Futebol Feminino

Família Kindermann anuncia o fim dos investimentos no futebol feminino

Kindermann disputando a Libertadores 2020
Foto: Reprodução/AvaiKindermann

Após 13 anos de atividade, 12 títulos estaduais, dois vices do Campeonato Brasileiro, uma Copa do Brasil e duas participações em Libertadores, a família Kindermann anuncia o fim do projeto de futebol feminino. Em entrevista concedida ao SCC10, Daniel e Valéria Kindermann, genro e filha de Salézio Kindermann confirmaram o encerramento das atividades da equipe.

— Tomamos essa decisão com a alma, coração e consciência limpa, sabendo que fizemos o que foi possível para que o time chegasse até aqui e concluísse o calendário de competições previstas para 2021. Sabemos do carinho que muitos brasileiros têm pelo Kindermann Futebol Feminino, o quanto essa história e esse legado merecem respeito. Mas esse era o sonho do Salézio Kindermann. O futebol ocupava 100% do tempo dele, ele tinha dedicação exclusiva a isso, entendia e amava esse mundo. Em respeito ao legado dele, nós como família e as atletas que permaneceram até aqui, fechamos este ciclo com a participação na Libertadores, onde encerramos como a 5ª melhor equipe. O legado nunca será apagado, mas a era Kindermann futebol, mantida pela nossa família, encerra aqui — declararam Daniel e Valéria.

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A equipe vivia um momento complicado em sua gestão desde a morte de Salézio Kindermann, fundador e principal investidor da equipe, vítima de complicações em decorrência de um quadro de Covid-19 em maio de 2021, aos 77 anos. Era Salézio o grande responsável por gerenciar as principais funções administrativas do clube, e a sua partida afetou não somente o psicológico de todos os envolvidos nas atividades do time, mas também o gerenciamento do mesmo.

— Do dia para a noite nós tivemos que assumir a responsabilidade de 65 pessoas, dois times e um custo mensal de R$ 270 mil. Sendo que esse era o hobbie do Salézio, era a paixão dele, e não nossa, da família. Nós somos hoteleiros. Nosso ramo é uma empresa de hotéis. Sabemos falar de hotel, e não de futebol feminino. E do dia para a noite, apesar de não ser nossa obrigação continuar com tudo isso, nos viramos do zero para organizar e entender como tudo funcionava. Demos o nosso melhor para que a equipe não se encerrasse no meio de uma competição e cumprisse o seu calendário de disputas. Fizemos isso não por ser nossa obrigação, porque esse era compromisso do Salézio, mas fizemos para honrar o nome e o legado dele. Demos o nosso melhor e chegou a hora de encerrar — afirmaram Daniel e Valéria ao SCC10.

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Além da equipe de futebol feminino do Kindermann, que desde 2019 disputava suas competições em parceria com o Avaí, Salézio também era responsável pelo Napoli, equipe que alcançou o acesso à Série A1 do Campeonato Brasileiro em 2021, e que hoje não está mais sob a responsabilidade da família Kindermann, tendo sido devolvida à Associação Esportiva Napoli.

O Kindermann encerra as suas atividades com todas as pendências financeiras resolvidas. Atletas e integrantes da comissão técnica também tiveram suas contas acertadas, e hoje a maioria já está em negociação com outras equipes brasileiras. Caso seja do interesse do clube, o Avaí tem preferencia em assumir a equipe, mas a família deseja que o seu sobrenome não seja mais utilizado: “Sobre o nome ‘Kindermann’, não gostaríamos que fosse utilizado, salvo alguma situação específica, legal e mediante contrato”.

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Em 2021, o Kindermann ficou na quinta colocação da Libertadores e chegou à semifinal do Brasileirão Feminino A1. Nomes como Gabi Zanotti, Julia Bianchi, Gabi Portilho e Andressinha, atletas com passagem pela Seleção Brasileira e que atuam nas principais equipes do cenário competitivo nacional, foram formadas pelo Kindermann. Mais do que atuante no esporte, o clube oferecia bolsas de estudos em parceria com a Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), assegurando assim a formação de cerca de 50 atletas no ensino superior.

— Acho que cumprimos a missão. Fechamos esse ano com o time em 8º no Brasileiro, em 5º na Libertadores, campeão catarinense, com os salários em dia e sempre pautados na transparência principalmente com as atletas. Quem ficou, ficou para fechar o ciclo. Queremos agradecer os torcedores e dizer que o legado não será apagado. Novamente, gostaríamos de agradecer as Atletas e Comissão Técnica que ficaram conosco até o final. Temos o maior orgulho desse time. Nós, família, não temos condições financeiras e nem conhecimento para continuar no futebol feminino. Por isso estamos encerrando o ciclo. O responsável por toda essa trajetória vitoriosa, sempre foi o Salézio. E agora precisamos encerrar — concluíram Daniel e Valéria.

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