Santos

Do vice da Libertadores ao risco de rebaixamento no Campeonato no Paulista, o que mudou no Santos em menos de quatro meses

Bandeira Santos
Foto: Reprodução/Santos FC

Em 30 de janeiro de 2021, Santos e Palmeiras se enfrentaram pela final da Libertadores, com o Peixe terminando a competição em segundo lugar. Sob o comando de Cuca na Libertadores, o Santos conquistou 16 dos 18 pontos que disputou na primeira fase, vencendo em 5 partidas e empatando em uma única ocasião, atingindo incríveis 88,9% de aproveitamento na fase de grupos. Se classificou para as oitavas com a segunda melhor campanha do campeonato, atrás apenas do Palmeiras, que viria a ser campeão. E isso sem contar os excelentes resultados da equipe, como o 4 a 1 sobre o Grêmio e 3 a 0 contra o Boca Juniors, jogos válidos, respectivamente, pelas quartas de final e semi-final da competição, ambos disputados na Vila Belmiro.

Pouco mais de três meses depois, o Peixe passa por uma situação extremamente complicada, realizando uma de suas piores campanhas na história do Campeonato Paulista e se salvando do rebaixamento no último jogo da primeira fase da competição, após vencer o São Bento por 2 a 0 na Vila Belmiro.

A saída de jogadores importantes, como Lucas Veríssimo, pilar da defesa de Cuca, e Yeferson Soteldo, referência do ataque santista, até podem ser apontadas como causa parcial da queda de rendimento da equipe, mas definitivamente não podem ser colocadas como grandes culpadas pela derrocada em que o time se encontra, que se baseia sobre os muitos problemas alocados em diversos setores do clube.

As pendências financeiras que envolvem a equipe alvinegra não são novidades, e a saída de Soteldo ilustra bem o cenário da equipe. Vendido ao Toronto FC como forma de pagar as dívidas criadas pelo Peixe na compra do próprio jogador, o Santos repassou integralmente o valor recebido pela venda do craque ao Huachipato, ex-clube do meia, como forma de pagar a compra do jogador, que nas palavras do presidente Andrés Rueda “na verdade, o Santos comprou, mas nunca pagou”. Construída ao longo dos anos, a dívida do Peixe é de cerca de R$ 700 milhões, deixando o clube em uma situação complicada, na qual é preciso entregar resultados, mas as possibilidades são escassas.

Dentro de campo, o Santos apresenta postura pouco reativa e entrega resultados extremamente abaixo do esperado, e o Campeonato Paulista mostra perfeitamente os problemas da equipe. Por turbulências extracampo envolvendo a torcida alvinegra, Ariel Holan e Marcelo Fernandes assumiram, por períodos intercalados, o comando da beira do campo. Ao todo, o alvinegro teve uma de suas piores campanhas do Campeonato Paulista, e como consequência ficou extremamente próximo de um rebaixamento inédito, se salvando somente no último jogo da fase de grupos em um confronto direto contra o São Bento.

Pela primeira vez em seus 109 anos de história, Santos é rebaixado para a segunda divisão
Santos realiza uma de suas piores campanhas na história do Paulistão, se livrando do rebaixamento na última rodada – Foto: Reprodução/Santos FC

Sob o comando de Ariel Holan o Peixe conquistou apenas 7 dos 21 pontos que disputou, com um aproveitamento de aproximadamente 33%, distribuído em 2 vitórias, 1 empate e 4 derrotas. Vale ressaltar que somando todas as derrotas do técnico argentino o Peixe levou um total de 10 gols e não marcou nenhum. Já com Marcelo Fernandes no controle da equipe, o Santos conquistou 6 dos 15 pontos disputados, apresentando 1 vitória, 3 empates e 1 derrota, com um aproveitamento de 40%. 

Comparando as estatísticas do time em seu ápice, na Libertadores 2020, ao seu fundo do poço, no Paulistão 2021, o rendimento da equipe caiu significativamente em um curto período. Na Libertadores, o Santos marcou 20 gols e sofreu 10 nos 13 jogos que disputou, mantendo uma média de 10,7 finalizações por jogo. Já no Paulista foram 12 gols marcados e 19 sofridos em 12 partidas, com uma média de 7,6 finalizações por jogo. Observando os dados referentes à defesa e à dominância da equipe em campo, a média de desarmes por jogo cai (15,9 na Libertadores, 14,9 no Paulista), assim como a média de interceptações (12,9 na Libertadores, 11,4 no Paulista) e cortes (21,6 na Libertadores, 14,5 no Paulista), números que parecem contraditórios em relação ao aumento de 7,3% na posse de bola, mas que se justificam na média de gols sofridos por jogo, que salta de 0,8 na Libertadores para 1,6 no Paulistão.

Números não ganham jogos, mas auxiliam a enxergar a realidade. O Santos de hoje ataca menos e aproveita menos o tempo em que consegue manter a bola sob o seu controle. Em menos de 100 dias, o Peixe saiu do topo da principal competição sul-americana de futebol para o final da tabela do campeonato estadual, e agora cabe àqueles que comandam o clube recolocá-lo no cenário competitivo do futebol nacional.

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