O ex-piloto de Fórmula 1, Nelson Piquet, foi condenado nesta sexta-feira (24) a pagar uma indenização no valor de R$ 5 milhões, devido a comentários racistas e homofóbicos proferidos contra o piloto inglês Lewis Hamilton. A decisão foi tomada pelo juiz Pedro Matos de Arruda, da 20ª Vara Cível de Brasília (DF) e cabe recurso.
Na decisão, o magistrado chama a atenção para a figura pública e reconhecida que Piquet é, caracterizando o dano moral coletivo. “Esta ofensa é intolerável. Mais ainda quando se considera a projeção que é dada quando é uma pessoa tão reconhecida e tão admirada como o réu. Assim, tenho que o dano moral coletivo está caracterizado, porque houve ofensa grave aos valores fundamentais da sociedade”, diz um trecho.
Para se chegar ao valor milionário, o juiz se utilizou do fato do ex-piloto ter doado cerca de 500 mil para a campanha à reeleição do então candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL), em 2022. Como a Justiça Eleitoral limita um valor de até 10% dos rendimentos brutos da pessoa que quiser fazer uma doação, Pedro Barros considerou que sua renda anual é de R$ 5 milhões, chegando ao valor da referida indenização.
Segundo a decisão, o valor deverá ser destinado a fundos de promoção de igualdade racial e contra à homofobia. No último dia 8 de março, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) havia pedido a condenação do ex-tricampeão mundial de Fórmula 1 na ação movida pela associação Educafro, Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo e pela Aliança Nacional LGBTI+.
A polêmica entrevista
As ofensas foram ditas durante entrevista ao portal “Grande Prêmio”, dada em novembro de 2021, porém, o caso só tomou notoriedade em junho de 2022. Nela, Nelson Piquet ele chama Hamilton repetidas vezes de “neguinho” e ainda disse que ele, antigamente, estaria “dando mais c…”
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A entrevista está disponível no Youtube através do canal “Motorsports Talk” e contém, atualmente, 355 mil visualizações. As polêmicas vieram em dois trechos separados. Primeiramente, ele é perguntado a respeito do que achava do ex-piloto Keke Rosberg, campeão mundial em 1982.
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“O Keke? Era uma bosta, não tem valor nenhum. É que nem o filho dele, ganhou um campeonato, o neguinho devia estar dando mais c… naquela época, e aí estava meio ruim”, disse, dando risada logo depois. Mais para frente, ele volta à se referir ao piloto inglês como “neguinho”, quando comentava um acidente ocorrido entre ele e o holandês Max Verstappen no circuito de Silverstone, na Inglaterra.
