A confusão entre argentinos e a Polícia Militar no Maracanã antes de a bola rolar entre Brasil x Argentina terminou no Juizado Especial Criminal (Jecrim). No total, sete torcedores foram autuados e detidos temporariamente, mas soltos após uma transação penal. Eles pagaram R$ 200 cada, em multa que será revertida à Pró Criança Cardíaca, uma instituição de caridade.
Um outro torcedor que havia sido conduzido à delegacia da Polícia Civil no estádio, conseguiu comprovar que não fazia parte da briga. Ele acabou liberado pelo delegado Rodrigo Coelho, responsável pelo plantão da noite.
De acordo com a informação da “Trivela”, a ação da Polícia Militar será investigada pelo execesso de força contra os argentinos.
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Caso de racismo
Dentro da confusão, houve um caso de racismo e que também será investigado. Uma torcedora argentina é acusada de injúria racial. A vítima é uma funcionária do Maracanã. Um torcedor prestou depoimento como testemunha e a prisão foi feita em flagrante. A 18ª delegacia de Polícia Civil do Rio de Janeiro, da Praça da Bandeira, irá investigar o caso.
Jogo de alto risco
A PM do Rio alertou na última quinta-feira que o jogo era de alto risco de segurança. Caso o pedido fosse acatado, a partida não teria setor misto. No entanto, não foi atendido e teve a confusão. A CBF, responsável por toda a organização, fugiu de suas atribuições ao alegar que “terceirizou” o serviço ao Consórcio Maracanã.
A Polícia Militar não participou da venda de ingressos sem distinção de torcidas, sendo assim impossibilitada de setorizar o estádio para receber visitantes. Isto é feito pelos organizadores do jogo, neste caso, a CBF, como em qualquer partida de Eliminatórias da Fifa.
Estiveram presentes representantes de Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Bepe, Ministério Público, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Secretaria de Segurança Pública (SSP), Secretaria de Ordem Pública (SEOP), Defensoria Pública, Metrô Rio, Supervia, Subprefeitura da Grande Tijuca, Corpo de Bombeiros, Comlurb, Cet-Rio, Juizado do Torcedor, Consórcio Maracanã e da Brax, empresa de marketing esportivo que detém acordo das placas de publicidade.
Confira abaixo a nota oficial divulgada pela CBF:
“A Confederação Brasileira de Futebol vem prestar os seguintes esclarecimentos sobre os incidentes ocorridos no jogo Brasil x Argentina, realizado nesta terça-feira 21/11/2023, no Maracanã, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA 2023.
É importante esclarecer que a organização e planejamento da partida foi realizada de forma cuidadosa e estratégica pela CBF, em conjunto e em constante diálogo com todos os órgãos públicos competentes, especialmente a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Todo o planejamento do jogo, em especial o plano de ação e o de segurança, foram sim debatidos com as autoridades públicas do Rio de Janeiro em reuniões realizadas entre as partes.
Os planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública presentes (Polícia Militar RJ, SEPOL, Ministério Público, Juizado do Torcedor, Guarda Municipal, CET-RIO, Subprefeitura, Concessionária Maracanã, SEOP, etc.), dentre as quais a Polícia Militar do RJ, na primeira reunião realizada na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), no dia 16 de novembro de 2023, às 11:00h. Além dos planos de ação e segurança, os participantes da reunião trataram também de toda a montagem da operação da partida, contando com a participação de todas as partes diretamente envolvidas e responsáveis pela organização da partida e autoridades públicas.
Na segunda (20), o plano operacional para o jogo foi igualmente aprovado sem qualquer ressalva ou recomendação na reunião realizada no Estádio Maracanã, com a presença da CBF, representantes da CONMEBOL, da Polícia Militar RJ, das empresas responsáveis pela operação do Maracanã, e que operam mais de 70 jogos no estádio por ano, e outras autoridades públicas.
A realização da partida com torcida mista sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas, pois é o padrão em competições organizadas pela FIFA e CONMEBOL, como ocorre nas Eliminatórias da Copa do Mundo, na própria Copa do Mundo, Copa América e outras competições. Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF.
Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ.
Portanto, a CBF reafirma que foram cumpridos rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foram aprovados pela Polícia Militar RJ e demais autoridades.
Por fim, a única recomendação recebida pela CBF de qualquer autoridade pública ao longo de todo o período que antecedeu a partida entre Brasil e Argentina, foi uma recomendação do Ministério Público, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Ordem Urbanística da Capital, para que ‘NÃO realizem partidas de futebol no ano de 2023 com o formato de disponibilização da carga total de ingressos através de um tíquete eletrônico apresentado mediante exibição do aparelho de telefonia celular, tal como ocorrido na partida da final da Copa Libertadores no dia 04 de novembro de 2023” e que “Exijam no ano de 2023 dos torcedores que se aproximem das catracas a exibição de evidência física (tíquete de papel e/ou cartão de sócio torcedores) de que o torcedor possui um tíquete de ingresso para se aproximar das catracas do Estádio Mário Filho – Maracanã, de modo a evitar a invasão de torcedores que não possuam ingressos para assistir à partida.'”