A Chapecoense caiu para a lanterna do Campeonato Brasileiro na 12ª rodada. A derrota por 3 a 2 para o Cuiabá, combinada com a primeira vitória do Grêmio no Brasileirão, culminaram na Chape ocupando a tão temida 20ª posição do torneio. Mas o quê aconteceu para o Verdão ocupar a última colocação do campeonato somente agora? Veja abaixo alguns tópicos que marcam a campanha da Chapecoense no Brasileirão 2021 até a 12ª rodada.
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A lanterna era questão de tempo
Talvez a lanterna em si, que acabou se concretizando no último domingo, pudesse ser evitada. Mas com o comportamento do time, dificilmente a Chape chegaria até esse momento do campeonato fora da zona de rebaixamento. O início de campeonato já passou, e cada vez mais a tabela vai ganhando forma. Times que não irão brigar pelo rebaixamento já começam a somar seus pontos, e os clubes que provavelmente irão compor a parte de baixo da tabela já começam a se amontoar entre os 10 últimos. O Grêmio, que é exceção no Z-4, conquistou sua primeira vitória, e mesmo que não esteja em seu melhor momento, deve deixar a zona da degola nas próximas rodadas.
Inconsistência de atuações da equipe
Dar trabalho para os grandes e dar chance aos pequenos? A Chapecoense dá show nesse quesito no início de campeonato. É claro que a intenção não é desqualificar nenhuma equipe, então entenda “pequenos” como as equipes menos tradicionais no Brasileirão. São 12 rodadas e um total de 4 empates e 8 derrotas, com nenhuma vitória. Faltaram chances? Faltaram gols? A verdade é que a equipe é inconsistente.
Dos 4 empates que a Chapecoense teve, 3 foram contra times da parte de cima da tabela. O São Paulo, que aparece em 16º, ainda meio perdido na tabela, mas que deverá subir, foi a única equipe que empatou com a Chape e não se encontra atualmente entre os 10 primeiros colocados. Na lista temos: Ceará, na 7ª colocação, Athletico-PR na 5ª, e pra fechar com chave de ouro, o Atlético-MG, uma das equipes favoritas ao título, na 2ª colocação. Exatamente, a Chape empatou com o vice-líder do campeonato. E não foi sorte, na verdade, foi provavelmente a melhor partida do Verdão no campeonato, e não seria injustiça se a atuação fosse coroada com uma vitória, o que quase aconteceu. Contra o Ceará, as duas equipes produziram muito pouco, para não dizer que foi um jogo horroroso e com poucos lances de emoção. Contra o Athletico-PR, a Chape não foi tão bem, mas conseguiu um empate praticamente no último minuto, o que, convenhamos, é um grande feito contra o Athletico na Arena da Baixada, em Curitiba.
O que falta é a consistência: repetir as boas atuações desses jogos, mas contra os menores. Ok, o calendário não ajudou muito: dos 8 primeiros colocados, a Chapecoense já enfrentou todos (e somou 3 dos 4 pontos até agora). Pois bem, o Bahia, 8º colocado, dominou o jogo contra a Chapecoense em plena Arena Condá, mas a defesa resistiu bem, até os 22 minutos do segundo tempo, quando levou o primeiro gol, e em menos de 3 minutos depois, sofreu o segundo.
O Cuiabá, fora dessa lista de 8 melhores, se aproveitou de erros defensivos (outro problema sério da equipe), e conseguiu uma virada nos minutos finais. A equipe mato-grossense agora se encontra na 15ª posição. Depois do duelo contra a Chape, o Cuiabá também venceu o Atlético-GO, em uma de suas partidas atrasadas. O Verdão do Oeste simplesmente desperdiçou um caminhão de oportunidades de matar este jogo, no duelo que valia diretamente a posição de lanterna para o derrotado. Os exemplos citados são de equipes em posições inferiores às que cederam empates à Chape, o que demonstra uma grande inconsistência no time. Não adianta jogar muito contra os gigantes e não jogar nada contra os menores.
Ataque produz, mas não consegue suprir o prejuízo defensivo
Um dado muito interessante, que dá uma gota de esperança ao torcedor Condá, é o seguinte: dentre os 10 últimos colocados, a Chapecoense, ao lado do Internacional, é o segundo time que mais marcou gols. Com 11 gols cada um, os dois times, atrás apenas do Cuiabá, foram os times da parte de baixo da tabela que mais balançaram as redes até agora. Infelizmente, a Chape também lidera um outro quesito, esse nem tão animador: com 23 gols sofridos, o Verdão possui a defesa mais vazada do Brasileirão 2021 até a 12ª rodada.
A Chapecoense tem uma média de 0,92 gols marcados por partida, mas a média de gols sofridos chega à 1,92 por jogo. Na prática, quase toda partida acaba em derrota para o Verdão.
Apagões da defesa
Com tudo o que foi dito anteriormente, chegamos à um ponto importante: a defesa da Chapecoense é a pior do campeonato até o momento. Mas o que acontece? A Chape simplesmente não consegue segurar os times? Bom, até consegue, mas quando sofre o primeiro gol, a coisa desanda.
Das 12 partidas disputadas até agora, em 5 delas, a Chapecoense sofreu 2 gols em menos de 10 minutos. Contra o Fortaleza, foram 3 gols sofridos em 22 minutos, e dois deles com um jogador a mais em campo, quando Juan Quintero havia sido expulso. Antes de sofrer o primeiro gol nessa partida e desandar na parte defensiva, a Chape vencia por 1 a 0.
Sobre os 23 gols sofridos pela Chape até agora:
- Das 12 partidas disputadas até agora, em 5 delas a Chapecoense sofreu 2 gols em menos de 10 minutos.
- Contra o Fortaleza, foram 3 gols sofridos em 22 minutos, e dois deles com 1 jogador a mais em campo, quando Juan Quintero havia sido expulso.
- Foram 6 gols sofridos após jogadores serem driblados no mano a mano
- 6 gols aconteceram em finalização após cruzamento (tanto aéreo como rasteiro)
- 6 gols ocorreram em bolas mal afastadas pela defesa ou mal espalmadas pelo goleiro
- 4 gols foram resultado direto de falha na marcação coletiva
- 2 gols foram sofridos por finalização de fora da área (1 deles, contra o Bahia, está listado também na categoria de bolas mal afastadas)
- Em somente uma partida, a Chapecoense não sofreu nenhum gol, contra o Ceará, no empate em 0 a 0
O time precisa correr muito atrás de placar
Como já dito anteriormente, a Chapecoense só saiu vencendo em quatro partidas, e perdeu três dessas. O time marca mais gols do que outros próximos na tabela (e também perde um caminhão de gols, que já custou a vitória em vários jogos), mas no geral, esses gols são para buscar um empate ou diminuir o placar, quando os adversários estão liderando por 2 ou mais gols e já baixaram um pouco a guarda.
No geral, a equipe não costuma liderar jogos. Ficou à frente do placar, somando todas as partidas, por somente 67 minutos no total, o que não soma nem ao menos o tempo total de uma sequer partida. Muito acostumada a correr atrás do placar, a Chape faz gols quando já está no prejuízo, e também não mantém suas lideranças de placar por muito tempo.
Os principais jogadores estão apagados
Os principais atacantes da Chapecoense são Anselmo Ramon, camisa 9, e Pedro Perotti, camisa 77 o artilheiro da equipe na temporada, somando os gols do estadual. Os dois, somados, marcaram 3 dos 11 gols da Chape até agora no campeonato. Perotti marcou 2, e Anselmo Ramon somente 1, cobrando pênalti. Outro atacante, Geuvânio, também aparece com 2 gols, e o zagueiro Ignácio também balançou a rede duas vezes para o Verdão no Brasileirão. Ou seja, os dois principais nomes da equipe quando se fala em poderio ofensivo, praticamente não produziram nesse campeonato.
Perotti ainda busca mais jogo, e desfalcou a Chape por algumas partidas por conta da Covid-19, mas Anselmo Ramon, presente em todas, marcou apenas um gol de pênalti. Raramente jogadas de ataque passam pelos pés dos dois. O jogo em alto nível dos principais nomes do elenco faz muita falta nesta equipe, e o restante do elenco faz o possível (e não faz de forma ruim, pelo contrário), mas por enquanto, será difícil escapar do rebaixamento com a falta de produtividade de peças importantes.
A Chapecoense volta à campo na segunda-feira (26) contra o Juventude, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul-RS, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida será disputada às 18h (horário de Brasília), e terá cobertura em tempo real do Esporte News Mundo.