Futebol Internacional

Agnelli divulga carta com feitos ‘extraordinários’ na Juventus, mas pondera: “Unidade falhou”

Andrea Agnelli, ex-presidente da Juventus
Marco Bertorello/AFP via Getty Images

Andrea Agnelli comandou a Juventus em 12 anos e meio. Desde 19 de maio de 2010, o quarto na linhagem da família Agnelli conseguiu recuperar a equipe, colocar recordes no futebol italiano e feitos impressionantes no futebol internacional. Porém, as recorrentes investigações sobre fraude contábil e o pedido do Ministério Público de Turim para sua prisão domiciliar resultaram em uma drástica e surpreendente decisão. Na tarde desta segunda-feira (28), noite na Itália, Agnelli e toda a direção da Juventus formalizaram seus pedidos de renúncia.

Com isso, além de Agnelli, saem Pavel Nedvěd, Maurizio Arrivabene, Laurence Debroux, Massimo Della Ragione, Katryn Flink, Daniela Marilungo, Francisco Roncaglio, Giorgio Tacchia e Suzane Keywood. Depois, em comunicado divulgado no site oficial do clube, Giorgio Tacchia foi colocado no “Comissão de Controle e Riscos”, em substituição a Daniela Marilungo, e Maurizio Arrivabene foi recolocado no cargo de CEO. Tanto Tacchia como Arrivabene ocupam tais cargos até o novo Conselho de Administração ser formado. O clube terá uma assembleia com os acionistas no próximo dia 27 de novembro e com os sócios em 18 de janeiro de 2023 para definir quais serão os sucessores que irão gerir os conturbados bastidores da Juventus.

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Em carta divulgada momentos depois das primeiras informações circularem na imprensa italiana e do comunicado ser divulgado no site oficial da Velha Senhora, Andrea Agnelli publicou uma carta, principalmente com o objetivo de deixar uma mensagem aos torcedores. Em tal registro, fez questão de mencionar os avanços tanto na estrutura como as conquistas no cenário italiano, tanto no futebol masculino como no feminino. Porém, admitiu que o lado empresarial não deu certo e a unidade falhou.

Abaixo, leia a carta divulgada por Agnelli na íntegra.

“Prezados,

Jogar pela Juventus, trabalhar pela Juventus; um único objetivo: vencer.

Quem tem o privilégio de vestir a camisa alvinegra sabe disso. Quem trabalha em equipe sabe que o trabalho duro supera o talento se o talento não trabalhar duro. A Juventus é um dos maiores clubes do mundo e quem trabalha ou joga lá sabe que o resultado é o esforço do trabalho de toda a equipe.

Estamos acostumados pela história e pelo DNA a vencer. Desde 2010, honramos nossa história alcançando resultados extraordinários: o estádio, nove campeonatos masculinos consecutivos, o primeiro clube da Itália a ter uma série na Netflix e no Amazon Prime, o Juventus Medical, cinco campeonatos femininos consecutivos desde o primeiro dia. E agora, o acordo com a Volkswagen (poucos sabem), as finais em Berlim e Cardiff (nossos grandes pesares), o acordo com a Adidas, a Next Gen Italian Cup, o primeiro clube a representar os clubes no Comitê Executivo da Uefa, o Juventus Museum e muito mais.

Horas, dias, noites e temporadas com o objetivo de melhorar sempre diante de alguns momentos decisivos. Cada um de nós sabe trazer de volta à mente o movimento antes de entrar em campo: sai do vestiário e vira à direita, uns 20 degraus para baixo com uma grande no meio, mais dez degraus para cima e está lá: o medo público. E, naquele momento em que se sabe que tem toda a equipe ao seu lado, o impossível se torna viável. Santiago Bernabéu, Old Trafford, Allianz Arena, Signal Iduna Park, San Siro, Geōrgios Karaiskakīs, Celtic Park, Camp Nou: onde quer que fôssemos quando o time era compacto, não temíamos ninguém.

Quando o time não é compacto, empresta-se os lados aos adversários e isso pode ser fatal. Nesse momento, é preciso ter lucidez e conter o dano: estamos diante de um momento delicado do ponto de vista corporativo e a compacidade falhou. Melhor todos deixarem juntos, dando a possibilidade de uma nova formação virar o jogo.

Nossa consciência será o desafio deles: fazer jus à história da Juventus.

Eu continuarei a imaginar e a trabalhar por um futebol melhor, confortado por uma frase de Friedrich Nietzsche: “E aqueles que foram vistos dançando foram considerados loucos por aqueles que não podiam ouvir a música”.

Lembrem-se, nós nos reconheceremos de relance: somos a gente da Juventus.

Fino alla fine (até o fim, em português).

Andrea Agnelli.”

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