Há exatos 62 anos, nas dependências do estádio Rodolfo Crespi, o rei do futebol marcava um gol que entraria para história. Localizado na famosa Rua Javari, bairro da Mooca, na zona leste paulistana, a casa do tradicional Clube Atlético Juventus foi o palco de um dos mais famosos tentos de Pelé, surpreendendo os quase 10 mil torcedores que assistiam à vitória por 4 a 0 do Santos sobre o Juventus, em partida válida pelo Campeonato Paulista de 1959.
Em meio às vaias da torcida adversária, que reclamava de uma dividida dura entre Pelé e Pando, lateral da equipe grená, o rei já havia marcado dois gols, mas precisava de uma resposta mais intensa. E foi após um cruzamento de Durval que o eterno camisa 10 do Peixe recebeu a bola na entrada da área, aplicou uma meia lua no primeiro marcador, chapelou Homero e Clóvis, defensores da Juve, encobriu o goleiro Mão de Onça e, sem deixar a bola cair, cabeceou para o fundo da rede.
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Na comemoração, mais um momento histórico: pela primeira vez o Rei Pelé comemorava um gol com o tradicional soco no ar, que veio em resposta às críticas, xingamentos e reclamações proferidos pela arquibancada.
Sem registros em vídeo da partida, o gol chegou a ser reconstituído de maneira gráfica, para que assim pudesse ser eternizado. Porém, relatos dos jornais da época expressam a magnitude do lance. Textos escritos pelo jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva ao jornal A Tribuna de Santos, descreviam o lance como algo que beira o surreal: “ninguém viu coisa igual”.
— No capítulo dos gols magistrais, o que Pelé assinalou, domingo, na rua Javari, há que ter um realce especial. Lances existem que, pela sua formosura técnica, a gente os traz gravados nos olhos, de regresso a casa. […] Vi gols de todos os feitios, desde o que explode no fundo do retângulo como bomba de canhão, até o que chia ao contato dos barbantes encerados como azeite de alto custo em frigideira de ouro. Mas gol com aquele que Pelé presentou o mundo do futebol, domingo, na Moóca, eu creio que ninguém viu coisa igual até hoje. O gol de Pelé fez lembrar, até, a anedota do cidadão que após olhar demoradamente para a girafa, no jardim zoológico, comentou: “Isso não existe”.
Em homenagem ao lance, o busto do rei foi construído no estádio Rodolfo Crespi, como forma de eternizar o gol que, segundo o próprio Pelé, foi o mais bonito que ele marcou em toda a sua carreira.
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