O Vasco conheceu contra o Fluminense, no último sábado, a sua primeira derrota no Campeonato Brasileiro e também sob o comando de Ramon Menezes. Eram, até então, sete jogos sem perder, sendo quatro pela principal competição nacional. O 2 a 1 sofrido no clássico não é o fim do mundo, é claro, mas deixou algumas lições para o clube e o técnico.
É preciso, primeiro, contextualizar que o time tinha três importantes desfalques: Vinícius, Andrey e o seu substituto natural Bruno Gomes. Mas isso também aponta para a importância de qualificar o elenco cruz-maltino, apesar de Ramon ter dito estar satisfeito com o atual grupo que tem em suas mãos.
A ausência de Andrey foi a mais sentida. Também sem Bruno Gomes, Ramon recuou Fellipe Bastos e colocou Carlinhos de titular. Mas as opções não se mostraram efetivas. A dupla, principalmente Bastos, não fez um bom jogo e o Vasco teve muitos problemas na saída de bola, principalmente no começo da partida, quando o Fluminense pressionou o Cruz-Maltino na sua área. O próprio Ramon reconheceu que o time teve dificuldade na saída de jogo.
– Estudamos muito o adversário. Tomamos o gol muito cedo, mas depois a equipe buscou o equilíbrio na partida, criamos um pouco mais, melhoramos o posicionamento. Tivemos dificuldade para sair jogando lá de trás, o Fluminense fez uma pressão muito forte com Dodi e Yuri. A gente já sabia disso, mas tivemos uma certa dificuldade – afirmou Ramon em coletiva após a partida.
Sem saída de bola, o Vasco entregava a facilmente a para o Fluminense, que já estava perto da área cruz-maltina. Utilizando principalmente os lados do campo, o Tricolor teve, além do gol logo no começo, outras duas chances para marcar com 10 minutos de jogo.
Não foi a primeira vez que o Vasco começou um jogo, aparentemente, em uma “rotação” abaixo do adversário. Contra o São Paulo, em São Januário, e o Ceará, no Castelão, o Vasco também começou as partidas devagar. Após a derrota para o Flu, o zagueiro e capitão Leandro Castan reconheceu esta falha.
– Nossa equipe entrou desligada. É uma coisa que nós temos que conversar mais para melhorar, estramos sempre desligados. Começamos jogando mal, e hoje, infelizmente, o Fluminense saiu na frente – ressaltou Castan.
Parede também não funcionou
A opção por Guilherme Parede também não surtiu efeito. O camisa 77 pouco apareceu no jogo, que pese o Vasco ter focado boa parte dos seus ataques pelo lado esquerdo, com Talles Magno. No segundo tempo, com a entrada de Juninho e, depois, de Bruno César, o treinador fortaleceu o meio de campo e a equipe foi melhor, ainda que o time tenha seguido sem criar tanto – e, aí, provavelmente pela falta de entrosamento com essa formação.
Assim, Ramon deixou apenas Juninho como homem de marcação, colocou Bruno César e Benítez mais para a frente, Pec e Talles nas pontas e, no final, Ribamar, que surpreendentemente entrou no lugar de Cano, no ataque. Mas foi justamente neste momento que o Fluminense ampliou. Em um contra-ataque, o Tricolor pegou a zaga desarrumada, e Fred foi feliz no seu golaço, que contou com uma contribuição de Fernando Miguel.
Ponto posivito
A nota positiva do jogo foi o bom desempenho de Talles Magno. Até a sua desnecessária expulsão, por ter reagido desproporcionalmente a uma entrada de Igor Julião, o garoto era o melhor em campo pelo Vasco. Mereceu ter marcado o gol que descontou o placar, mas faltou tranquilidade no lance com Julião. Ainda assim, o balanço do desempenho do jovem atacante, que já vinha crescendo nos últimos jogos, é positivo.
Foi apenas o oitavo jogo de Ramon Menezes como técnico do Vasco. A empolgação da torcida era grande pela ótima fase que o time vivia – assim como foram as criticas após a derrota. Pelo calendário apertado, Ramon vai ter pouco tempo para fazer a lição de casa para a partida contra o Santos, na próxima quarta-feira, às 21h30, na Vila Belmiro. Mas pelo menos no discurso, o treinador parece estar ciente do que precisa fazer.
– Todos os jogos trazem lições, você aprende muito. Uma delas é que até então nós ainda não tínhamos começado perdendo o jogo. Tomamos o gol com três minutos de jogo, mesmo assim o time a todo momento buscou a recuperação. Tivemos outras lições, mas vou chegar em casa, ver o jogo novamente, conversar com os atletas e buscar a preparação para o próximo jogo que é mais uma final – finalizou Ramon.