A sexualidade humana em diversos esportes ainda é, para muitos, tabu de se discutir e até mesmo de atletas se assumirem parte da comunidade LGBTQIA+. Jeff Molina, lutador do UFC, quebrou uma barreira histórica da entidade ao se assumir bissexual.
No entanto, o motivo que o fez revelar sua sexualidade veio de um modo nada agradável para o lutador. Imagens de um vídeo íntimo do lutador ter vazado nas redes sociais causaram repercussão na Internet e fizeram com que o lutador se pronunciasse nas redes sociais para ‘sair do armário’ e contar a sua história para seus seguidores numa postagem do Twitter.
– TLDR (‘too late, didn’t read’s, sigla em inglês para simplificar mensagens de textos longos), sou bi. Não era essa a maneira que eu queria de fazer isso, mas me tiraram a chance de fazer por mim mesmo. Tenho mantido minha vida íntima fora das redes sociais, namorei mulheres a minha vida inteira e suprimi sentimentos que tive desde o ensino médio, quando estive no time de wrestling, faculdade e até chegar ao MMA. E até mesmo quando meu sonho virou realidade e cheguei ao UFC. Sou um cara bastante masculino e esse meu jeito e senso de humor são como eu sou. Imaginar meus amigos, colegas de time e pessoas que eu admiro me olharem de modo diferente por algo que não posso controlar é algo que não quero nem imaginar – escreveu Molina.
– Num esporte em que a maioria dos fãs é homofóbica, não me via fazendo isso durante este momento da minha carreira. Queria ser conhecido pelo que sei fazer e aquilo ao qual dediquei os últimos 11 anos da minha vida. E não ser o ‘cara bi do UFC’. que seria rapidamente entendido como o ‘lutador gay do UFC’. Para a pessoa desprezível que postou isso (o vídeo), espero que tenha valido a pena. No fim do dia, sei qual é meu caráter, minha moral e quem eu sou como pessoa. Do mesmo jeito que tem pessoas que estão me odiando e xingando, estou tendo carinho e apoio e isso é o que importa para mim – completou o peso-mosca.
Jeff Molina é o primeiro lutador vinculado ao Ultimate em atividade a se declarar membro da comunidade LGBTQIA+. E já causou polêmica dentro da organização por conta de um assunto ligado à comunidade quando, para a luta contra Zhalgas Zhumagulov, usou um shorts de luta da organização feito para comemorar o Orgulho LGBTQIA+ em junho passado. Criticado nas redes sociais, tratou de rebater na entrevista pós-luta.
Envolvido em outra polêmica
Mas antes mesmo de assumir a bissexualidade, Molina vem enfrentando os holofotes, mas por um motivo nada nobre. O lutador está suspenso do UFC por conta do envolvimento num suposto esquema de manipulação de resultados de lutas.
O ‘líder’ de tal esquema é seu treinador, o ex-lutador James Krause. Segundo as investigações, Krause estaria usando de sua influência para manipular resultados de lutas do Ultimate em favor de um grupo de apostadores dos quais faz parte. A polêmica se deu depois que uma investigação de uma empresa especialista em apostas esportivas, detectou suspeita numa luta realizada no final de 2022, entre Shaylian Nurerdanbieke e Darrick Minner quando a certas tendências de casas de aposta quanto ao resultado que se mostraram suspeitas.
Krause estava no córner de Minner, que perdeu a luta por nocaute técnico, e a luta teve seu resultado investigado até com participação do FBI. O treinador está suspenso desde então de ter envolvimento com a organização e seus lutadores também estão banidos de participar de eventos do UFC, caso de Molina, punido em dezembro com suspensão da Comissão Atlética de Nevada por estar ‘envolvido de alguma maneira’ com o esquema.