Quando se fala o nome Cristiano Ronaldo no mundo do futebol, todas as pessoas o associam ao craque da Juventus. Mas, desta vez, falaremos do homônimo do camisa 7, o jovem lateral-direito do América-MG de apenas 14 anos, uma futura promessa no esporte da bola redonda. O mineirinho que já passou pelo Cruzeiro viveu algumas adversidades na carreira, como muitos outros jogadores de futebol, e recentemente assinou seu primeiro contrato de formação no clube alviverde. A origem do seu nome vem do seu xará português.
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Atuando na lateral direita, Cristiano Ronaldo começou a jogar bola aos seis anos, em uma franquia da escolinha do Cruzeiro, chamada La Pelota, em Belo Horizonte. Depois passou pelo Futgol, localizada na região metropolita da capital, mas não teve muitas oportunidades em campo. No entanto, encontrou-se no América-MG e hoje é titular da equipe sub-15.
– Eu não imaginava que ele ia querer jogar bola, mas ele vivia chutando uma bolinha de papel aqui, uma bolinha ali. Chutava uma bolinha de meia ali e eu parei um dia e fiquei só olhando aquela cena e admirando o filhote brincar. O tempo passou e no primeiro ano da escola, com 6 anos, ele chegou em casa com um ‘panfletinho’ de uma inauguração de uma escolinha de futebol do Cruzeiro. Logo veio em mente: vai ser jogador de futebol -, recorda orgulhoso, Valdeir, pai do garoto.
De origem humilde, Valdeir, que tem como sobrenome Ronaldo e é apaixonado por futebol, mas não teve a oportunidade de atuar como profissional, teve seu contato com a bola em torneios de finais de semana com os amigos. Ele conta que quando recebeu a notícia de que seria pai foi um dos dias mais felizes de sua vida.
– Meu filho veio como uma promessa de Deus em minha vida, foi tanto choro de alegria. Quando fomos escolher um nome, até então minha esposa não imaginava que eu já tinha em mente e no coração há muito tempo. Quando ela ia se pronunciar eu já dei o grito Campeão, aliás, o nome vai ser Cristiano Ronaldo. Ela olhou para mim, deu um sorrisão e disse Cristiano Ronaldo e eu disse sim e ela respondeu: Amém. –
O ano era 2006, e o atacante português atuava no Manchester United. Cristiano Ronaldo, que chegou aos Diabos Vermelhos com apenas 18 anos, vindo do Sporting (POR), havia conquistado vários títulos, como a Copa da Inglaterra, a Copa da Liga Inglesa e a Premier League. A primeira bola de ouro de sua carreira veio dois anos depois, em 2008. Fã do atleta, Valdeir considera o jogador um exemplo em tudo. – É um cara fora do comum e não é desse mundo. Um cara que tem todos os objetivos que queremos (…). Generoso, carismático, brincalhão, ajuda muitas pessoas, um baita ser humano.-
O jovem lateral do América também acompanha a carreira de CR7 e o tem como inspiração no futebol, assim como outros atletas. – Eu acompanho a história dele e vejo com bons olhos o quão grande foi a dificuldade no início da sua carreira como jogador de futebol, passando pelo clube de sua cidade, foi na luta e hoje é o cara que me espelho dentro e fora de campo. (…). Um atleta que quer alcançar seus objetivos e vencer na vida. Dedicado e focado sempre. –
Além do xará, Cristiano também tem como referência futebolística Trent Alexander-Arnold (Liverpool), Daniel Carvajal (Real Madrid) e os brasileiros Dani Alves (São Paulo) e Marcelo (Real Madrid). No América, suas inspirações são Juninho, Zé Ricardo, Ademir e o atual zagueiro do Ceará, ex-Coelho, Messias.
– A história desses atletas me faz pensar que eu também posso chegar aonde quero e Deus realizar. –
– O meu maior sonho é contribuir com a alegria de todos aqueles torcedores que vão a campo ou assistem em casa pela TV. Além disso, construir uma bela carreira no clube que me abriu as portas e me deu a primeira oportunidade de assinar o primeiro contrato de formação, que é o América-MG. –
Trajetória de Cristiano Ronaldo do América
Após passar pelo Futgol, o pai de Cristiano Ronaldo, Valdeir, levou o filho em sua primeira peneira no América-MG. Na época, o clube contava com três atletas atuando na lateral direita e o menino acabou sendo dispensado.
– Na minha primeira peneira, antes da minha primeira dispensa, meu pai me chamou debaixo de uma mangueira e falou: Independente do que acontecer você será o meu herói e sempre serei seu pai. Então vai lá, dê o seu melhor e saia feliz, será uma ótima experiência -, lembra Cristiano.
O momento delicado fez com que pai e filho permanecessem ainda mais unidos na realização do sonho do garoto. Juntos começaram a realizar um trabalho por conta própria em busca de uma nova oportunidade.
– O meu pai procurou o preparador Luciano Shuai, que nos atendeu com muito carinho e amor. Ele me disse para não desanimar, então foi ali que senti que o sonho não tinha chegado ao fim. O meu pai consultou a Deus na palavra e comecei o trabalho com um personal. Com o professor comecei a ser lapidado e conhecer os caminhos dentro das quatro linhas.
O sim do América veio meses depois em uma nova captação.
– Quando surgiu a oportunidade de participar novamente da peneira do América-MG, passei por todas as fases e, quando chegou no último dia, recebi a notícia de que a partir daquele dia eu seria atleta da equipe. –
– Com o passar do tempo, passei de quarto lateral para terceiro. Depois trabalhei cada dia mais forte, estava vivendo um bom momento na equipe. Foi quando me lembrei de uma frase dita pelo professor Luciano Shuai “você já viu quem trabalha mais ficar atrás de quem trabalha menos?” e me esforcei ainda mais. Toda oportunidade que recebia fui aproveitando para crescer cada dia mais. Depois recebi a minha primeira oportunidade como titular, desde então tenho trabalhado com muita dedicação, foco e muita vontade para crescer para no meu trabalho.
No clube, o jovem lateral-direito já disputou diversos torneios. Apesar da pouca idade, Cristiano já tem seu nome registrado no BID da CBF e teve sua primeira experiência em um torneio internacional, a Copa Go Cup, Mundial Infantil de Futebol. 
Dificuldades
Cristiano Ronaldo vive na cidade de Belo Horizonte com sua mãe, seu pai e sua irmã mais nova. Nos três anos que atua no Coelho, parte da renda família é de um foodtruck dos seus pais que serve geladinho, pastel frito, tropeiro, bolo e misto quente para os alunos da escolinha de futebol e sócios do Clube Topázio, conhecido como Kombi do América.
– É um investimento muito alto para poder ajudar o meu filho a realizar o sonho de se tornar jogador de futebol -, explica.
Segundo Valdeir uma das maiores dificuldades para manter o filho no futebol é a financeira.
– Através das vendas na Kombi do chup-chup, a gente tinha um retorno rentável, dava para sobreviver tranquilo, ter um lucro. A massa do pastel era doada para gente por um pai de um aluno que jogava no América na época, que ajudava a gente. –
Devido à Pandemia de Covid-19, os treinos das equipes sub-14 e sub -15 do América-MG não estão sendo realizados presencialmente.
– Com o começo da pandemia, nós ficamos impossibilitados de trabalhar com a Kombi, nem na rua e nem nos jogos. (…) Nesse período eu trabalhei até de servente e aprendi um pouco mais sobre o serviço de pedreiro. Agora, estamos nos preparando para sair para a rua novamente e vender em galpões porque é uma renda que ajuda bastante.
Documentário do Português Cristiano Ronaldo
Assim como o jovem de Minas Gerais de 14 anos, Cristiano Ronaldo passou por várias adversidades em sua carreira. Parte de sua história foi retratada no documentário Ronaldo (2015) idealizado pelos mesmos diretores de Senna (Ayrton Senna) e Amy (Amy Winehouse). O filme mostra a rotina do jovem sonhador na Ilha da Madeira até se tornar um dos maiores craques do futebol Europeu, eleito sete vezes o melhor jogador do mundo.
O documentário está disponível na plataforma de streaming da Netflix.
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