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Perícia oficial não consegue identificar as palavras de Rafael Ramos para Edenilson

Photo by Silvio Avila/Getty Images

No duelo entre Internacional e Corinthians, no dia 14 de maio, uma acusação grave acabou tirando o foco do empate por 2 a 2. Durante a partida, o meio-campista colorado, Edenilson, acusou o lateral-direito do Timão, Rafael Ramos, de ter cometido injúria racial, o chamando de macaco. E, nesta quarta-feira (08), a perícia oficial, que trabalha para a Polícia Civil gaúcha, chegou a um veredito sobre as imagens.

Após diversos desdobramentos, com análises apontadas por diferentes especialistas, a perícia oficial finalmente deu um parecer final. E, apesar das acusações de Edenilson e defesa de Rafael Ramos, se chegou a conclusão de que, as imagens disponíveis, impossibilitam determinar com precisão o que de fato foi dito pelo lateral, podendo ser “lida” de várias maneiras sem nenhuma certeza.

A análise foi feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul. O laudo entregue a Polícia Civil gaúcha conta com mais de 40 páginas, em que são apresentadas as possibilidades de fala e os motivos para a decisão ter sido por considerar como “inconclusiva” a análise, já que seria impossível determinar com precisão o dito pelo atleta.

O principal argumento, para a perícia decidir desta forma, foi que não foi possível determinar o dito por Rafael Ramos pois as falas e gestos deles ocorreram, principalmente, na “porção interna da cavidade oral”. Diante disso, conforme revelado pelo portal “GE”, ficou determinado que “é impróprio que a perícia criminal oficial do Estado afirme, com responsabilidade do ponto de vista processual e científico, o que foi proferido.

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Com esse cenário, então, a delegada Ana Luiza Cardoso aponta que o caso deve acabar não tendo indiciamento contra Rafael Ramos, por conta da indefinição da perícia. O processo, todavia, segue ocorrendo no âmbito desportivo, com ambos já tendo prestado depoimento junto ao STJD.

Confira abaixo a nota oficial na íntegra do IGP do Rio Grande do Sul:

O Instituto-Geral de Perícias remeteu hoje à 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre o Laudo Pericial sobre o pedido de perícia de leitura labial acerca dos fatos ocorridos em jogo no Estádio Beira Rio em 14 de maio.

Quatro vídeos foram enviados para análise. Um deles foi selecionado, por apresentar maior extensão da cena questionada e melhor qualidade de sinal. As imagens foram tratadas com softwares de melhoramento e apresentaram qualidade suficiente para análise. Da cena questionada, foram extraídos 41 frames.

Não sendo possível identificar os movimentos realizados na porção interna da cavidade oral do jogador de camiseta branca, é tecnicamente inviável localizar todos os vestígios que definem a sequência de consoantes e vogais emitidas. A maior parte dos gestos que compõem a fala ocorrem justamente no ambiente intraoral ou em outras porções internas, como a faringe e a laringe. Nem em vídeos com excelente qualidade de imagem é possível obter as informações do que se passa na parte não visível do aparelho fonador.

Sobre o pedido de exame pericial de leitura labial, ressalta-se que não foi encontrada metodologia científica, aplicada à análise forense de vídeos, que sustente esse tipo de trabalho. Existem apenas publicações sobre percepção visual da fala e aprendizagem de leitura labial. Além disso, o registro enviado não possui o som das falas que interessavam à investigação, tornando impossível a perícia de áudio.

Por essas razões, é impróprio que a perícia criminal oficial do Estado afirme, com responsabilidade do ponto de vista processual e científico, o que foi proferido pelo jogador na cena questionada. O laudo afirma que “sem que haja o respectivo sinal sonoro para realização de adequada análise percepto-auditiva e acústica, é conceitualmente inviável a definição confiável e inequívoca da pauta sonora proferida por um indivíduo a partir, exclusivamente, das informações relativas aos gestos articulatórios componentes que sejam exteriormente visíveis (como os de lábios e mandíbula)”. O documento afirma ainda que “resultados advindos da tentativa de mapeamento do que teria sido enunciado por um locutor questionado em uma imagem sem o áudio de fala associado (e consequente sinal acústico) seriam meramente exploratórios, representando muito mais conjecturas em torno de possibilidades anatomofuncionais do que evidências materiais per se“.

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