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Conheça Augusto: meia repatriado pelo Santos, que Ceni tentou manter no São Paulo

Divulgação / Santos FC

O Santos anunciou hoje o empréstimo de Augusto Galván, que estava no Real Madrid e foi formado nas categorias de base do São Paulo. O meia, que tem 22 anos, assinou com o Peixe até junho de 2022.

O torcedor santista pode estar se perguntando: mas quem é Augusto Galván? Nessa matéria você vai saber tudo da carreira do novo jogador do Santos.

Estrela da geração mais vencedora de Cotia

Augusto fez parte da supervitoriosa geração /99 do São Paulo, que foi tricampeã paulista na base de forma consecutiva, vencendo o sub-15 em 2014 e o sub-17 em 2015 e 2016, a Copa do Brasil Votorantim sub-15 de 2014 e também foi campeã da Taça BH sub-17 em 2016. .

Reprodução

O currículo da garotada nascida nessa faixa etária em Cotia é um dos melhores da história das categorias de base do Brasil, com conquistas em todos os mais importantes torneios do futebol infantil e juvenil do país. A geração simplesmente venceu os torneios nacionais e estaduais mais importantes das categorias sub-15 e sub-17.

Augusto foi o camisa 10 absoluto do São Paulo no sub-15, que hoje tem diversos nomes espalhados pelo futebol. No São Paulo, Gabriel Sara, Igor Gomes, Luan e Diego Costa estão entre os jogadores utilizados por Hernán Crespo. Alex Nascimento está no Santos, enquanto William Camargo e Cássio estão no futebol espanhol e Tuta no Eintracht Frankfurt, da Alemanha.

Além deles, diversos talentos nascidos em 2000 também atuaram na equipe, em especial no sub-17, como Helinho, Brenner, Rodrigo Nestor e Weverson.

Essa geração, além da qualidade dos seus atletas, também foi a única totalmente formada pelo técnico Carlos Guilherme Dalla Déa, que comandou os garotos no sub-14 e no sub-15. Ele depois treinou a base da Seleção Brasileira, onde foi campeão sul-americano sub-15 e mundial sub-17. Atualmente, Carlos Guilherme é diretor técnico do Guangzhou Evergrande, na China.

Entre todos esses jogadores, Augusto foi um dos principais destaques no Paulista sub-15, anotando sete gols na competição e formando um trio que derrubou o Santos na final, junto com João Kiefer, que deixou o futebol e William, que está no Deportivo La Coruña.

Trajetória

Augusto apareceu como o dono da camisa 10 do time do técnico Carlos Guilherme Dalla Déa, que construiu uma turma extremamente vitoriosa. Ele comandou o time e conquistou muitos títulos, tornando-se a referência da geração.

A qualidade fez Augusto figurar entre os mais velhos, disputando o Paulista sub-17 com nomes como Igor Liziero e Éder Militão, ajudando a equipe em mais uma conquista de estadual da base, chegando a nove gols na competição e sendo o 3º colocado dentre os são-paulinos na artilharia.

O destaque veio logo no início daquele ano de 2015, quando o tricolor foi disputar a Al Kass International Cup, no Qatar. O São Paulo foi vice-campeão, mas deu um verdadeiro show no campeonato disputado com grandes nomes do futebol europeu.

Os garotos de Cotia golearam o PSG e o Milan, ambos por 5 a 0, além de vencerem o Real Madrid por 3 a 2 e o Atlético de Madrid por 2 a 1. O time acabou vice-campeão invicto, após dominarem o jogo, mas ficarem no 1 a 1 contra o PSG, na final e perderem a decisão nos pênaltis.

O São Paulo talvez não imaginasse que um garoto de apenas 15 anos de idade, que completaria 16 somente um mês depois, fosse se destacar tanto, a ponto de despertar o interesse de diversos times europeus de grande porte.

Apesar de Paulinho Bóia, hoje no Juventude, ter sido escolhido o melhor jogador da competição e também artilheiro, com cinco gols, Augusto apareceu como titular, apesar da idade e recebeu a maior atenção dos olheiros.

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Assédio europeu e pedido de Rogério Ceni

A Al Kass International foi um dos melhores momentos de Augusto no tricolor, mas também o início do fim da sua relação com o clube da capital paulista.

Ele, Éder Militão e Paulinho, três grandes destaques da competição, chamaram a atenção dos rivais do velho continente. Augusto, porém, tinha apenas 15 anos e pela legislação brasileira, não poderia ter vínculo profissional com o São Paulo. Restando pouco mais de um mês para que o meia completasse 16 anos, idade mínima exigida para o primeiro contrato do tipo, o São Paulo se colocou em uma situação arriscada.

O assédio europeu dificultou o acordo profissional com o tricolor, que nunca aconteceu. O São Paulo tentou de tudo para manter o jogador no elenco e recorreu até ao, na época ainda não oficializado técnico, Rogério Ceni, para segurar a promessa em Cotia. Ceni teve uma conversa pessoal com o jovem meia, enquanto visitava o CFA, em 2016, meses antes de ser anunciado como treinador e tentou convencê-lo a ficar no Brasil, mas sem sucesso.

Para não perder Augusto de graça, o São Paulo enviou notificações oficiais para diversos clubes europeus, mas deixou o jogador praticamente sem atuar durante todo o ano de 2016.

A ausência de Augusto não impediu o São Paulo de vencer novamente o Paulista sub-17 em cima do Red Bull e de ganhar a Taça BH contra o Palmeiras, além de ter dado espaço para nomes como Igor Gomes e Gabriel Sara.

O São Paulo acabou vendendo Augusto Galván para o Real Madrid em fevereiro de 2017, um mês antes do fim do seu vínculo amador com o clube. O valor da venda poderia chegar a 3 milhões de euros, de acordo com as metas alcançadas, mas o São Paulo recebeu 1 milhão de euros no ato da contratação.

Passagem na Espanha

No futebol europeu Augusto não repetiu o destaque que obteve no Brasil e passou por empréstimos para equipes das divisões inferiores da Espanha.

O cenário não é muito diferente de outro jovem da base brasileira que foi para o Real Madrid antes de atuar profissionalmente no Brasil. Rodrigo Farofa, de 21 anos, fez o mesmo caminho em 2018, ao deixar o Novorizontino rumo ao clube merengue e recusar propostas de Santos e Palmeiras. Hoje o atacante está emprestado ao CF Talavera, da 3ª divisão espanhola.

Augusto até viveu bons momentos no Real Madrid Castilla, chegou a ser o camisa 10 da equipe de base do Real, mas nunca foi utilizado no time de cima e não teve grande destaque na UEFA Youth League, principal torneio de base do futebol europeu. Augusto acabou emprestado duas vezes para times da 3ª divisão: uma ao Cultural Leonesa e outra ao CD Las Rozas, chegando a marcar na Copa do Rei, justamente quando os dois times se enfrentaram e uma vez contra o Eibar.

Estilo de Jogo

Augusto sempre se destacou por ser um meio-campista de muita técnica e ótimo controle de bola com a perna esquerda, o que sempre lhe deu a capacidade do drible mais curto e do bom passe.

Outra característica que destaca o jovem é a finalização de fora da área. O chute da intermediária costuma ter boa precisão e força, na base fazia muita diferença, especialmente quando Augusto arriscava a bola mais no canto alto do goleiro.

Ele também pode atuar pelas pontas, em especial pelo lado esquerdo. Apesar de não ser um atleta velocista, a qualidade com o drible curto e o toque de bola, fazem a diferença para que ele possa ganhar a linha de fundo e fazer bons cruzamentos.

Se Augusto voltará a desempenhar o futebol que o fez ser destaque em uma das melhores, talvez a melhor geração da história de Cotia, só o tempo vai nos dizer, mas é fato que o atleta tem os recursos técnicos para isso e é uma boa aposta do Santos.

Voltar ao Brasil é o caminho?

Não é a primeira vez que um jovem deixa o Brasil cedo e acaba retornando antes de estrear profissionalmente pelo time que o contratou e esse é um movimento que ganha força.

Em 2015, Nathan deixou o Athletico-PR rumo ao Chelsea, mas nunca chegou a atuar profissionalmente pela equipe de Londres. Depois de três empréstimos, para Vitesse-HOL, Amiens-FRA e Belenenses-POR, o jovem voltou ao Brasil em 2018, aos 22 anos, para defender o Atlético-MG.

A escolha de retornar deu certo e Nathan viveu ótimos momentos na equipe, até perder espaço devido a uma lesão sofrida no meio de 2020.

O movimento poderia ser repetido por outros atletas que foram embora cedo e têm dificuldade para encontrar espaço nas equipes profissionais dos maiores times do mundo, já que no Brasil, há um sarrafo um pouco mais baixo e eles podem buscar novamente o protagonismo, algo que dificilmente aconteceria na Europa.

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