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Juventus divulga longo comunicado e detalha próximos passos após saída da diretoria

Juventus
Divulgação/Juventus FC

Como se os bastidores já não fossem tranquilos o suficiente na Juventus na atual temporada, a situação ficou ainda mais crítica com a saída de toda a diretoria. Na tarde desta segunda-feira (28), noite na Itália, todos os integrantes do Conselho de Administração do clube piemontês formalizaram renúncia de seus cargos. Com isso, o presidente Andrea Agnelli deixa o comando após 12 anos, acompanhado do vice-presidente Pavel Nedvěd e dos outros integrantes da direção: Laurence Debroux, Massimo della Ragione, Katryn Flink, Daniela Marilungo, Francesco Roncaglio, Giorgio Tacchia e Suzane Keywood. O diretor administrativo Maurizio Arrivabene também renunciou, mas fica como CEO da equipe e principal responsável enquanto um novo conselho é formado nos próximos meses.  O diretor-geral nesse período será Maurizio Scanavino, magnata dono do grupo de comunicação GEDI.

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Tais saídas ocorrem em meio a um cerco mais forte da Justiça italiana sobre as finanças da Juve. O grupo diretivo está sob investigação, com denúncia da Promotoria sob a acusação de fraude contábil, além do Ministério Público de Turim pedir a prisão domiciliar de Agnelli há algumas semanas. Todo esse cenário resultou na revisão do orçamento e na assembleia com os acionistas remarcada para o próximo dia 27 de dezembro, aproximadamente em um mês.

Abaixo, leia o comunicado divulgado pela Velha Senhora em seu site oficial*.

“O Conselho de Administração da Juventus Football Club S.p.A (Share Purchase Agreement, ou Contrato de Aquisição de Ações, em tradução livre) (a “Sociedade” ou “Juventus”), que se reuniram hoje sob a presidência de Andrea Agnelli, obtiveram novos pareceres jurídicos e contábeis dos peritos independentes designados para avaliar os pontos críticos apontados pelo Consob (Comissão Nacional das Sociedades e Bolsa, em tradução livre) nos termos do artigo 154 do TUF (Texto consolidado das disposições sobre intermediação financeira, em tradução livre) sobre as demonstrações financeiras da Sociedade em 30 de junho de 2021, examinou novamente as contestações do Ministério Público no Tribunal de Turim, as carências e questões críticas identificadas pelo Consob e as conclusões levantadas pela Deloitte & Touche S.p.A, empresa de auditoria da Juventus.

Com referência às questões críticas relativas às chamadas “manobras salariais” realizadas nos exercícios de 2019-20 e 2020-21, o Conselho de Administração constatou que se trata de perfis complexos relativos a elementos de avaliação suscetíveis de diferentes interpretações quanto ao tratamento contábil aplicado e considerou cuidadosamente os possíveis tratamentos alternativos. Em resultado destas análises e avaliações globais, embora o tratamento contábil adotado se enquadre no permitido pelas normas contábeis aplicáveis, a Sociedade, em uma abordagem mais prudente, tem:

  • desde já decidido rever em alta a estimativa da probabilidade do cumprimento das condições de permanência no elenco para os jogadores que, no biênio 2019-20 e 2020-21, renunciaram a parte das remunerações e com os quais as integrações salariais ou foram posteriormente concluídos os “bônus de lealdade” (respectivamente, em julho/agosto de 2020 para a primeira denominada “manobra salarial” e em setembro de 2021 para a segunda denominada “manobra salarial);
  • com fundamento na referida possibilidade de adoção de métodos contábeis alternativos legítimos, avaliados para iniciar a contabilização pro-rata temporis (proporcional ao tempo) dos encargos relativos aos complementos salariais de julho/agosto de 2020 (para a primeira denominada “manobra salarial”) e ao chamado “bônus de lealdade” de setembro de 2021 (para a segunda denominada “manobra salarial”) a partir da data de início mais remota de uma denominada “obrigação construtiva” hipotética pelos especialistas independentes (e assim, respectivamente, a partir de junho de 2020 e maio de 2021).

Tais revisões de estimativas e pressupostos resultam portanto em ajustes nas estimativas de encargos referentes ao final de junho de 2020, final de junho de 2021 e final de junho de 2022 devido aos subsídios salariais assinados em julho/agosto de 2020 e ao “bônus de lealdade” firmado em setembro de 2021, prevendo o regime de competência pro-rata temporis (proporcional ao tempo, em português), segundo a chamada “abordagem linear” (que é uma das abordagens permitidas pelas normas contábeis), com efeitos a partir de junho de 2020 e maio de 2021, respectivamente; os efeitos desses ajustes são essencialmente nulos nos fluxos de caixa e na dívida financeira líquida, tanto dos exercícios anteriores como do recém-finalizado e dos exercícios futuros, e não são materiais nos capitais próprios a 30 de junho de 2022. Os efeitos contábeis do referido acima serão refletidos em um novo projeto de balanço financeiro e em um novo balanço consolidado em 30 de junho de 2022, que serão examinadas e aprovadas em uma próxima reunião do Conselho, divulgadas ao mercado na forma da lei e submetidas à Assembleia Geral já convocada para 27 de dezembro de 2022.

Assim, o Conselho de Administração aprovou por unanimidade o comunicado contendo as considerações sobre os balanços de 30 de junho de 2022 solicitadas pela Consob nos termos do artigo 114, parágrafo 5º, do TUF, disponível no sistema de divulgação de informação regulamentada “1Info” (www.1info.it) e no site da Sociedade (www.juventus.com), na seção “Investidores”.

Os administradores ainda solicitaram aos órgãos internos da Sociedade, com particular destaque para a atividade da Área de Esporte, que concluam as análises e procedam à implementação o mais brevemente possível do já iniciado processo de continuação da implementação e melhora dos procedimentos e dos controles de forma a contribuir com o processo de fortalecimento das práticas contábeis voltadas à mensuração e contabilização dos ativos e operações da Sociedade.

Diante do considerado acima, a fim de fortalecer a gestão da Sociedade, o Conselho de Administração deliberou conferir a indicação de Diretor-Geral ao doutor Maurizio Scanavino. Em anexo a este comunicado de imprensa está o currículo do Dr. Scanavino.

Adicionalmente, os membros do Conselho de Administração, considerando a centralidade e relevância das questões legais e técnico-contábeis pendentes, entenderam ser do melhor interesse social recomendar que a Juventus adote um novo Conselho de Administração para tratar destes temas.

Para tal fim, por proposta do presidente Andrea Agnelli e por consentir que a decisão sobre a renovação do Conselho seja submetida à Assembleia dos Acionistas, todos os membros do Conselho de Administração presentes na reunião declararam que renunciaram às suas funções.

Pelas mesmas razões, cada um dos três conselheiros titulares de direção (o presidente Andrea Agnelli, o vice-presidente Pavel Nedvěd e o diretor administrativo Maurizio Arrivabene) consideraram oportuno entregar os poderes conferidos ao Conselho. Todavia, o Conselho solicitou a Maurizio Arrivabene que mantenha o cargo de CEO.

Pelo exposto, a maioria dos administradores em exercício deixou de existir e, portanto, nos termos da Lei e do Estatuto, o Conselho de Administração deve se considerar extinto. O Conselho continuará sua atividade em regime de prorrogação até a Assembleia dos Sócios convocada para 18 de janeiro de 2023 para a nomeação do novo Conselho de Administração (com exceção da administradora Daniela Marlilungo, que renunciou com declaração em separado, ver mais informações abaixo). A Juventus continuará a colaborar e cooperar com autoridades supervisoras e setoriais, sem prejuízo da proteção de seus direitos em relação às controvérsias levantadas contra os balanços financeiros e comunicados de imprensa da Sociedade, do Consob e do Ministério Público.

Refere-se, com base no artigo A.2.6.7. das Instruções ao Regulamento dos mercados e geridos pela Bolsa de Valores Italiana S.p.A., que:

  • com referência à renúncia de Daniela Marilungo, ela ocupou o cargo de administradora não executiva e independente da Sociedade, bem como membro do “Comitê de Controle e Risco” e do “Comitê ESG”. A doutora Marilungo justificou a sua demissão sustentando a impossibilidade de exercer o seu mandato com a devida serenidade e independência também, mas não só, pelo fato de entender não ter sido colocada em condições de poder agir informada plenamente para lidar com temas de tamanha complexidade. O Conselho de Administração tomou nota dos comentários da Dra. Marilungo, não concordando com eles. No entanto, o Conselho de Administração agradece a Dra. Marilungo por seus sete anos na Juventus.
  • com base nas comunicações feitas à Sociedade e ao público, nem a Dra. Marilungo nem os outros conselheiros detêm quaisquer ações da Juventus a partir de hoje, com exceção de Andrea Agnelli, que detém até a atual data 96.711 ações da Juventus;
  • o conselheiro Giorgio Tacchia foi nomeado membro do “Comitê de Controle e Risco” em substituição a Daniela Marilungo. Com base nas comunicações feitas à Sociedade, o Dr. Scanavino não detém nenhuma ação da Juventus a partir de hoje.

Curriculum Vitae de Maurizio Scanavino

Maurizio Scavanino, nascido em 1973, é formado em Engenharia de Telecomunicações pelo Politécnico de Turim e desenvolveu sua atividade profissional em vários setores (consultoria, automotivo e editorial) com experiência na Itália e no exterior. Após o início da carreira, primeiro na Accenture (maior empresa de consultoria do mundo) e depois no desenvolvimento de serviços digitais e e-commerce, ingressou no Grupo Fiat em 2004, participando do relançamento da empresa liderada por Sergio Marchionne como Diretor de Brand Promotion (Promotor de Marcas, em tradução livre) com responsabilidade de marketing e comunicação para as empresas Fiat, Alfa Romeo e Lancia.

Em 2007, entrou no setor editorial do grupo como diretor da área digital e marketing da editora de La Stampa (veículo de comunicação italiano), ocupando-se em particular com o desenvolvimento do produto e do portfólio digital e, três anos depois, tornou-se dirigente geral da agência de publicidade Publikompass. Em 2013, mudou-se para o Secolo XIX (veículo de comunicação italiano) onde, na qualidade de Diretor Administrativo, trabalhou na fusão com La Stampa, operação que deu origem à ITEDI, da qual foi nomeado Diretor-Geral. Posteriormente liderou o processo de integração do ITEDI com o Gruppo Espresso, que conduz à constituição do grupo GEDI, um dos principais grupos editoriais europeus. Atualmente, ocupa o cargo de Diretor Administrativo e Diretor Geral do GEDI Grupo Editorial, onde está empenhado em consolidar a posição de líder italiano na transformação digital no setor editorial através de aquisições corporativas e investimentos direcionados.”

*termos em itálico são grifos do Esporte News Mundo.

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