Adentramos dezembro e a temporada da Fórmula 1 está a menos de duas semanas de seu final. Enquanto Max Verstappen, Lewis Hamilton, Mercedes e a Red Bull batalham pelos títulos dos Campeonatos de Piloto e Construtores, algumas escuderias já escolheram os pilotos que farão os testes dos novos pneus para 2022.
Os treinos serão um preparo para o próximo ano, já que os pneus mudarão de aro 13′ para 18′, e a Pirelli espera que os dois dias em Abu Dhabi após o fim da temporada serão suficientes para analisar o desenvolvimento final. Também será uma chance para a empresa ver o desempenho da nova tecnologia numa pista com tráfego, já que os carros estarão juntos na pista e não será um teste isolado.
Ainda assim, o resultado das estatísticas não dará um aspecto geral do próximo ano, já que as equipes utilizarão ‘carros-mula’, ou seja, os carros da atual temporada, porém adaptados para encaixar os pneus de aro maior. Portanto, o kit aerodinâmico e a estrutura em si do novo carro ainda farão muita diferença nos dados para o próximo ano.
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A única exceção, até o momento, para os testes de pós-temporada em Abu Dhabi será a Williams. A equipe britânica optou por não construir um carro-mula para usar os novos pneus pelo custo financeiro. O chefe de desempenho do veículo da Williams, Dave Robson, confirmou em agosto a decisão:
— Idealmente você teria o carro-mula, correria e teria o aprendizado você mesmo. Mas as partes que precisam ser feitas, particularmente nas rodas, você precisaria ter isso decidido há muito tempo, enquanto nós não tivemos tempo ou os recursos para tal. Então é uma decisão antiga que agora é irreversível. Nós ainda vamos ter uma quantidade razoável de dados da Pirelli e vamos conseguir fazer testes de laboratório. Será uma pequena desvantagem, mas acredito que vamos recuperar rapidamente.
Enquanto a Williams optou por não ir para o teste de pós-temporada nos Emirados Árabes Unidos, cinco equipes já confirmaram quem serão os pilotos no evento, com alguns nomes já tendo aparecido no último ano. As outras quatro equipes que devem participar ainda não confirmaram, mas existem alguns nomes possíveis para algumas delas.
Os confirmados
Liam Lawson – Alpha Tauri
O neozelandês entrou na Equipe Jovem da Red Bull em 2019, logo antes de começar a competir na Fórmula 3 pela MP Motorsport. Ao fim da temporada, Lawson foi o 11º, 171 pontos atrás do campeão Robert Shwartzman, e conquistou dois pódios: um terceiro em Silverstone, e um segundo em Monza.
No ano seguinte, ficou na quinta colocação geral, com três vitórias (Red Bull Ring; Silverstone; Mugello) e outros três pódios. Na pontuação, ficou com uma desvantagem de 21 pontos para o campeão, Oscar Piastri, mas bateu seu companheiro, o estreante Dennis Hauger, por 129 pontos.
Já em 2021, até o momento, corre pela Hitech na Fórmula 2, sendo o oitavo com dois fins de semana restando na temporada. Junto à F2, Lawson competiu também na DTM (Deutsche Tourenwagen Masters), campeonato de carros de turismo, pela AF Corse. O neozelandês foi vice-campeão, com controvérsias na última etapa do campeonato, em Norisring. Ainda assim, entre os pilotos da Red Bull abaixo da F1, Liam Lawson é o segundo melhor colocado, abaixo apenas de Jüri Vips.
Jüri Vips – Red Bull
Como descrito acima, Jüri Vips também é da Equipe Jovem da Red Bull e atualmente é o sexto colocado no Campeonato de Pilotos da F2, com duas vitórias na temporada (ambas em Baku) e outros três pódios, e tem 22 pontos de vantagem sobre Lawson, seu parceiro na Hitech.
O estoniano entrou para a Red Bull no final de 2018, quando chegava perto do final de sua primeira temporada completa na Fórmula 3 Europeia, a qual acabou em quarto lugar no campeonato. No ano seguinte, repetiu a colocação na tabela, com três vitórias e mais um pódio.
Seu primeiro ano na Fórmula 2 foi 2020 e não foi muito constante pelo calendário. Sua primeira tentativa, na realidade, foi a Super Formula, interrompida pela pandemia da COVID-19. Assim, partiu para a Formula Regional Europeia (FREC), até que, no meio da temporada da F2, foi convocado para substituir Sean Gelael na DAMS. Intercalando seu ano entre F2, Super Formula e FREC, Vips acabou fazendo os testes necessários para a Super Licença e conseguiu uma vaga na Hitech para 2021.
Essa não será a primeira vez de Jüri Vips nos treinos pós-temporada da Fórmula 1. Em 2020 foi escalado como piloto reserva na Red Bull e na AlphaTauri, e após o fim do calendário, estava nos Emirados Árabes Unidos, junto com Sebastien Buemi.
Robert Shwartzman – Haas
Outro piloto que já teve experiência nesse teste pós-temporada é Robert Shwartzman. Em 2020, após um quarto lugar em seu campeonato de estreia na F2 com a Prema, o russo teve uma chance de testar a Ferrari juntamente com Antonio Fuoco.
Shwartzman entrou para a Academia de Pilotos da Ferrari em 2017, após fazer testes para a Prema na Fórmula 3 e conquistou a vaga na equipe para o ano seguinte. Entre os dois anos que participou da F3, o russo conquistou 21 pódios, incluindo cinco vitórias, e foi o campeão da categoria em 2019.
O título foi o suficiente para uma promoção para a Fórmula 2, onde está atualmente em sua segunda temporada. Na categoria chegou em 11 pódios e venceu seis corridas até o momento, sendo o quarto colocado na classificação de 2020, e terceiro neste ano, com dois fins de semana até o fim do calendário.
‘Pato’ O’Ward – McLaren
Antes do início da temporada de 2021 da IndyCar, Zak Brown, o CEO da McLaren Racing, apostou com o mexicano Patricio O’Ward que, se o jovem piloto conquistasse uma vitória na sua segunda temporada da Indy com a Arrow McLaren SP, teria uma chance de testar o carro da montadora na Fórmula 1.
O’Ward rapidamente cumpriu sua parte da aposta. Na quarta etapa da Indy, o mexicano conseguiu sua primeira vitória, e adicionou mais uma ao longo da temporada, além de outros três pódios. Durante sua carreira, foi campeão da IndyLights no seu segundo ano de categoria.
Pato O’Ward já teve uma prova com a Fórmula 2, quando substituiu Mahaveer Raghunathan na MP Motorsport por duas corridas. O mexicano já teve um gostinho da McLaren MP4/13 neste ano, guiando com o auxílio do campeão que utilizou o mesmo carro em 1998, Mika Häkkinen.
‘Nick’ Yelloly – Aston Martin
O último piloto da lista que já está confirmado é o britânico Nicholas Yelloly. Desde 2020, é piloto de simulador da Aston Martin (então Racing Point) e, diferente dos companheiros confirmados no teste dos novos pneus da Pirelli, já tem muito mais experiência. Em seus 30 anos de idade, já passou pela Fórmula Renault 3.5, porém depois de 2013 se manteve nos torneios de carros de turismo.
Alternando entre GP3, GP2 e outras competições, uma de suas melhores temporadas da carreira foi em 2017, na Porsche Carrera Cup da Alemanha, quando conquistou oito pódios, incluindo três vitórias, em 14 corridas. Na ocasião, terminou o campeonato em segundo lugar com 36 pontos de desvantagem para o campeão Dennis Olsen.
Assim como outros pilotos da lista, não será a primeira vez de Nick Yelloly na Fórmula 1. Em 2019, o piloto britânico fez parte dos testes para jovens pilotos após o GP de Barcelona, pela então Racing Point.
Outros nomes possíveis
Até o momento, Alfa Romeo, Alpine, Mercedes e Ferrari não anunciaram oficialmente suas escolhas para os testes de pós-temporada, alguns nomes aparecem para algumas das equipes. Principalmente Alpine e Alfa Romeo.
Oscar Piastri – Alpine
O provável campeão da Fórmula 2 não terá uma vaga titular na próxima temporada da Fórmula 1. Se confirmado seu título, o australiano não pode continuar na categoria, e assim, já ganhou uma vaga de piloto reserva na Alpine.
Considerando seu desempenho surpreendente e dominante na Fórmula 2, com três vitórias e outros quatro pódios, Piastri é o piloto da Academia da Alpine melhor colocado para testar os novos pneus para o carro da Fórmula 1. Os outros que fazem parte da academia são: Caio Collet e Victor Martins, na Fórmula 3, e Christian Lundgaard, na Fórmula 2 e com acerto para a IndyCar. Zhou também era da Alpine, mas saiu para ser titular pela Alfa Romeo em 2022.
O australiano, além de ser o melhor piloto disponível pra equipe, seria uma experiência a mais para um piloto que estará disponível no paddock, possivelmente para ser titular no futuro recente.
Valtteri Bottas e Guanyu Zhou – Alfa Romeo
Frédéric Vasseur terá um time completamente novo para 2021. O CEO da Alfa Romeo substituiu Kimi Raikkonen por outro finlandês experiente do grid com Bottas, e terá ao lado dele o primeiro chinês da história da F1, Zhou.
O suíço já espera que Bottas esteja disponível pela Mercedes para os treinos pós-temporada, logo após o fim do calendário em Abu Dhabi, para fazer os primeiros testes e ter um bom feedback do desempenho da equipe:
— Nos encontramos com Valtteri algumas vezes e discutimos com a Mercedes para colocá-lo no carro em Abu Dhabi. Será um carro completamente novo no próximo ano e será diferente, mas em alguns sistemas é importante para nós, mesmo que você tenha só o simulador e possa testar muitas coisas.
Mesmo sendo estreante, Zhou já testou o carro da Renault no pós-temporada de 2020, além de já ter participado de uma sessão oficial com a Alpine em 2021, durante o Treino Livre 1 na Áustria. Ainda assim, após a temporada da F2, seria uma chance do chinês começar a se integrar numa categoria acima da sua desde o fim deste ano.
Quando será o pós-temporada?
Das dez equipes no grid, apenas cinco já confirmaram seus pilotos para a pós-temporada. No ano que vem, dentro das várias mudanças de regras já apresentadas pela Fórmula 1, os pneus irão mudar para aro 18′, e os testes após a corrida nos Emirados Árabes Unidos apresentará o desempenho com uma sessão conjunta das equipes.
A temporada da Fórmula 1 acaba após a corrida em Abu Dhabi, com largada definida para o dia 12 de dezembro, no domingo, a partir das 10h. Considerando o intervalo do último ano, em 2020, os treinos após o fim do ano foram dois dias depois da corrida final, portanto, uma possível data para 2021 são os dias 14 e 15 de dezembro.
Essa não será a última chance das dez equipes do grid testarem os novos pneus. Em 2022, a FIA definiu seis dias de pré-temporada para sessões de testes: de 23 a 25 de fevereiro em Barcelona, e de 10 a 12 de março no Bahrein.
