A Ferrari decepcionou em Paul Ricard. Depois do pódio em Mônaco e bons resultados em Baku, a equipe de Maranello terminou o GP da França sem pontos. O que explica a queda brusca de rendimento?
É preciso considerar que a Ferrari está em ano de reconstrução. A terrível temporada 2020, sequela de um estranho acordo com a FIA envolvendo um obscuro projeto de motor, trouxe prejuízos para os italianos, tanto moralmente quanto financeiramente. Foi a 6ª colocada, última do pelotão intermediário e com pequena margem para a Alfa Romeo.
O carro para 2021 é melhor do que o de 2020, mas ainda está muito longe do que se conhece da mais tradicional equipe da F1. Claramente o ritmo de corrida deixa a desejar, embora os pilotos ainda consigam espremer desempenho em ritmo de classificação.
RUAS x AUTÓDROMO
Em circuitos de rua, apertados e de mais baixa velocidade durante a prova, o carro da Ferrari leva significativa vantagem. As condições anulam os defeitos do carro e potencializam os pontos fortes.
Basta ver que Charles Leclerc foi pole position em Mônaco e em Baku. Carlos Sainz foi 4º e 5º, respectivamente. Batidas e bandeiras à parte, o ritmo era muito bom, andando na mesma balada da Red Bull e superando a Mercedes.
Já em um autódromo tradicional, os problemas do carro vermelho voltaram a aparecer. E com um agravante: os pneus desgastaram muito rápido.
PNEUS EM PAUL RICARD
Manter o pneu intacto foi a chave de um bom desempenho no GP da França. Hamilton lutou contra o desgaste, mas sucumbiu a um veloz Verstappen, que arriscou ao fazer duas paradas. E foi recompensado com a vitória.
Já a Ferrari tentou a mesma estratégia com Leclerc e foi mal sucedida. O monegasco parou na volta 14 e na volta 38 (que o devolveu na 16º posição), não encontrando ritmo com nenhum set de pneus. “Foi incrivelmente difícil. Senti que o ritmo estava regredindo um pouco. Com os duros e com os médios. Meu Deus. Lutei demais”, resumiu, no rádio, após a bandeira quadriculada.
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Sainz, por outro lado, fez apenas uma parada. O espanhol largou em 5º, caiu para 13º após o pitstop da volta 17 e, de fato, só conseguiu atingir a 8ª posição lá pela volta 34. A partir daí foi perdendo posições para Gasly, Alonso, Vettel e Stroll.
O ritmo, que já não era dos melhores, foi piorando à medida que o pneu foi esfarelando – daí a ultrapassagem da AlphaTauri, Alpine e das Aston Martin, que provavelmente não aconteceriam em outro cenário.
A Ferrari tem uma difícil escolha para fazer: investir seu tempo e recurso financeiro para melhorar o carro de 2021 ou já focar seus esforços no carro de 2022, que precisará se adequar ao novo regulamento, que tem potencial para embaralhar a ordem de potências da F1?
Uma pergunta para Mattia Binotto responder.