São Paulo

Especial Libertadores 2005: ‘Não ganharíamos o título com Leão’, diz Alex Bruno

POR GABRIELLA BRIZOTTI E GIULIANO FORMOSO

O dia 14 de julho de 2005 está marcado para sempre na memória do torcedor são-paulino. Nesta terça-feira (14), o São Paulo comemora o aniversário de 15 anos do título e o Esporte News Mundo conversou com Alex Bruno, zagueiro titular do na campanha do tricampeonato da América.

Alex chegou ao Morumbi após se destacar pelo Santo André campeão da Copa do Brasil, sobre o Flamengo, em 2004. O zagueiro foi fundamental na temporada de 2005, sobretudo na Libertadores, compondo a defesa titular com Fabão e Lugano. Depois, sofreu com várias lesões graves, perdeu espaço e acabou emprestado ao Botafogo em 2007.

Treinadores – Emerson Leão e Paulo Autuori

O São Paulo foi campeão paulista de 2005 (seu último título estadual até hoje) sob o comando de Emerson Leão. Jogando bem, o Tricolor não encontrou dificuldades naquele Paulistão, se sagrando campeão com rodadas de antecedência e com o melhor ataque da competição. A próxima meta era a Libertadores.

Leão recebeu uma proposta para treinar o Vissel Kobe do Japão e deixou o São Paulo em meio à fase de grupos da Libertadores. Milton Cruz assumiu por um jogo de forma interina e, na sequência, deu lugar a Paulo Autuori, que já havia sido campeão do torneio pelo Cruzeiro em 1997. Sobre essa troca no comando técnico, Alex Bruno afirmou:

– O Leão era um cara de difícil convivência. No meu ponto de vista, cobrava demais por pequenas coisas que eram desnecessárias. Ele fez um bom trabalho e fomos campeões paulistas, mas fiquei feliz quando ele saiu e chegou o (Paulo) Autuori. São estilos completamente diferentes. Eu acredito que, se tivéssemos ficado com o Leão, não teríamos sido campeões da Libertadores. Quando o Leão chega em um clube, ele se impõe e acaba causando um bom impacto inicial, mas quando o elenco se acostuma, a sequência dos trabalhos dele não é boa.

Questionado se algum jogador recebia tratamento especial, Alex disse:

– Não havia qualquer regalia. Na concentração, eram sempre dois atletas por quarto. Acho que só o Rogério Ceni tinha o quarto dele sozinho no CT e o lugar dele no ônibus. Quem sentasse no banco dele era mandado embora (risos).

Liderança do elenco – Rogério Ceni e Lugano

– Em questão de liderança, nada se compara ao Rogério. Pra mim, ele foi o maior de todos. Destaco também o Lugano, que foi um dos caras mais inteligentes com quem eu já trabalhei dentro do futebol. Quando você sai pra outro clube que percebe a liderança desses caras. Quando o Lugano chegou no São Paulo ele teve bastante dificuldade, mas se colocou como exemplo de vitória na persistência e na vontade – disse Alex Bruno.

Foto: Reprodução/São Paulo FC

Semifinal contra o River Plate

Após vencer o jogo de ida por 2 a 0 no Morumbi, com gols de Danilo e Rogério Ceni, o São Paulo foi a Buenos Aires enfrentar o River Plate. O time argentino contava com diversas estrelas e havia feito a melhor campanha da fase de grupos da competição.

Na chegada ao Monumental de Núñez, o ônibus são-paulino foi recebido com pedradas pela torcida argentina. Alex relatou o ocorrido:

– A gente já sabia que eles iam quebrar tudo. Hoje é mais tranquilo jogar lá na Argentina, mas na nossa época era muito complicado. Me lembro que deram um cobertor pra cada atleta para que a gente pudesse cobrir nossas cabeças em proteção aos ataques da torcida ao ônibus. Chegando no hotel, os cacos de vidro caíam dos cobertores. O Fabão, com aquele tamanho todo, estava com medo que invadissem o ônibus. Esse era o clima que eles queriam criar.

Em grande atuação, o São Paulo confirmou a vaga na grande final vencendo a partida por 3 a 2, com gols de Danilo, Amoroso e Fabão. Sobre aquela partida, Alex Bruno comentou:

– Foi a minha primeira partida contra um clube argentino e é completamente diferente. Tem essa rivalidade, eles não gostam da gente e nós não gostamos deles porque são muito folgados. Acredito que o jogador brasileiro se sobressaia na parte técnica, mas o argentino iguala com a catimba. Isso é da cultura do futebol deles. 

Superando rivais brasileiros – Palmeiras e Athletico

O São Paulo também teve que superar outros clubes brasileiros naquela Libertadores. Nas oitavas de final, enfrentou o rival Palmeiras e venceu os dois jogos, contando com o brilho do lateral Cicinho. Vitórias de 1-0 no Palestra Itália e 2-0 no Morumbi.

Sobre enfrentar clubes brasileiros na Libertadores, Alex disse:

– É mais difícil enfrentar clubes brasileiros. Mesmo com a catimba, eu ainda prefiro jogar contra argentinos. A gente teve bastante dificuldade contra o Palmeiras e o Athlético.

Após superar o River Plate na semifinal, a decisão foi contra o Athletico Paranaense. Foi a primeira vez que a Libertadores teve dois clubes do mesmo país na final. O jogo de ida teve que ser disputado em Porto Alegre, no Beira-Rio, pois a Arena da Baixada em Curitiba não comportava o público mínimo de 40 mil pessoas exigido pela Conmebol para uma decisão. É um fato que até hoje gera reclamação por parte da torcida athleticana, que acusa a direção são-paulina de ter realizado uma manobra política para alterar o local do jogo. Sobre isso Alex disse:

– Nem o presidente deles acreditava que chegariam à final. Eles já haviam sido avisados sobre esse problema da capacidade do estádio nas fases anteriores e não colocaram as arquibancadas móveis. O São Paulo não teve nada a ver, a gente poderia ter jogado em qualquer lugar que venceríamos da mesma forma. Depois, no Morumbi, todo mundo viu o que aconteceu.

Nos dois jogos, o São Paulo foi a campo com: Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Alex; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior; Amoroso e Luizão. Na ida, em Porto Alegre, empate por 1 a 1. Na volta, em São Paulo, vitória por 4 a 0 com gols de Amoroso, Fabão, Luizão e Diego Tardelli.

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