Seleção Brasileira
“Há quantos anos ele sofre essa pressão?”, profissionais do futebol analisam fala de Neymar sobre 2022 poder ser sua última Copa
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Neste mês, Neymar surpreendeu o mundo do futebol ao dizer que a Copa do Mundo de 2022 poderá ser sua última por terá “mais condições de cabeça”. As declarações da estrela do Brasil e do PSG levantaram mais uma vez o debate sobre a pressão que atletas de alto nível sofrem.
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O tema saúde mental tem sido muito comentado no meio esportivo. Com a chegada das redes sociais, jogadores de futebol são alvo de críticas duras e constantes. O próprio camisa 10 foi bombardeado, recentemente, com comentários sobre seu peso e respondeu com gols e fotos. O especialista em atletas de alta performance, Edison Edwin, que também é responsável pela mentoria do filho de Ronaldinho Gaúcho, chama atenção para o poder da internet.
– Nós somos primitivos digitais. É uma relação muito nova essa facilidade de comunicação. Há alguns anos, os atletas eram acessados pela torcida e por grande parte da imprensa apenas. Pela mídia porque saía em jornais e revistas. Então era uma distância muito grande. Hoje em dia, com a democracia das redes sociais, essas pessoas têm oportunidade não só de consumir os conteúdos, mas também de interagir com cada um deles. O torcedor, agora, passa a ter uma voz muito maior numa partida de futebol do que só ir até o estádio, xingar ou gritar – comenta.
– O que ele disse foi, “não sei se estarei na outra copa”, ele não cravou dizendo: essa é minha última copa, acabou, não importa o que aconteça. Ele utilizou da entrevista como um desabafo, por tudo que ele tem passado em relação a imprensa. Claro que é uma declaração forte e impactante, mas existe também uma parte de intepretação do que ele falou e isso tudo atrelado com toda essa pressão que vem sendo amplificada em relação aos atletas, por conta da facilidade de comunicação que temos através de nossas redes hoje em dia – complementa.
A ex-vice-presidente do Vasco da Gama, Sônia Andrade, chama atenção ainda para a formação dos atletas e como é trabalhada a questão mental. Um dos fatores a serem ressaltados é a precocidade com que os jogadores são expostos.
– O futebol deveria olhar esses meninos como seres humanos, e, diante tanta exposição e cobrança, logicamente, se isso não é trabalhado desde o início, desde o dia que o menino entra em um clube para tentar uma vida profissional, o que vai acontecer lá na frente é exatamente isso. As cabeças dos atletas realmente não estão preparadas para tanta exposição e cobrança – analisa.
Edison Edwin relembra ainda de um jogo festivo com estrelas do futebol como Romário, Júlio Batista, Roberto Carlos, Robinho em que participou, do qual Neymar atuou, mesmo sendo apenas uma criança com idade de estudar no ensino fundamental
– O Neymar tinha 13 anos e estava nessa partida, inclusive, no meu time… então você vê que… há quantos anos ele sofre essa pressão, né? Ele fez a estreia dele na Seleção Brasileira em 2010, então, só de seleção ele tem 11 anos como um atleta de extremo destaque e foco, e de uma alta exposição de mídia – conta o especialista em atletas de alta performance.
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Sônia Andrade olha para frente e vê um meio de estas declarações do camisa 10 poderem causar outros efeitos no futebol. Uma consequência que poderia se desdobrar positivamente, é que os clubes passem a repensar na questão psicológica dos atletas.
— A questão psicossocial e pedagógica tem que ser inserida no contexto do futebol desde o primeiro dia que esse atleta ingressa para se tornar profissional. Precisamos colocar o departamento psicossocial como algo que vai levar o atleta a uma profissão futura mais segura, galgada em aspectos positivos e com o fortalecimento da questão psicossocial, dessa maneira eles vão se fortalecer como profissionais – finaliza.