PRÓXIMOS CONFRONTOS

— Então, eu não sei muito explicar. A luta do campeão foi adiada e eu estava esperando o vencedor da luta entre o Gennady Golovkin e Ryoto Murata, mas agora eu tenho que esperar. Isso pode ser bom para mim e ruim, porque eu sou de uma empresa e campeão de outra empresa. Tem que acontecer uma negociação entre elas para saber como vai acontecer. Por que pode ser bom para mim? Porque nesse meio do tempo para remarcar a luta novamente, o campeão pode querer lutar comigo. Já que não posso lutar no Japão, eu posso lutar em Los Angeles ou Las Vegas ou ele pode não correr risco. Não vou lutar com ninguém e vou esperar a nova data para lutar com o Japonês. Estou sentindo que vem coisa boa.

DUELO CONTRA MURATA

– O Ryota Murata é campeão da WBA e se acontecesse de Golovkin não lutar com ele, ele ia me enfrentar. Eu ganhando do Golovkin eu vou querer colocar meu cinturão em jogo com outros cinturões com outros campeões. Se o Murata conseguir manter o cinturão dele, seria uma luta que eu iria querer muito. Eu não tenho mais aquela vontade grande de enfrentar o Murata pela revanche olímpica. Porque ele correu de mim bastante tempo (Risos), ele ficou bastante tempo se esquivando de mim, mas quando eu for campeão ele vai querer fazer essa revanche, porque vai contar para ele também. Quero enfrentar os campeões e, se ele for campeão, eu vou enfrenta-lo também para eu me tornar o melhor da minha categoria e conquistar os quatro cinturões, se for possível.

SUCESSO NA CARREIRA

– Na minha categoria tem muitos atletas de nome, mas graças a Deus eu estou lutando e vencendo, conquistando meu espaço devagarzinho e mostrando para o mundo quem é o Esquiva Falcão. Quem é o menino do Espírito santo, do Brasil, que está comendo a sopinha pelas beiradas? Quando eu assinei com a Top ranking eu tinha um treinador Miguel Dias que era meu Coachman. Eu falei que ia ser campeão mundial invicto e ele deu até risada na época e está quase. Estou invicto e o cinturão está perto. Eu coloquei na minha cabeça, se eu ganhando a luta está difícil imagina eu perdendo? Vai ficar mais difícil ainda, então, eu pretendo ser campeão invicto e terminar minha carreira invicto. Não pretendo perder para ninguém e mostrar que dá. É só acreditar e treinar!

DATA DO DUELO?

Logo que fechou a luta contra o Patrice Volny, eu falei com meu treinador e com meu manager Sergio Batarelli que terminando a luta, “Quando seria a luta pelo cinturão?”, quando terminou a luta, eu perguntei outra vez. Ele falou: “o campeão luta em dezembro e a luta pelo cinturão deve ser no final do primeiro semestre, agosto, setembro”.

– É um tempo bom para eu descansar, até para cicatrizar minha testa 100%. Voltar a treinar e ter um tempo de treinamento bom, que da para recuperar bem e ficar 100% preparado para o campeão.  Tenho certeza que ele vai enfrentar uma fera em cima do ringue, um menino que quer buscar esse cinturão. Não de hoje, mas de dez anos atrás. Vai coroar um menino que quer realizar o sonho do pai e vai ser um leão fora da jaula.

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