Não são só os vários desfalques do São Paulo que estão em tratamento, o próprio futebol do tricolor está lesionado e a cada rodada em que ele não volta a campo, o problema parece mais sério.
É claro, o início de temporada, com direito a título paulista, invencibilidade em clássicos, goleadas no mata-mata do Paulistão e bom futebol, inclusive de jogadores que há tempos vinham sendo contestados, tudo isso animou o torcedor e deixou ele encantado com Hernán Crespo. Só que assim como no amor, no futebol o encanto depende dos dois lados. Em um relacionamento, a ausência de carinho, afeto e a mudança de comportamento podem acabar com o encanto, no futebol são os resultados, quanto mais eles não aparecem, quanto piores forem as atuações, mais esse encanto fica perto de acabar.
Crespo tem crédito, que recebeu merecidamente e a culpa do momento ruim, que todos sabiam que chegaria, com certeza não é só dele, mas é impossível evitar, com atuações fracas e sem os resultados, o encanto vai diminuindo pouco a pouco. E quando digo isso, digo que o encanto não vai acabando entre torcedor e treinador, mas sim entre torcedor e time. A grande verdade é que o torcedor é escaldado quando o assunto é São Paulo, a temporada anterior machucou. Outras temporadas, que também tiveram pequenas mostras de que poderiam ser ótimas e não terminaram bem, também deixaram suas marcas.
+ Seleção Olímpica tem zagueiro Made In Cotia
+ Sub-17: bate Bahia e encaminha classificação
Pouco a pouco, como foi falado, as bases que deram a segurança a esse trabalho vão perdendo a solidez. O desempenho bom, deu lugar a atuações horríveis. O melhor ataque do Paulistão, hoje é o pior ataque do Brasileirão. A melhor campanha, inclusive campeã do estadual, hoje está na zona de rebaixamanto, sem uma vitória sequer em cinco jogos. O time invicto em clássicos, perdeu o primeiro para o Santos, com uma derrota por 2 a 0 para o ex-treinador da equipe, Fernando Diniz, o que não deveria, mas para muitos torcedores e até conselheiros do São Paulo, é mais doloroso do que uma derrota para time do litoral paulista.
É inegável que as diversas lesões influenciaram essa queda de rendimento: Benítez ficou praticamente um mês fora, antes de voltar no segundo tempo do SanSão. Dani Alves ainda não retornou da lesão, que também teve no dia 23 de maio. Luciano chegou a sua terceira lesão muscular em um mês e meio. Luan não atua há duas semanas. Miranda também está fora. É difícil manter o nível, quando se perde tantos jogadores e pra completar, os que ficaram, praticamente todos, sem exceção, caíram de rendimento.
Quando o momento não é bom, todo mundo passa a oscilar. O talentoso Rigoni, fez uma partida ruim no clássico. Liziero, que vinha tão bem com Crespo, teve erros bizarros, que deram os gols para a equipe santista. Igor VInicius, que voou na fase final do Paulistão, também não repete o desempenho. E assim por diante, a lógica se aplica a praticamente todo mundo.
Por isso é importante, na opinião deste que vos escreve, não traçar de imediato aquela linha de sim ou não. Presta ou não presta. Ninguém é imprestável por não render no momento ruim da equipe, inclusive o treinador, que também tem suas formações e substituições questionadas. É importante confiar no trabalho, o início de Brasileirão é péssimo? Sim, o pior em muitos anos, mas não quer dizer que tudo está perdido, que vamos viver de novo aquele cenário trágico de outros anos.
A grande verdade é que metade do time titular do São Paulo está no departamento médico e parece que eles levaram o futebol do tricolor junto com eles.
O sinal de alerta foi ligado há algum tempo e já está passando de reencontrar o desempenho necessário, ou podemos ver um repeteco do filme de 2020, onde uma temporada que chegou a ser esperançosa, terminou com pouca coisa para se levar adiante. Perder mais um ano de trabalho, apesar do título, é tudo o que o São Paulo não precisa se quiser mesmo reconstruir.