O Fluminense empatou com o Red Bull Bragantino por 0 a 0, na noite desta segunda-feira (30). Com muitos desfalques, a equipe não conseguiu os três pontos jogando no Maracanã, pela 23ª rodada do Brasileirão. Para Odair Hellmann, seu time melhorou na etapa final.
– No primeiro tempo tivemos mais dificuldades, principalmente nos primeiros 15 e 20 minutos, quando eles conseguiram subir a linha de marcação e a gente teve um pouquinho mais de dificuldade na construção inicial. Depois a gente conseguiu movimentos de saída, que acabou desafogando o jogo do primeiro tempo. Mas acho que as mudanças no intervalo geraram uma característica diferente para o jogo, nos trouxeram novamente para a partida. Acho que criamos mais circunstâncias de finalização no segundo tempo do que no primeiro. Em termos de posse de bola, elas foram muito próximas do adversário. Então é esse arremate final que acabamos ficando, novamente, com um pouquinho mais de dificuldade.
Mas, ele relembrou as dificuldades que o Tricolor tem passado nas últimas semanas.
– Mas por tudo que nós vivemos nas últimas duas, três semanas, nessa semana, penso que a resposta foi positiva. É um ponto a mais. Claro que em casa, temos sempre o desejo de fazer os três pontos. Nos colocaria em uma parte mais acima na tabela. Mas é uma competição de muita dificuldade e que somar pontos a cada rodada é importante para se manter nessa regularidade que a gente está tendo.
Confira outros trechos da coletiva de Odair Hellmann
Desfalques pela Covid-19
A preocupação é grande. O clube e desde o início dessa situação difícil para todas as pessoas e para todo mundo. O clube sempre teve uma postura de preservação certa em todos os sentidos. De retardar o início da competição. De possibilitar todas a situações possíveis para funcionário e atletas que fossem obrigados a voltar a trabalhar pela volta tivessem toda uma estrutura e uma logística. Mas a gente acaba convivendo e socializando com as pessoas. A Covid, pelo que a gente está vendo, está aumentando na comunidade toda e isso não difere no futebol, de nós profissionais. É ruim porque desequilibra a competição, tecnicamente, em todos os sentidos. Quem passa por esse processo tem situações mais difíceis ainda que outras equipes e outras já passaram por isso. Mas nós estamos focados em buscar soluções para tudo isso que está acontecendo. Eu penso que estamos conseguindo, com toda as dificuldades.
Dificuldades desse ano atípico
Claro que as dificuldades normais que os adversário, o Campeonato Brasileiro e o segundo turno impõe, a gente teria com todos os jogadores à disposição. Imagina com toda essa variação que temos que buscar em treinamentos e nos jogos. Mas aqui vale ressaltar todos os jogadores que estão indo para os jogos. Que é o grupo do Fluminense, com muita representatividade. Os jovens, que hoje muitos receberam a oportunidade e deram boa resposta também, em um jogo extremamente difícil. Então é valorizar esse contexto de quem está indo para campo, para dar o seu máximo, com muita dedicação e esforço. Com sua qualidade e personalidade. E nós sabendo que é natural que a gente vai passar por oscilações. Quando você tem uma continuidade, você já tem oscilações. Imagina com essa na repetição e não ter todo grupo à disposição.
Mudanças forçadas na equipe
Quando você tem uma continuidade, você tem oscilações no processo dentro das fases do jogo: às vezes ofensiva, às vezes defensiva. Com o campeonato e ano normal. Com tudo dentro da normalidade, a maioria das equipes dentro do Campeonato Brasileiro, têm as suas dificuldades e oscilações. Imagina em um ano atípico como está acontecendo. A gente passou nas últimas três semanas por muitas transformações de equipes. Por variações táticas, por transformações de características de jogadores. Mas o mais importante que todos conseguiram dar boas respostas mesmo com as dificuldades. E elas vão acontecer, até a gente conseguir retomar novamente todos à disposição. Para retomarmos os treinamentos e todas as opções de variações táticas e características. Mas eu quero ressaltar, os jogadores estão indo para o campo, estamos organizados em todos os momentos da partida.
Oscilações nas partidas
Em alguns momentos a gente acaba oscilado na parte ofensiva. Temos oscilado menos na parte defensiva, porque o movimento ofensivo é um movimento de entrosamento, naturalidade de conhecimento de características. Quanto mais você tem mudanças, mais distante fica esse entrosamento natural que exige para uma continuidade e uma regularidade. Está tudo dentro de uma “normalidade” para tudo isso que estamos vivendo. Eu ressalto aqui a qualidade, a dedicação, o comprometimento de todos os jogadores que estão aptos para jogar e estão conseguindo, mesmo com todas essas dificuldades, dar uma representatividade para aqueles que não estão presentes, para a equipe do Fluminense e o próprio torcedor que quer ver sempre a vitória, como nós queríamos a vitória hoje.
Atuação dos jovens da base
Muito satisfeito, orgulhoso da participação deles, da resposta que eles estão dando. Quando a gente fala nessa transição de base para o profissional, a gente tenta sempre criar o melhor cenário possível para oportunizar esses jovens. O time está muito regular, muito consistente e o jovem recebe a oportunidade dentro do conjunto, do coletivo e ele consegue dar uma resposta muito positiva. Porque a consistência coletiva o protege daquela falta de oportunidade que ele teve antes ou a primeira que ele está tendo. E quando você tem um mexida muito forte na estrutura e acaba tendo oportunizar mais rapidamente, às vezes, muitos jogadores. Quando você mexe na espinha dorsal, e estamos mexendo por obrigação, oportunizar os jovens também pode gerar para eles mais dificuldades.
Saída de Nenê
O que está faltando para que a gente possa potencializar as individualidades é a gente ter novamente a possiblidade de contar com todos os jogadores à disposição. Para que a gente fortaleça a equipe a parte estrutural, tática e coletiva. Ganhe mais opções. Naturalmente se fortalece as individualidades. Então o Nenê está dentro deste contexto. Tá bem, voltou no tempo certo e não está sentindo nada. Mas o que eu precisava ali a partir do segundo tempo, e foi o que aconteceu, já que a gente não conseguiu através de uma construção inicial baixa, de passe, de criar uma superioridade com o Nenê e o Marcos Paulo por dentro. E não conseguimos através da profundidade, poucas vezes, mas não conseguimos através do primeiro movimento tático que eu fiz. Eu precisava de um centroavante para ter aquela imposição por dentro ali. Para deixar o Marcos Paulo entre linhas e ter dois caras agudos ali do lado para que a gente pudesse criar essa imposição. E a gente conseguiu.
Se você olhar os números do segundo tempo, mesmo tendo finalizado pouco, foi mais que o primeiro. Criamos mais volume que no primeiro e fomos melhores que do que o adversário no segundo tempo. Apesar de ter em algum momento sofrido um contra-ataque com uma finalização perigosa. Mas acho que criamos oportunidades, com esse volume, com as características dos jogadores que eu coloquei a partir do intervalo. Então acho que a ideia de fazer essas mudanças foi que o jogo estava expressando isso. Não foi porque o Nenê deixou de voltar ou não. Ele está dentro de um contexto coletivo do que estamos vivendo nessas três semanas. Mas eu preciso avaliar jogo a jogo, tempo a tempo. E o primeiro me mostrou que eu precisava de outras características. Elas entraram e conseguiram dar uma boa resposta para que a gente evoluísse dentro do jogo. Estamos vivendo um momento de exceção na humanidade, na nossas vidas e não vai ser diferentes na nossa profissão. Temos que ter um pouco de calma nas avaliações.
Campanha do Fluminense
Estamos na parte de cima da tabela desde o início do campeonato, estamos bem. Ainda não acabou, não ganhamos nada, mas estamos bem. Precisamos continuar para olhar para trás e ver que conseguimos. Para isso, precisamos de tranquilidade e frieza. Seja na avaliação de um jogador, de um jogo, da parte tática. Eu, como treinador, preciso ter isso.