Gilberto é o primeiro. Marcos Paulo será o próximo. ‘O bom, bonito e barato’ está de volta ao Fluminense

Por Wilson Pimentel

Publicado em 5 de agosto de 2020, às 20h54

Foto: Lucas Merçon /Fluminense

O ambiente está estranho no Fluminense. De desistência por títulos. E preocupação gigante com as finanças. A negociação de Gilberto com o Benfica, em definitivo, é apenas a ponta da pirâmide. Apesar de não falar abertamente, a diretoria vai montar um time ‘bom, bonito e barato’ para a sequência da temporada. E não adianta o tricolor fazer motim nas redes sociais.

À primeira vista, está sendo iniciado um desmanche. Desde a chegada de Mário Bittencourt, o Fluminense acumula incontáveis dívidas trabalhistas. Por isso, o presidente está sendo obrigado a vender os principais jogadores para pagar as malditas contas deixadas por Peter Siemsen e Pedro Abad.

O Fluminense não é mais um bom comprador. Perdeu esse status após a saída da Unimed. Atualmente, o clube não consegue mais investir em jogadores como Deco e, Thiago Neves. E agora só pensa em vender. Afinal, Pedro e Gilberto foram negociados para reforçar o caixa tricolor.

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E Marcos Paulo é o próximo. Barcelona, Benfica, Lyon e Olympique de Marselha monitoram a cria de Xerém. Mas o dirigente tenta fazer um grande negócio. Afinal, o Fluminense detém 100% dos direitos do jogador. Além disso, a multa rescisória está estipulada em 45 milhões de euros (R$ 282,3 milhões).

Mas veio a pandemia e tudo piorou. Nada de arrecadação com jogos, ficou sem dinheiro de transmissão do Campeonato Carioca e fuga de sócio-torcedores. Além disso, o Fluminense teve de diminuir a folha salarial em 25% dos jogadores para não ter que demitir dezenas de funcionários do clube.

Embora Mário Bittencourt esteja fazendo um esforço hercúleo para a folha do departamento de futebol em dia, a tensão domina o presidente tricolor. De maneira exagerada para pessoas ligadas ao presidente do clube. Os mesmos que tentaram demovê-lo da ideia de vender Pedro e Gilberto.

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Mário sabe que o maior desafio da sua gestão é impedir que o Fluminense se afunde ainda mais em dívidas. Mas para isso terá de entregar ao sofrido torcedor tricolor um time tecnicamente abaixo das tradições tricolores. A do ‘bom, bonito e barato’. Essa política, inclusive, assombrou a catastrófica gestão de Pedro Abad.

E agora, Mário está pressionado pela pandemia. Por isso, ele decidiu priorizar a saúde financeira do clube, mesmo se vier outro ano de jejum de títulos. A negociação de Gilberto rendeu apenas 3 milhões de euros (R$18,7 milhões). Como o Fluminense tinha 50% dos direitos econômicos, receberá somente R$ 9,3 milhões. Ou seja, migalhas.

Mário Bittencourt já avisou agentes e empresários que negociar com o Fluminense. Não há atleta que o clube não aceite vender. Nino está sendo oferecido no mercado. Está sendo avaliado por clubes da Espanha e França. Miguel é outra promessa que o clube aposta para esta temporada. Mas se surgiu uma oferta, o jogador vai embora.

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Enquanto isso, o Fluminense tenta se livrar de Paulo Henrique Ganso. São R$ 400 mil mensais. E não conseguiu se firmar como titular. A assessoria do clube avisou que o jogador segue nos planos do técnico Odair Hellmann. Mas a coluna mantém a apuração. Ninguém quer o camisa 10 nas Laranjeiras. Afinal, o fraco futebol com a camisa tricolor desestimula interessados.

A esperança é faturar nesta janela de transferência para a Europa. Não há mais empolgação no departamento de futebol do Fluminense. A preocupação de Mário Bittencourt é sustentada pelas inúmeras contas e contratos pessimamente feitos pela antiga gestão. Mas a falta de criatividade de Paulo Angioni só faz aumentar o desejo de economizar do presidente.

Aliás, a ordem do presidente é investir em garotos da base. Existe, no entanto, uma cavada gigante para Edílson, que está livre no mercado, reforçar o Fluminense. Mas é uma aposta alta. Ele custava R$ 500 mil mensais aos cofres do Cruzeiro. E hoje, esse valor é inviável. O ‘bom, bonito e barato’ já domina o Fluminense. E será assim durante o resto de 2020.

CURTINHAS:

Marcos Paulo é a bola da vez para deixar o Fluminense (Foto: Lucas Merçon /Fluminense)

TEM QUEM GOSTE! Gilberto será sempre lembrado pela sua raça e dedicação em campo. Além disso, também demonstrou ser uma excelente arma ofensiva, rendendo muitos gols durante sua passagem de dois anos e meio no Fluminense.

COM QUE ROUPA EU VOU? Gilberto vendido. Jogadores se lesionando na véspera de estrear no Campeonato Brasileiro. Todo ano é a mesma história. E quem acaba entrando em campo? Os garotos que não tiveram tempo de jogo no Carioca. Eterno “planejamento” do Fluminense.

NUNCA CORNETEI: Você é um daqueles que xingava Gilberto todo jogo, falava “como o Fluminense tem um cara desses como jogador” e agora está triste com saída dele? Vem aqui e me dá um abraço.

SEMPRE CORNETEI: Novo contrato de Wellington Silva com Fluminense vai até junho de 2021. O acordo prevê opção de extensão por mais uma temporada. Estou impressionado com a quantidade de terraplanistas nas Laranjeiras.

DEU NO NETFLU! Paulo Brito, um dos repórteres mais bem informados da cobertura do Fluminense, apurou que o verdadeiro patrocinador master, neste ano, é o departamento jurídico. Em acordos, o clube já conseguiu liberar quase R$ 50 milhões. A maior parte do dinheiro oriundo do caso Wellington Nem.