Terceira colocada no mundial de construtores da F1, a McLaren precisou encarar um desafio diferente para 2021: a mudança para o motor Mercedes forçou a equipe de Woking a driblar a pandemia e construir praticamente um “novo carro”, sem descuidar dos protocolos para evitar o novo coronavírus.
Ainda não se sabe se o MCL35M é rápido e confiável, mas seu desenvolvimento já é uma grande história. Piers Thynne, diretor de produção da equipe inglesa, explicou ao site oficial que o trabalho remoto foi largamente utilizado e a fábrica dividida em setores, com quase nenhum trânsito de pessoas entre as áreas. Até o teste de impacto homologado pela FIA, em dezembro, teve que ser realizado remotamente. “Tivemos que instalar câmeras e transmitir com links ao vivo, então eles puderam ver todos os dados e seguir de perto todos os passos do processo”.
O diretor afirma que poucas pessoas tiveram acesso ao Centro Tecnológico e, mesmo assim, o contato entre elas foi reduzido ao máximo.
— Dividimos o prédio [da fábrica] em setores e as pessoas eram encorajadas, sempre que possível, a não irem para a outra zona. Por exemplo, alguém na usinagem não deve ir para a área de compostos e vice-versa. Quando peças precisavam ir de uma zona à outra, designamos áreas para que fossem depositadas e então outra pessoa pegaria – não temos entrega de pessoa para pessoa — explicou Thynne.
PIJAMA E CABELO DESPENTEADO
Sem poder comparecer na fábrica, os funcionários precisaram encontrar novos jeitos de solucionar problemas no desenvolvimento, inclusive com muitas fotos e vídeos. Certas formalidades nas reuniões ao vivo foram abolidas, permitindo que as câmeras ficassem ligadas mais tempo:
— Quem liga se você ainda está de pijama ou não penteou o cabelo? Não me preocupo com isso, não importa. Se você precisa atender a porta porque chegou uma encomenda, está tudo bem. Se o ensino remoto dos seus filhos está sendo um pesadelo, e você só vai poder terminar a tarefa mais tarde, tudo bem também. Essa é a realidade. É a nossa vida agora.
PRATICAMENTE UM NOVO CARRO
A volta da parceria com a Mercedes para o fornecimento de motores é a grande aposta da McLaren para manter os bons resultados e evitar ser superada principalmente por Ferrari, Aston Martin e Alpine.
No entanto, o novo motor desencadeou um efeito-dominó. “Essencialmente, construímos um novo carro”. Entre as novas peças construídas para acomodar a unidade de potência estão a caixa de câmbio, toda a parte de resfriamento (com fluidos e com ar), chicotes elétricos e caixas de controle, tudo isso alterando a arquitetura do carro e como essas peças são protegidas.
Para se manter dentro do regulamento que prevê uma espécie de teto de gastos, a McLaren garante que usou ao máximo o Transitional Carry Over (TCO), aproveitando partes internas da caixa de câmbio e componentes da suspensão, que não precisaram ser desenvolvidos.
— As novas restrições de custos são bem diferentes do que já tínhamos vivido. Nos demandou uma mudança na abordagem porque há uma relação entre custo e performance. Sim, temos que manter o limite de gastos, mas sem perder desempenho. Não dá só para fazer um carro barato. Você vai acabar fazendo um carro mais lento. Você tem que olhar de forma geral e entregar eficiência em todas as áreas, sem detrimento do desempenho do carro – finalizou.
A McLaren promete apresentar o carro de Lando Norris e Daniel Riccardo em 15 de fevereiro.