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Opinião: Lisca “Lúcido” é muito mais que só um personagem folclórico
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É sempre assim. Após um jogo em que Lisca chama a atenção por suas excentricidades, a opinião pública sempre usa do termo “Lisca Doido” para se referir ao treinador do América. Talvez pela sedução das palavras ou necessidade de transformar tudo em melodrama, a análise de muita gente do trabalho do treinador acaba sendo poluída por essa estigmatização. Mas os últimos três anos, o trabalho dele o coloca muito acima da pecha de personagem folclórico.
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Em 2018 é que essa alcunha ficou mais conhecida. Principalmente por suas entrevistas viscerais e comemorações com a torcida do Ceará. Mas foi exatamente neste ano que sua carreira tem uma reviravolta.
Ele é técnico profissional desde 2001, sendo realmente alçado a principal em 2007. Têm passagens destacáveis pelas categorias de base de Grêmio, Fluminense, Internacional e São Paulo, algumas das maiores do país. Depois disso, conseguiu passar por diversos clubes do futebol gaúcho e do sul antes de assumir o Náutico em 2014, seu primeiro grande trabalho.
Depois, perambulou por mais algumas histórias, caiu de gaiato no navio afundado do Inter em 2016, com a missão de salvar o o time em três rodadas. Continuou a carreira até desembocar no Ceará, pior campanha do primeiro turno do brasileiro em 2018 e fazer história logo depois.
Em 2020 assumiu o América, desde lá chegou a uma semifinal da Copa do Brasil elevou a equipe ao quarto Campeonato Brasileiro de pontos corridos do Deca.
Mas não são só os resultados que falam por ele.
O DESEMPENHO DESMANCHA A ALCUNHA DE ‘RETRANQUEIRO’
Erroneamente, muitos tendem a analisar a carreira de Lisca como mais um técnico da escola “retranqueira” gaúcha. Mas a verdade é que isso demonstra um profundo desconhecimento de seu trabalho. A equipe do América está bem longe de ser um time que só se defende.
Baseado nos mais modernos esquemas de jogo do mundo, uma das bandeiras de Lisca é a pressão na saída de bola do adversário. Com uma estratégia quase sempre bem organizada, os jogadores de ataque e meio campo sempre se dispõe a fechar as linhas de passe das equipes adversárias, impedindo a progressão e gerando reatividade já no campo ofensivo.
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Ai entramos no grande dilema da futebol reativo x futebol defensivo. O jogo do américa é sim reativo, mas isso não significa que é defensivo. Todos os passes acontecem na verticalidade, buscando o gol, e o foco é roubar a bola no ataque. O Liverpool campeão da Champions e Premier League também era considerado um time reativo, mas era defensivo. Klopp é retranqueiro?
OS PROBLEMAS DA ESTIGMATIZAÇÃO
Por essas e outras, quando se comenta sobre os trabalhos no futebol, é sempre importante não cair no jogo fácil de estigmatizar um profissional para sempre. Marinho por exemplo, personifica esse problema. Um jogador que virou piada para o Brasil, e que só conseguiu sair dessa posição se recusando a dar entrevistas e em campo sendo o Rei da América.
Sim, ter bons personagens é o que faz o futebol ser o que é. Mas a sua complexidade é que formam o cerne do esporte. Nenhuma pessoa merece conviver com uma placa em cima da sua cabeça o tempo todo apontando seus defeitos ou marcas de sua personalidade.
Lisca é por si só a sua história. 20 anos trabalhando duro para agora conseguir protagonizar um time que disputa a Série A do Campeonato Brasileiro.
Mas será que ele vai precisar agir igual Marinho para que deixem de transformá-lo apenas numa chacota? A verdade é que jogo após jogo o América vai se consolidando como um dos grandes trabalhos do futebol brasileiro. Seriedade, pesquisa, treinamento e muita LUCIDEZ.
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