Automobilismo

Latifi relata ‘ameaças de morte’ após acidente na decisão do título da F1

Piloto canadense da Williams sofreu ataques nas redes sociais após ‘decidir’ título da F1.

Foto: Divulgação / Nicholas Latifi

Nicholas Latifi, piloto da Williams, divulgou na terça-feira, 21, uma carta aberta para falar sobre os abusos que sofreu nas redes sociais após seu acidente na última corrida da temporada da Fórmula 1. A colisão do canadense causou o Safety Car que acabou decidindo o título do ano após muita polêmica.

(Divulgação / Formula 1)
Carro de Latifi da Williams após acidente na volta 56 (Divulgação / Formula 1)

No seu texto, divulgado nas redes sociais e em seu site oficial, Latifi descreve como foi seu pensamento logo depois da bandeirada, sabendo que sofreria ataques mesmo sendo um acidente:

— Voltando ao fim de semana da corrida, assim que foi dada a bandeirada final, eu sabia como as coisas seriam nas redes sociais. O fato de eu sentir que seria melhor deletar os aplicativos do Instagram e do Twitter do meu celular por alguns dias fala tudo que nós precisamos saber de como o mundo online pode ser cruel.

Com conhecimento desse revés que sofreria, Latifi destacou que sabe que “ter uma pele grossa é uma parte gigantesca da vida de um atleta”, pois sempre está numa posição de “ser julgado”. No entanto, sua surpresa foi com a intensidade dos ataques, deixando de ser opiniões e inclusive incitando ameaças de agressão física e até mesmo de morte:

— A recorrência de ódio, abuso e ameaças nas redes sociais não foram realmente uma surpresa para mim, sendo uma pequena reflexão da realidade do mundo que vivemos atualmente. […] O que me chocou foi os tons extremos de ódio e abuso, e até mesmo ameaças de morte que recebi.

(Divulgação / Williams Racing)
Latifi perseguia Mick Schumacher após uma parada no pit stop (Divulgação / Williams Racing)

O canadense também escreveu sobre a situação do acidente. Isso porque, a colisão com o muro foi durante a disputa pela penúltima posição contra Mick Schumacher, da Haas. De acordo com a carta, muitos reclamaram do número 6 do grid estar competindo por algo que não tem significado:

— Algumas pessoas falaram que eu estava disputando por uma posição que não tinha valor com algumas voltas para o fim. Mas se eu estou correndo pela vitória, pódios, pontos, ou mesmo pelo último lugar, eu sempre darei meu máximo até a bandeirada. Sou o mesmo que qualquer outro piloto do grid nesse quesito. Para aqueles que não entendem ou não concordam, tudo bem. […] Mas para aqueles com essa opinião apenas para instigar ódio, ameaças e violência, não só contra mim, mas contra pessoas próximas a mim, significa que essas pessoas não são verdadeiros fãs do esporte.

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Por fim, o piloto da Williams agradeceu àqueles que o apoiaram durante toda essa situação previsível e espera que os acontecimentos depois do GP de Abu Dhabi o ajudem a espalhar uma mensagem contra o ódio e abusos nas redes sociais:

— Para todos os fãs que me ajudaram durante essa situação, eu queria mandar um muito obrigado. Li muitas das suas mensagens e agradeço demais. […] Esporte na sua natureza é competitivo, mas deveria aproximar as pessoas, e não separá-las. Se compartilhar meus pensamentos e destacar a necessidade de agir ajudou só uma pessoa, então valeu a pena.

(Divulgação / Nicholas Latifi)
Nicholas Latifi afirmou que ‘uma mensagem negativa afeta mais que 100 positivas’ após ataques (Divulgação / Nicholas Latifi)

Latifi bateu na volta 56 e com o Safety Car, Max Verstappen parou para pneus macios e acabou ultrapassando Lewis Hamilton na última volta da prova, a única com bandeira verde após o acidente. Com ambos os pilotos chegando empatados na última corrida, a preocupação de interferir no campeonato era generalizada. 

Sergio Perez, companheiro de Verstappen, por exemplo, falou após a corrida que estava apreensivo de poder decidir o título, e o mexicano acabou até abandonando a prova por um pedido da Red Bull, evitando uma possível falha no carro. Antes da prova, Lando Norris também disse que não queria “arruinar nada” e que sua corrida não era com os líderes.

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