Nesta segunda-feira, o vascaíno comemora o aniversário da conquista da Copa do Brasil, último grande título do clube. Para relembrar a façanha inédita, o Esporte News Mundo conversou com personalidades que contribuíram para levantar a taça. O primeiro deles é o maior ídolo do Gigante da Colina que na época ocupava o cargo de presidente. Trata-se de Roberto Dinamite.
De acordo com a numerologia, o perfil do número nove é do observador. E foi neste papel, contribuindo de fora dos gramados, que nove primaveras atrás, o maior artilheiro da história do Vasco participou daquela conquista. Esta que revelou novas sensações ao ex-dirigente.
— Para mim, essa conquista, sinceramente, eu tive um sentimento que não havia tido, nem como jogador. Quando nós conquistamos o título, ganhamos lá em Curitiba e chegamos ao Rio de Janeiro, nunca vi uma manifestação tão legal, com jogadores, com torcedores, com todo mundo, nem em outros títulos do Vasco. Particularmente, me emocionou, me tocou. Independente de eu ter jogado e ganho dentro, fazia tempo que eu estava fora do campo.
— Na chegada aqui no Rio, quando saímos do Aeroporto, e levamos quase quatro horas para chegar a São Januário, foi uma sensação, assim, que eu não vivia há muito tempo — Roberto Dinamite.
Naquela conquista, Dinamite teve ao seu lado, fora de campo, o diretor de futebol Rodrigo Caetano e o treinador do Ricardo Gomes. O antigo mandatário do Cruz-maltino, apesar de valorizar o papel do staff do clube para o título em 2011, entrega todos os louros ao elenco campeão.
— Eu acho que prevaleceu, principalmente nos dois jogos (da final contra o Coritiba), tanto em São Januário, como lá, a união dos jogadores. Posso falar porque fui jogador. Os jogadores estavam cumprindo dentro de campo. Claro que nós tínhamos que dar condição, eu, o Rodrigo (Caetano), toda a equipe (staff), o próprio Ricardo… Isso foi importante. Acho que foi um trabalho de equipe que os jogadores puxaram para eles. Aí vou falar como presidente (risos). Claro que na vida, quando você ganha, você ganha junto. Quando perde, perde também presidente. Foi um trabalho de equipe premiado com essa conquista. Mostrou que o Vasco estava muito forte e muito competitivo – avaliou Dinamite, que admitiu preferir estar em campo do que fora dele roendo as unhas:
— Ô, é muito mais fácil ser jogador. Mexe com a gente essa parte do emocional, você está ali fora…Ainda tem esse detalhe: você, para virar essa chave, de dirigente e presidente para jogador, não é fácil. Teve a pressão, mas até estava revendo outro dia, também tivemos a oportunidade até de matar o jogo com o Éder Luis. Estava até vendo o alguém falando outro dia, acho o resultado aqui no Rio, independente de ter sido o resultado magro, de 1 a 0, ele foi decisivo, né?
E como foi. No dia 1 de junho de 2011, em São Januário, Alecsandro fez o único gol da vitória do Vasco sobre o Coxa. Na volta, um Deus nos acuda no fim: já no segundo tempo, quando equipes empatavam em 2 a 2 no Couto Pereira, o volante Willian fez um golaço do meio da rua. Mais um gol, e o triunfo por 4 a 2, dariam o título para os paranaenses.
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Daquela equipe, Allan, Fágner, Rômulo e Dedé ainda vestiriam a camisa da Seleção Brasileira, além de Felipe e Diego Souza que já tinham alcançado a façanha. Apesar do brilho individual dos jogadores, Dinamite ressaltou a importância das unidade dos atletas para que um elenco, especialmente após início de ano ruim, passasse de qualificado a campeão.
— Eu brinco com os caras, tudo bem, hoje estamos em 2020, mas pega o Fernando Prass, o Fágner, Dedé, Anderson Martins, Ramon, Allan… tinha Felipe, tinha um monte de gente. Mas acho que prevaleceu esse foco em si, da importância que tinha para eles, mas para o clube também. Para o clube era importantíssimo a conquista. Eu fiquei muito feliz, porque acreditei no trabalho que estava sendo feito, da forma que estava sendo feito.Realmente, acho que essa conquista ela foi muito marcante por tudo que nós passamos, por tudo que nós vivemos principalmente no início de 2011. Então acho que foi essa coisa da superação, principalmente, misturando jogadores, direção. Foi uma mistura da garra, da aplicação. Acho que toda grande equipe, não só o Vasco, mesmo com time qualificado, ela precisa disso.
PRÓXIMAS ELEIÇÕES E CONTRIBUIÇÃO AO VASCO
Para novembro, está marcada a eleição à presidência do Vasco. Dinamite, porém, rechaçou a possibilidade de apoiar ou integrar qualquer chapa e garante que o único vínculo com o Gigante da Colina, daqui para frente, será o amor.
— Minha relação institucional com o Vasco, independente de quem esteja ali, se for para ajudar, e eu puder fazer, eu faço. Porque eu vivi isso, eu sei que o Vasco precisa que as pessoas coloquem a instituição em primeiro plano. Se eu puder ajudar, eu vou lá. Se não, eu fico aqui da minha casa, vendo o jogo, para não atrapalhar ninguém e deixar a coisa realmente acontecer. E quando existe uma troca de respeito entre as pessoas, no lado pessoal, sinceramente não tenho nada contra ninguém. Mas tem pessoas que você falava com a administração que saiu, lá trás, e a gente não tinha nenhuma relação. Não tinha porque. Então, independente, de quem venha a ser presidente, se um dia precisar, eu vou estar ali. Eu quero ajudar, eu não quero atrapalhar. O Vasco precisa de paz para buscar esse caminho, não só de cumprir suas obrigações e se reestruturar, de novo.
— Muitas vezes você tinha que administrar o clube e as pessoas, e eu não queria que isso acontecesse. Eu gosto, respeito, amo o Vasco. O Vasco para mim foi tudo, tudo que eu conquistei na minha vida foi através do Vasco. Então a minha troca é muito verdadeira, muito autêntica. Ninguém vai chegar para mim e falar: “Você tem que fazer isso…”, não. Eu faço porque gosto, porque respeito. Aí, sabe, as pessoas podem falar: “Ah, a administração do Roberto foi ruim”. É um direto das pessoas acharem e pensarem. Agora, falar qualquer outra coisa, não. Respeito a instituição desde que eu fui jogador até os dias de hoje e até o dia que eu não estiver mais aqui – disse Dinamite, que explodiu a chance de ser presidente novamente um dia:
— Não penso, não penso e também não quero. Mas, agora, eu muitas vezes sou solicitado para ir em muitos lugares, do Brasil e tal. 90% delas é em cima do Vasco, dessa relação, de ficar com os torcedores. Isso eu acho legal. Mas não tem compromisso com ninguém, com nada.
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