Finalizada a terceira etapa do Mundial de F1, já é possível cravar que a Aston Martin é a grande decepção de 2021. A equipe foi a que mais regrediu se comparado ao desempenho obtido no ano passado. O que aconteceu com a chamada “Mercedes Rosa”?
Muita coisa mudou, além da cor. A Racing Point virou Aston Martin, deixou de brigar na frente do grid e agoniza com Sebastian Vettel e Lance Stroll. A principal culpada é a mudança de regulamento.
Primeiro, um pouco de contexto: o apelido dado à Racing Point no ano passado não é em vão. O projeto era bastante semelhante ao da fábrica alemã – tão parecido que a Renault, com apoio de McLaren e Ferrari, ingressou com protesto na FIA, rendendo multa e perda de pontos para a adversária. A comissão considerou apenas os freios como problemáticos, enquanto o conjunto todo era alvo de contestação.
Para 2021, a Aston Martin seguiu um caminho diferente ao tentar se adaptar às mudanças de regulamento, principalmente na parte aerodinâmica. O resultado ficou aquém do esperado, muito em função do “rake”.
O QUE É O RAKE?
O rake é o ângulo de inclinação entre os eixos. Em outras palavras, a parte de trás do carro é mais alta que a parte da frente. Mas quão mais alta? Depende do rake. Carros como o da Red Bull (e de grande parte do grid) tem a parte de trás mais alta que a da frente (quase 2 graus), se comparado ao carro da Mercedes, onde essa diferença de altura em relação ao solo é menor (perto de 1 grau).
Parece pouca diferença, mas não é.
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Na mudança de regulamento, carros com rake baixo tiveram mais dificuldade para recuperar a pressão aerodinâmica. Assim, partindo da premissa que o carro da Aston Martin era parecido com o da Mercedes, coube aos ingleses tentar encontrar soluções para minimizar essa perda, dessa vez sem recorrer aos alemães.
O resultado fracassado dessa tentativa pode ser visto na pista.
NOVA MARCA E PILOTO
Se as várias alterações no carro já seriam difíceis de gerenciar, o cenário fica ainda mais desafiador considerando a mudança de marca, para se adaptar ao modelo Aston Martin.
Não foi apenas uma troca de cores ou puro branding: de fato, a cultura da Aston Martin passou a vigorar e nem sempre isso é fácil de absorver, mesmo considerando que a equipe já existe desde os anos 90, primeiro como Jordan, depois como Midland, Spyker, Force India e, por fim, Racing Point.
A chegada de Sebastian Vettel poderia facilitar, mas, na prática, o tetracampeão tem encontrado dificuldades para se adaptar ao novo carro e equipe, da mesma forma que Perez na Red Bull, Sainz na Ferrari e Ricciardo na McLaren.
Os novatos de casa estão penando mais do que o normal.
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VAI MELHORAR?
A Aston Martin realizou uma primeira tentativa de melhorar o carro, mas as atualizações no carro de Lance Stroll não surtiram efeito. Pelo contrário: o canadense piorou e ficou atrás do companheiro de equipe na classificação e no GP de Portugal, algo que não ocorreu nas outras corridas.
É possível que a equipe continue tentando alternativas, até entender que precisa poupar recursos para o carro do próximo ano, quando uma nova – e mais radical – mudança de regulamento acontecerá.
O novo regulamento de 2022 tem sido tratado com muita seriedade por todas as equipes, pois tem potencial para embaralhar a ordem de forças na Fórmula 1. Se não conseguirem trabalhar os novos padrões, a decepção com a Aston Martin pode durar mais do que uma temporada.
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