A Fla USA New England e o Clube de Regatas do Flamengo entraram em rota de colisão há cerca de três anos. A antiga Embaixada deixou o programa e passou a utilizar a marca do clube sem autorização.
Em 2008 o Flamengo deu início ao projeto chamado “Embaixadas da Nação”. Torcedores que se reuniam ao redor do país e do mundo para assistir os jogos do clube foram organizados e nomeados como as primeiras Embaixadas.
A partir de 2016, com o crescimento do programa, foram criados os Consulados que, então, passa a se chamar “Embaixadas e Consulados da Nação”.
Os consulados são aqueles grupos que contém, ao menos, cinco sócios-torcedores. Todo novo grupo começa, obrigatoriamente, como Consulado. A partir de 6 meses de fundação e com um número mínimo de trinta sócios-torcedores, este grupo passa a se chamar Embaixada.
As Embaixadas e Consulados têm obrigações a cumprir para a manutenção do grupo. Além de registrar novos sócios para o clube, eles também são observadores de atletas em suas regiões, encaminhando possíveis talentos para observações mais profundas nas divisões de base. Além disso, fazem parte da divulgação de campanhas institucionais e realizam ações sociais, baseadas no calendário anual sugerido pelo Clube de Regatas Flamengo.
Os problemas entre Flamengo e Fla USA New England começaram, exatamente, por conta dessas obrigatoriedades. Há cerca de três anos, a Embaixada não concordou com alguns pontos e decidiu se retirar do programa, não fazendo mais parte, oficialmente, desse projeto. À época, seu presidente era o Sr. Eduardo Cosendey.
Desde então, a Fla USA New England passou a promover eventos independentes, segundo informações do Flamengo, utilizando a marca e o símbolo da instituição sem o seu consentimento. Além disso, o clube rubro-negro informa que o núcleo vem obtendo proveito econômico, sem qualquer autorização de exploração da marca.
A antiga embaixada posta, frequentemente, em seu perfil do Instagram, festas e eventos ocorridos em seu restaurante. O bar é completamente tematizado com as cores e os escudos do Flamengo. Por lá, torcedores se reúnem, também, para assistir os jogos do clube.
O Esporte News Mundo entrou em contato, através do perfil oficial da Fla USA New England, para comentar sobre o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Já o clube Rubro-Negro emitiu uma nota oficial em seu site explicando a situação.
“O Clube de Regatas do Flamengo vem a público esclarecer e dar conhecimento que o empreendimento denominado FLA USA New England, localizado nos Estados Unidos da América, dirigido pelo Sr. Eduardo Cosendey, não é uma Embaixada ou Consulado filiado ao Flamengo, vez que não integra o projeto das Embaixadas e Consulados da Nação e não respeita suas regras.
Siga o Esporte News Mundo no Instagram, Twitter, Facebook e Youtube.
O Flamengo tomou conhecimento de que a denominada FLA USA New England e o Sr. Eduardo estão se apropriando e explorando comercialmente as marcas e símbolos do clube de forma indevida, sem qualquer vinculação, autorização ou licenciamento, obtendo proveito econômico em detrimento do Flamengo.
Em virtude disso, o Clube adotará as medidas judiciais cabíveis nos Estados Unidos da América para coibir tais irregularidades e reparar os prejuízos causados.”
Em contato com a diretoria do Flamengo, o Vice Presidente de Embaixadas e Consulados, Maurício Gomes de Mattos, falou sobre o posicionamento do clube, comentou todo o carinho que ele tem pelo programa e, também, contou novidades sobre a relação entre Flamengo e Fla USA New England.
Como funciona o programa “Embaixadas e Consulados da Nação”?
– Esse projeto surgiu de forma genuína e, hoje, nós estamos em todos os estados brasileiros e em 25 países ao redor do mundo. Por isso, com o passar do tempo e crescimento do programa, eu precisei fazer alguns ajustes, atendendo às necessidades e protegendo a instituição Clube de Regatas do Flamengo. E, na época, há cerca de três anos, o presidente da Fla USA New England, Sr. Eduardo Cosendey, não concordou com as novas diretrizes e decidiu sair do projeto. É importante ressaltar que não é justo com o Flamengo que você faça uma camisa, materiais com o escudo do clube, sem que recebamos royalties por isso.
O caso tem resolução?
– Eu, como Vice-Presidente do projeto, entrei em contato, conversei com a direção da Fla USA New England e eles se predispuseram a retornar ao projeto, cumprindo com as normas estabelecidas. Mas, antes disso, o Flamengo já havia gasto com advogados em Boston para cuidar do caso e ficou acordado que eles arcariam com esses custos. Mas o tempo foi passando e isso não aconteceu.
Qual a relação do Maurício com a Fla USA?
– Os integrantes são companheiros nossos, são amigos nossos. Eu testemunho a grandiosidade deste grupo de torcedores. Para mim, como Vice-Presidente, cada um desses núcleos são como filhos. Mas, na figura do Sr. Eduardo, eles acabaram deixando de ser uma Embaixada. Nós fazemos festas grandiosas em todo o Brasil e no mundo. No Catar, colocamos mais de duas mil pessoas em um Café. O Flamengo se movimenta. Nós fazemos um Maracanã em cada canto desse mundo. Mas, quando você constrói um café, um restaurante, sem a permissão do Flamengo, sem que o clube receba royalties por isso, você está usando a marca de forma indevida.
O ENM teve acesso a uma nota oficial da Fla USA New England, informando que o Sr. Eduardo Cosendey não mais presidirá este núcleo e que, a partir de agora, o presidente será o Sr. Rogério Senna. De que forma isso pode resolver essa situação e, novamente, estreitar as relações entre núcleo e clube?
– Sim. Após uma reunião que nós tivemos, a Fla New England nos encaminhou um documento e esclareceu publicamente que o Eduardo não é mais o seu Presidente. Enviaram também, para mim, para o Presidente Landim e para o Vice-Presidente Geral e Jurídico, Rodrigo Dunshee, um pedido de reingresso ao projeto das Embaixadas e Consulados. No momento eu estou em Orlando e, ao regressar, conversarei com o Presidente Landim sobre o assunto, pois, em última instância, essa decisão é dele.
Portanto, apesar de ter cada um deles como filhos, ainda não posso dar essa resposta. Mas tenho certeza do espírito que reina nessa gestão, que é de harmonia e buscando sempre o melhor pro Flamengo. O que eu espero é que termine da melhor maneira possível. Eu torço e vou trabalhar para que essa condição de litígio se encerre.
Tenho quase dez anos de vice-presidência e cerca de 22 anos de Flamengo. Nunca passei por uma situação como essa. A Fla USA New England retornando ao nosso projeto mostra que o trabalho é muito bem feito e o respeito que o Flamengo e a sua diretoria têm com todos os seus membros.