O Draft de 2020 da NFL foi, sem dúvidas, a edição mais anormal na história do evento. Normalmente realizado em uma das 30 cidades que abrigam as 32 franquias da liga, o Draft em 2020 foi totalmente remoto – devido à pandemia da Covid-19 – e teve a casa do comissário Roger Goodell como “palco” principal. No recrutamento, foram escolhidos ao todo 13 quarterbacks, e quatro deles são esperados para serem titulares de suas equipes em 2021.
Justin Herbert – Los Angeles Chargers
Eleito o calouro ofensivo do ano pela NFL, Justin Herbert mostrou seu valor logo na sua temporada de estreia, e provou que tem tudo para ser o sucessor do ídolo Philip Rivers como o quarterback do futuro dos Bolts. Na época do Draft, Herbert foi subestimado por sua timidez e questionado como seria a transição do “tímido universitário” para o “líder profissional” que sua posição exige, e essa incerteza fez com que o quarterback da universidade de Oregon caísse para a 6ª escolha geral.
Porém, Herbert mostrou rápida adaptação ao jogo profissional, disponibilidade física (tendo atuado em 15 dos 16 jogos) e bons números, ainda que os Chargers não tenham alcançado a pós-temporada: obteve o recorde de touchdowns lançados por um calouro (31) e tornou-se apenas o quarto estreante na liga com mais de 4 mil jardas passadas.
Para 2021, a expectativa para o segundo ano de Herbert nos Chargers é, no mínimo, chegar à pós-temporada, pois a tarefa de desbancar os favoritos Chiefs de Patrick Mahomes na AFC West é mais complicada; e o teto é a Rodada Divisional, pois há outros favoritos para chegarem à final da Conferência Americana. A expectativa também está no trabalho da nova comissão técnica, encabeçada por Brandon Staley, ex-coordenador defensivo do Los Angeles Rams e responsável pela melhor defesa da liga (296 pontos cedidos) em 2020.
Com a defesa melhor treinada e, assim, ajudando seu ataque – que agora conta com Rashawn Slater, escolha de primeira rodada no Draft de 2021 reforçando a linha ofensiva – a tendência é de melhora significativa para o futuro do time de Justin Herbert, ainda que o sonho de disputar o Super Bowl em casa (SoFi Stadium, dia 13 de fevereiro de 2022) esteja distante.
Joe Burrow – Cincinnati Bengals
Primeira escolha geral em 2020, Joe Burrow foi o calouro com maior expectativa pela imprensa americana na temporada passada. Declarou-se ao Draft após liderar a histórica temporada de 2019 da LSU, que se sagrou campeã do College Football contra a temida Clemson de Trevor Lawrence. Naturalmente, os holofotes estavam todos apontados ao quarterback selecionado pelo Cincinnati Bengals.
Burrow começou a temporada com números individuais expressivos e que confirmaram-o como favorito para disputar o prêmio de calouro ofensivo do ano. Em 10 jogos, foram 2688 jardas passadas, 13 touchdowns lançados e apenas cinco interceptações, mas a disputa acabou na semana 11, quando sofreu um sack e lesionou sua perna esquerda contra Washington. Esse fato expôs a principal necessidade dos Bengals (reforçar a linha ofensiva e proteger seu QB do futuro), mas acabou gerando o maior dilema do Draft de 2021.
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Com a 5ª escolha geral, a franquia de Cincinnati teve que selecionar uma peça ofensiva para ajudar seu quarterback, e as opções eram: Penei Sewell, offensive lineman de Oregon considerado pelos analistas americanos um talento geracional na posição, ou Ja’Marr Chase, wide receiver de LSU e companheiro de Burrow na vitoriosa temporada universitária em 2019. Chase foi o selecionado (com méritos, pois era o melhor recebedor da classe) para reeditar a dupla, mas o investimento na linha ofensiva foi deixado apenas para a segunda, quarta e sexta rodada do Draft.
Para esta temporada, as expectativas para os Bengals seriam as mesmas se tivessem selecionado Penei Sewell, pois o mínimo que podem chegar é ter outra escolha alta no Draft de 2022 e continuar o trabalho de reconstrução da franquia, e o teto é tentar algumas vitórias contra seus três rivais de divisão (Pittsburgh Steelers, Baltimore Ravens e Cleveland Browns, todos se classificaram aos últimos playoffs), sem perspectiva maiores, por enquanto. Para Joe Burrow, a preocupação maior é como ele voltará da lesão e se os baixos investimentos na linha ofensiva serão suficientes para que ele não sofra no backfield e que, no futuro, consiga conduzir o Cincinnati Bengals para a primeira vitória em pós-temporadas desde 1991.
Tua Tagovailoa – Miami Dolphins
Estima-se que apenas 10% da população mundial seja canhota, mas esta proporção é ainda menor entre os quarterbacks da NFL. Em 2021, Tua Tagovailoa continuará sendo o único passador que usa o braço esquerdo entre os 32 titulares. Com piso de Tim Tebow, ex-QB da universidade da Florida e que não conseguiu adaptação ao jogo profissional, e teto de Steve Young, ídolo do San Francisco 49ers e considerado o melhor QB canhoto da história da liga, Tagovailoa já é um dos jogadores mais pressionados para esta temporada.
Titular em 9 dos 16 jogos do Miami Dolphins em 2020, o ex-quarterback de Alabama estreou na semana 8 e foi fundamental na sequência de três vitórias consecutivas, que colocou os Fins na disputa por uma vaga nos playoffs. Porém, as derrotas para Denver na semana 11 e para Buffalo na semana 17 foram atuações contestadas de Tua, com poucas tentativas de passes longos e má leitura de defesas – que resultou em três interceptações e na eliminação contra os Bills.
Para 2021, a expectativa é que a comissão técnica de Brian Flores, candidato a treinador do ano, torne frequente as boas atuações que Tagovailoa teve contra os Rams em sua estreia como titular, contra os Cardinals na semana 9 e contra os Patriots na semana 15. Para ajuda-lo no ataque, foram selecionados no Draft de 2021 o offensive tackle Liam Eichenberg, o tight end Hunter Long e Jaylen Waddle, wide receiver que foi seu colega em Alabama.
Com uma equipe bem treinada, melhorada para esta temporada e com o calendário mais acessível do que em 2020, espera-se que, no mínimo, os Dolphins enfim retornem aos playoffs após quatro anos de ausência, e que cheguem, no máximo, à Rodada Divisional pois, assim como o Los Angeles Chargers, ainda é difícil desbancar os favoritos à final da Conferência Americana – principalmente os Bills de Josh Allen na AFC East. Terreno fértil, grande mercado consumidor e reedição de dupla vencedora com Jaylen Waddle é a fórmula para que Tua Tagovailoa faça valer o investimento de 5ª escolha geral feito pelo Miami Dolphins em 2020.
Jalen Hurts – Philadelphia Eagles
Se no sudeste dos Estados Unidos está Jaylen Waddle, na cidade do amor fraternal está o wide receiver DeVonta Smith, atual vencedor do troféu Heisman – equivalente ao MVP do futebol americano universitário – e ex-companheiro de Waddle em Alabama. Smith chega ao Philadelphia Eagles para ser protagonista no ataque de Jalen Hurts, outro quarterback selecionado em 2020.
Embora tenha atuado em 15 dos 16 jogos, Hurts foi titular em apenas quatro deles, e seu recorde iniciando uma partida é de 1 vitória e 3 derrotas. Nos outros 11 jogos, foi acionado apenas para resolver a instabilidade do talismã Carson Wentz, que atualmente está no Indianapolis Colts após a última temporada ruim em Philadelphia. E estabilidade é o que os Birds precisam na posição, coisa que não ocorre desde 2018, quando Wentz retornou da lesão no joelho e até hoje não se recuperou.
Nesta pré-temporada, Hurts mostrou personalidade ao trocar sua camisa nº 2 para a nº 1, transmitindo a imagem de quarterback titular. Para lhe ajudar no time, há ainda alguns nomes remanescentes da vitoriosa temporada de 2017, como o tight end Zach Ertz, o center Jason Kelce e os defensores Fletcher Cox, Derek Barnett e Brandon Graham.
A expectativa para o Philadelphia Eagles em 2021 é, no mínimo, uma escolha alta no Draft de 2022 (e pode ser até um quarterback, a depender do desempenho de Hurts), e o teto em Rodada de Wild Card, pois a NFC East é uma das divisões mais imprevisíveis e equilibradas – ainda que nivelada por baixo – da NFL. Mais do que trocar o número da camisa e chamar a responsabilidade para si, Jalen Hurts tem a árdua missão de devolver a esperança e as glórias do passado recente aos fãs dos Eagles.
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Esperança com Justin Herbert, cuidado com Joe Burrow, investimento em Tua Tagovailoa e confiança em Jalen Hurts é o que se espera para a temporada que terá inicio nesta quinta (9). A classe de quarterbacks de 2020 tem tudo para ser promissora em um futuro breve na NFL, assim como a classe de 2018 ja é (com Baker Mayfield, Josh Allen e Lamar Jackson, que fizeram as últimas semifinais da Conferência Americana junto de Patrick Mahomes) e como a classe de 2021 promete ser com Trevor Lawrence, Zach Wilson, Trey Lance, Justin Fields e Mac Jones.
O próximo domingo (12) será repleto de estreias. Às 14h (horário de Brasilia), os Chargers de Justin Herbert visitam o Washington Football Team no FedEx Field; Joe Burrow e os Bengals recebem o Minnesota Vikings no Paul Brown Stadium; E os Eagles de Jalen Hurts visitam o Atlanta Falcons no Mercedez-Benz Stadium. Mais tarde, às 17h25 (horário de Brasília), os Dolphins visitam o New England Patriots no Gillette Stadium, em um duelo que colocará frente a frente Tua Tagovailoa e Mac Jones, ex-quarterbacks de Alabama e agora rivais de divisão na NFL.