Não poderia haver lugar melhor para o Brasil bater seu recorde em Jogos Olímpicos senão sua própria casa. Na Rio 2016, o Brasil se apresentou com a maior delegação de sua história — 465 atletas. Não era só número, mas também qualidade: a equipe encerrou seus trabalhos na inédita 12ª colocação, batendo seu recorde de medalhas ao conquistar 19 delas. Foram seis de bronze e de prata. De ouro, foram sete.
E, hoje, como estão os atletas e as equipes que envergaram a condecoração dourada no peito? O Esporte News Mundo traz a lembrança e uma análise sobre o atual momento desses medalhistas e quais são suas chances de repetir a conquista em Tóquio 2020.
QUEM FOI MEDALHISTA DE OURO EM 2016
Rafaela Silva
Carioca, Rafaela Silva (-57kg) se tornou a primeira atleta — entre homens e mulheres — a conquistar o lugar mais alto do pódio tanto no Mundial de Judô quanto nas Olimpíadas. Hoje, não podemos fazer qualquer análise prévia sobre a participação dela em Tóquio 2020, já que a judoca está suspensa do esporte, por dois anos, em decorrência de uma punição por doping.
Sem uma de suas principais atletas, a Seleção Brasileira de Judô leva a Tóquio 13 judocas: sete homens e seis mulheres. Entre os homens, veremos cinco atletas em ação em Jogos Olímpicos pela primeira vez (só Rafael Buzacarini e Rafael Siva “Baby” já participaram). É bom ficar de olho neste último, que levou bronze em Londres e no Rio, além de levar prata no último Grand Slam.
No grupo das mulheres, apenas duas estreiam nas Olimpíadas: Larissa Pimenta e Gabriela Chibana. Figuras já bem conhecidas, como Mayra Aguiar — bronze em Londres e no Rio — e Ketleyn Quadros, que, ao conquistar bronze nos Jogos de 2008, se tornou a primeira mulher a medalhar para o Brasil em um esporte individual, em Jogos Olímpicos.
Thiago Braz
O atleta de Marília-SP conquistou o ouro para o Brasil, no salto com vara, na Rio 2016. O saltador, hoje com 27 anos, teve um caminho bastante difícil até o ouro. Por mais que já tenha vencido antes o campeão olímpico Renaud Lavillenie, no torneio indoor staf, em Berlim, Braz sabia que encararia mais um grande desafio ao concorrer de novo contra ele, nas Olimpíadas. Ele não foi a única “pedreira” no caminho: Shawn Barber, campeão mundial em 2015; Sam Kendricks, campeão nos Estados Unidos, e o habilidoso polonês Piotr Lisek marcaram presença.
Na final, Thiago teve que bater o recorde olímpico – que acabara de ser superado, naquela mesma prova – para vencer o francês Lavillenie. O europeu deixou a árdua tarefa de saltar acima de 5,98m para o Brasileiro. Thiago Braz elevou o sarrafo para 6,03m, bateu o recorde e levou o ouro.
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Após o evento de 2016, o paulista de Marília sofreu com atuações instáveis, mas veio retomando o alto nível logo nos últimos meses. No dia 27 de junho deste ano se sagrou campeão no meeting de Leverkusen e bateu sua melhor marca no ano, com 5,82m. Nestas Olimpíadas, deverá ter dois grandes oponentes pela frente: o francês Lavillenie, de novo, e o sueco Armand Duplantis, de 21 anos, recordista mundial.
Robson Conceição
O boxeador, que competia na categoria até 60kg, foi eliminado na primeira rodada de Pequim 2008 e Londres 2012 antes de colocar a medalha de ouro no pescoço em 2016. Hoje, fazendo sucesso em sua carreira profissional, nos Estados Unidos, o baiano de Salvador já tinha descartado participar de Tóquio 2020 em 2017. Conceição objetiva aumentar seus números no boxe profissional e a conquista do Mundial de Boxe. Ele já carrega 16 vitórias e a 15ª posição no ranking mundial.
Antes da vida no boxe olímpico, Robson Conceição teve trajetória difícil. Com pai ausente, já foi vendedor ambulante, feirante, pedreiro etc., antes de começar na luta. Andava 9km por dia para treinar, mas todo seu desenvolvimento era gasto em brigas de rua.
Em 2016, ele encarou uma chave difícil, passando pelo uzbeque Hurshid Tojibaev, com vitória unânime, e depois pelo cubano Jorge Alvares, também unanimemente. Na final, Conceição não deu fôlego ao francês Sofiane Oumiha e deu ao Brasil seu primeiro ouro olímpico na modalidade.
Para Tóquio 2020, a equipe de box brasileira leva sete atletas: três mulheres e quatro homens. O destaque e favoritismo fica por conta da atual campeã mundial Bia Ferreira, que coleciona mais de 20 pódios em competições internacionais. Keno Marley, prata no Pan de Lima (Peru), chama atenção no masculino. O atleta vem brilhando no 1º Grand Prix de Boxe do Brasil e é esperança de medalha. Herbert Conceição também merece olhares, com o recente bronze no Mundial de 2019.
Martine Grael e Kahena Kunze
Em 2016, a dupla manteve a tradição de alto desempenho do Brasil na vela. Na categoria 49er FX, as atletas alcançaram o topo do pódio. Foi a primeira medalha de ouro olímpica de uma dupla feminina brasileira na modalidade.
Mantendo um rendimento incrível desde 2013, elas levam o favoritismo para Tóquio 2020: no período, foram quatro medalhas de prata e uma de ouro em sete edições de campeonatos mundiais; além do próprio ouro na Rio 2016, tiveram um ouro no Pan de Lima 2019 e uma prata em Toronto 2015.
O ano de 2019 foi mágico, com o ouro em Lima e a conquista da Copa do Mundo de Vela, em Miami, nos Estados Unidos. Martine Grael e Torben Grael são os únicos pai e filha campeões olímpicos da história do esporte do Brasil.
Bruno Schmidt e Alison Cerutti
A dupla de vôlei de praia, que alcançou o ouro na Rio 2016 não está mais junta. Desde 2018, Alison se juntou a André Stein, depois Oscar e, por fim e agora, Álvaro Filho. Bruno voltou a fazer parceria com Pedro Solberg e depois se juntou a Evandro.
Juntos, antes de alcançarem o ouro olímpico, ganharam disputas como os Jogos Sul-Americanos, Circuito e Campeonato Mundiais. Em 2016, entraram para a história como a segunda dupla brasileira masculina a levar o ouro na modalidade em Olimpíadas. Na trajetória, encararam Espanha, nas oitavas (2 a 0), depois Estados Unidos (2 a 1), Holanda (2 a 1) e ganharam de Lupo e Nicolani, da Itália, na final (2 a 0). As parciais foram 21/19 e 21/17.
Alison Cerutti vai a Tóquio 2020 ao lado de Álvaro Filho. Mamute, como é carinhosamente apelidado, além do ouro em 2016, tem uma prata em Londres 2012, com Emanuel. Alison e Álvaro saíram da 46ª colocação, se classiicaram a Tóquio 2020, vêm acumulando conquistas em circuitos e são esperanças de medalha na modalidade. Bruno Schimdt faz dupla com Evandro e divide o favoritismo com Alison/Álvaro. Assim como a outra dupla, os dois vêm arrancando resultados consistentes em competições recentes. Bruno, por sinal, tem se superado após passar 13 dias no hospital, com Covid-19, e ter 70% dos pulmões comprometidos.
Seleção Masculina de Futebol
O esporte que mais empolga o povo brasileiro, o futebol, ainda não tinha ouro olímpico até a história mudar, em 2016. O time de Neymar, Gabriel Jesus e Gabriel Barbosa soltou o grito após vencer a Alemanha nos pênaltis, por 5 a 4, depois de empatar em 1 a 1 no tempo normal. Hoje, segundo muitos da opinião popular, a Seleção Olímpica de Futebol desempenha até melhor que a Seleção principal, do técnico Tite, que acabou de perder uma Copa América para a Argentina.
Favorito, o Brasil leva a modalidade muito a sério nas Olimpíadas, diferente de outros vários países. Foi difícil para o técnico André Jardine fechar o elenco — que ainda pode passar por mudanças — já que as Olimpíadas não fazem parte da data FIFA, e os clubes, por isso, não são obrigados a ceder jogadores. Nomes importantes como Gerson, Neymar, Marquinhos, Rodrygo e Vinícius Júnior foram barrados por seus times.
A Seleção conta com o veterano Daniel Alves, lateral-direito e maior campeão da história do futebol mundial. Entre atletas em boa fase no momento, o time leva jogadores como Antony (Ajax), Matheus Cunha (Hertha Berlim), Diego Carlos (Sevilla) e Claudinho (RB Bragantino). Dos atletas que fizeram parte do ouro olímpico, alguns estão em baixa, como o meia Luan e o lateral-esquerdo Zeca, e outros estão em grande forma, como Neymar, Weverton, Marquinhos, Gabriel Barbosa etc.
Seleção Masculina de Vôlei
Sem surpresas. O Brasil é top mundial no vôlei, seja nos Mundiais, Liga das Nações, Pan-Americano ou Olimpíadas. Em 2016, o time de Bruno Rezende, Lipe, Evandro e Lucão, treinado por Bernardinho, vencia o terceiro ouro olímpico do Brasil.
A final foi de uma Seleção Brasileira dominante, que não deixou qualquer brecha para a Seleção Italiana. O placar foi de 3 a 0, com parciais de 25 a 22, 28 a 26 e 26 a 24.
Agora, em Tóquio 2020, a Seleção vem embalada por uma conquista recente de Liga das Nações. O técnico é outro: Renan Dal Zotto, após se recuperar de um longo período internado com Covid-19, comanda uma Seleção estrelada e favorita ao ouro novamente. Lucão, Lucarelli, Maurício Souza, Douglas Souza, Wallace, Bruno Rezende e Maurício Borges são os atletas que estavam em 2016 e podem conquistar o lugar mais alto de novo, pois estão convocados.