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Jogador deixa futebol, vira empreendedor e hoje fatura mais de R$ 1 milhão por mês: conheça Diego Manoel

Diego Manoel
Foto: Arquivo Pessoal

Nem sempre o sonho de se tornar um jogador de futebol profissional, atuando em grandes clubes do Brasil e até da Europa, é possível. O caminho é longo e rodeado por diversos obstáculos que podem atrapalhar o desenvolvimento do atleta, por melhor que seja tecnicamente.

No Brasil, o investimento no esporte é escasso, e muitos jovens atletas com potencial acabam tendo que abandonar a carreira por falta de oportunidade. A maioria dos clubes trabalha com pouco dinheiro e tempo, e isso reflete em muitas histórias de talentos desperdiçados. Um destes casos é do ex-lateral direito Diego Manoel. Para ele, porém, a história acabou tendo um final feliz, só que em outra “modalidade” e o Esporte News Mundo conta tudo nesta entrevista exclusiva.

Diego sempre amou futebol e seguiu seu sonho de ser jogador, na cidade de Joinville (SC). Fez sua categoria de base toda no clube e era apontado como umas grandes joias dali. Tinha o desejo de ajudar sua família através do futebol, mas, aos 17 anos, já veio o primeiro baque.

“Em 2009, quando o Joinville estava sem série, eu estava no sub-20 e tinha assinado meu primeiro contrato profissional. Em um jogo do catarinense sub-20, eu acabei machucando meu joelho, e ali eu não tinha muita noção da gravidade da lesão, eu tinha só 17 anos. Fiz a cirurgia e como tudo estava acontecendo muito rápido na minha vida, eu achei que a qualquer momento iria voltar a jogar, estaria em clube grande. Então, eu acabei não dando a devida atenção ao pós-operatório”, explicou.

Foto: Arquivo Pessoal

Assim, o retorno aos treinos, já fazendo pré-temporada com o Profissional, no início de 2010, foi difícil. “Eu estava sentindo que não estava bem”, contou. Foi aí que em um dos treinos, ele lesionou novamente o mesmo joelho. Agora, a situação foi pior e acabou passando cerca de um ano somente se recuperando.

Com o tempo passado, mudanças aconteceram no clube e ele já não era mais visto como uma joia lá dentro. Tanto que teve de retornar à base, mas pouco tempo depois a diretoria acabou o desligando do Joinville. Foi o segundo baque. Ainda assim, por sorte, um grande amigo acabou o ajudando e dando uma nova oportunidade, em outro estado.

“Sérgio Ramirez sempre foi considerado um paizão pra mim, ele quem me subiu pro Profissional. Logo quando saí do Joinville, ele foi a primeira pessoa que liguei. Foi aí que ele disse que meu potencial era muito grande para ficar rodando clubes em Santa Catarina, e me levou ao Coritiba para uma avaliação”.

Após ser aprovado, ficou jogando no sub-20 do clube, com regularidade e com a renovação engatilhada. Quando num “Paratiba” – como é conhecido o clássico entre Paraná e Coritiba – machucou o músculo posterior da coxa, tudo mudou. Para seguir lá, contou que era obrigatório que jogasse o Brasileirão sub-20, que naquela época ocorria no final do ano. Com o problema físico, os planos foram frustrados.

Aí, rodou por equipes do interior de São Paulo até chegar no Guarani de Palhoça (SC), onde subiu à Primeira Divisão estadual. Com o sucesso da campanha, seu empresário prometeu conseguir contrato com algum clube maior. A demora, porém, fez com que o atleta ficasse seis meses inativo, e foi neste momento que começou a refletir sobre a carreira, em 2012

“Eu carregava o status de jogador profissional de futebol, mas a realidade era bem diferente do que se vê na TV”, desabafou. Sem renda, viu uma oportunidade com uma amiga e teve experiência com vendas em uma loja de shopping. “Eu me apaixonei, mas o desejo de continuar buscando meu sonho continuava. Eles até queriam que ele ficasse, mas retornou ao futebol por mais três anos.

Neste intervalo, jogou no Fluminense (SC), time em que mais atuou profissionalmente. A realidade, entretanto, batia na sua porta, e os baixos salários não ajudavam. Uma conversa com sua mãe – que o apoiou no que decidir- foi o que restava para abandonar o esporte definitivamente.

Começou a trabalhar em uma loja de acessórios para celular e ganhou o cargo de gerente poucos meses após seu início no ramo. Em 2016, com um aporte inicial de seu sogro, abriu seu próprio empreendimento.

Começando de baixo, conseguiu crescer bastante e várias filiais foram abertas, expandindo os negócios e o faturamento. Hoje, Diego trabalha com grandes fornecedores, sendo até mesmo uma empresa autorizada da Apple no Brasil, como revelou ao ENM.

A primeira delas foi aberta em Mafra, cidade no planalto norte catarinense e ganhou, rapidamente, sua clientela. Os negócios fluíam e Diego observou a carência do mercado por uma loja em rede no segmento com produtos e atendimento iguais entre si e diferentes entre qualquer outra. Foi assim que surgiu a CellCenter.

Neste ano, a empresa comprou a marca IT Case, passando a ter este nome a partir de agora. Atualmente, são 10 lojas e 18 franqueados espalhados por todas as regiões do Brasil. “Faturamos mais de R$ 1,5 milhão entre vendas, ramais e “smartmoney”, vendendo a expertise do modelo e agregando ainda mais valor à marca”, conta.

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A rede é bem diversificada e, segundo o ex futebolista, consegue atrair uma variedade de pessoas que procuram tecnologia. “Nós conseguimos abranger muito público. Aquele que quer uma capa e película pro seu aparelho, mas que também quer um celular, um público gamer e também que quer uma casa inteligente“, detalhou.

Ainda assim, a vida como jogador seguiu o ajudando, tendo como sócios na empresa pessoas que conheceu através do futebol. O seu primeiro colaborador, inclusive, era jogador profissional e, quando resolveu parar, teve a ajuda de Diego. “Nós, juntos, transformamos a loja com resultados expressivos. Depois, quando comecei a abrir mais lojas, fiz a proposta para ser meu sócio.”

Agora com 30 anos, a paixão pelo futebol segue viva em seu coração, jogando futebol de 7 no Joinville. São-paulino de coração, não é muito de ir em estádio, mas em 2022 esteve pela primeira vez no Morumbi, assistindo à vitória tricolor de 1 a 0 em cima do Palmeiras, pela ida das oitavas de final da Copa do Brasil.

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Perguntado pelo ENM sobre como o futebol pode ser menos desigual e ajudar mais os atletas, Diego Manoel foi direto ao dizer que falta apoio. “Ter mais apoio, estes clubes menores precisam de apoio de empresas, Prefeitura. Também é preciso diretores mais sérios, comprometidos. Às vezes, em algumas situações, a Prefeitura e empresas da cidade ajudam, mas ao invés dos diretores repassarem aos atletas, eles acabam ficando com o dinheiro.”

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