Nesta terça-feira (4), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, uma audiência pública foi realizada pela parte, para discutir sobre o caso entre o contrato da Minas Arena, e o estádio Mineirão. A reunião também serviu para a discursão sobre a possível instauração de uma CPI, visando investigar irregularidades no contrato de Parceria Público Privada (PPP), entre a administradora do estádio e o governo estadual.
A reunião pública reuniu representantes do Cruzeiro, Atlético, Minas Arena e da Federação Mineira. Além de parlamentares, representante da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), e diversos torcedores do Cruzeiro, que se mobilizaram desde o protesto de sexta-feira (31), para estarem presentes na ALMG.
SECRETÁRIO GARANTE REALIZAÇÃO DE JOGOS
Segundo o Secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Souza, o Mineirão possui uma ‘obrigação’ em contrato para a realização de partidas. Pelo menos 66 partidas precisam ser realizadas ao longo de todo o ano, como forma de garantia da realização dos eventos esportivos.
O Comitê de Esporte, Cultura e Lazer, que visará a questão do conflito envolvendo o estádio e a ausência de jogos, terá uma reunião agendada para o próximo dia 20 de abril, com os representantes dos clubes, FMF e CBF. O foco da reunião será a determinação de datas prioritárias para a realização das partidas, estabelecendo uma ‘sobreposição’ a realização dos demais eventos.
MINAS ARENA DEFENDE ATUAL CONTRATO
O diretor comercial da Minas Arena, Samuel Llyod, saiu em defesa da atual forma de contrato do estádio. O diretor ainda deixou claro que ‘não abre mão’ das formas de receitas, que prevê para os clubes, uma renda gerada somente pela venda das 54mil cadeiras, e os demais setores do estádio (camarotes, estacionamento, etc) destinados para o consórcio.
– Desde sempre, as portas estão abertas. É do nosso interesse trazer todos os jogos possíveis para o estádio. As datas devem ser compartilhadas com os clubes. (…) As regras entre as concessionárias e os clubes estão determinadas claramente no contrato de PPP. Menos que isso, não. Qualquer receita que a Minas Arena abra mão, ela é responsabilizada pelo estado de Minas Gerais.
Em uma fala, após abordar sobre reformas feitas na iluminação, e demais estruturas que foram feitas recentemente no estádio, o diretor chegou a ‘convidar’ torcedores do Cruzeiro que estavam presentes, para irem à final entre Atlético e América, para observar as mudanças. A fala gerou revolta no auditório e nas redes sociais.
CRUZEIRO VOLTA A RECLAMAR SOBRE FALTA DE DIÁLOGO
O Cruzeiro, por meio do presidente do associação, Sérgio Santos Rodrigues, e o CEO do Cruzeiro SAF, Gabriel Lima, contestaram sobre a forma em que o Mineirão prevê a questão das receitas atualmente com o clube, e a falta de diálogo por parte da Minas Arena.
Em fala, o CEO da Raposa, Gabriel Lima, colocou que por diversas vezes, o clube tentou realizar diversas propostas para viabilizar melhores condições do clube celeste no estádio. Entretanto, em todas as conversas, houve uma negativa pelo consórcio.
– O Cruzeiro tentou, por inúmeras vezes, chegar a um acordo e ter condições para jogar no estádio, que eu volto a falar, pertence ao Governo, e está temporariamente cedido à iniciativa privada. Fizemos diversas propostas para as construtoras que formam o consórcio, nenhuma delas foi aceita.
+ Cruzeiro: Ronaldo faz críticas e volta a afirmar que não jogará no Mineirão em 2023
Além da questão envolvida as conversas entre o clube e a Minas Arena, Gabriel direcionou fortes críticas ao governo estadual. Em sua fala, o CEO criticou o alto repasse do governo ao estádio, para a manutenção, vista como ‘absurda’.
– A instituição que eu represento é parte interessada na utilização do Mineirão. Se existe, ou não, alguma irregularidade no contrato que foi assinado entre o Governo e o Mineirão, não cabe nem a mim, nem ao Cruzeiro analisar. O Governo investiu bilhões de reais para pagar essa reforma do Mineirão, e segue pagando essa quantia absurda para a manutenção do estádio. (…) Não ter jogos no estádio, significa desvirtuar o contrato.
Não bastou somente as críticas, o representante ainda realizou uma acusação de ‘manobra contábil’ da Minas Arena, para que o governo estadual possa repassar mais recursos ao estádio. Confira:
+ Deputado colhe assinaturas para reabertura da CPI da Minas Arena sobre contrato com o Mineirão
ATLÉTICO ABORDA SOBRE DIÁLOGO COM ‘AMBAS AS PARTES’
O diretor de comunicação do Atlético, André Lamounier, foi o representante do Atlético-MG na audiência pública. No começo, André disse que crê que estava em um palco de discursão entre a relação ‘Cruzeiro e Minas Arena’. O represente atleticano afirmou que existe diálogo entre o clube alvinegro com a atual administradora, embora ocorra de forma ‘crítica’.
– Nós temos uma relação cordial com a Minas Arena, embora crítica. Somos críticos de várias condutas ao longo dos anos em relação aos nossos pleitos. (…) No entanto, tenho que registrar a maneira profissional com que o Samuel tem procurado discutir as questões que nos envolve. (…) Também achamos que o futebol tem sido preterido em relação a agenda de shows, temos sido prejudicados
Além disso, Lamounier tentou dar equilíbrio na discursão do conflito entre o Mineirão e os clubes, abordando sobre o planejamento do calendário esportivo, e da agenda de shows, falando ‘se colocar no lugar’ do diretor comercial da Minas Arena, Samuel Llyod. Ao mesmo tempo, André abordou que é necessário ‘defender o interesse público’, com o entendimento da ‘outra parte’.
– Nós estamos prestes a inaugurar uma arena, por óbvio que terá o futebol como prioridade. Agora, como fazer uma agenda de shows priorizando o futebol, sendo que o calendário esportivo acabou de ser anunciado, mesmo assim nem todo ele foi. Não sabemos ainda algumas datas, ninguém fecha um show pequeno que seja, sem planejamento.