Dois dias após travar uma batalha por três pontos contra o Atlético-GO, Maurício Barbieri mais uma vez viu seu elenco sofrer com as dificuldades impostas pelo time adversário. Na tarde desta quarta-feira (1), o Red Bull Bragantino enfrentou o Ceará, em casa, e conseguiu somente um ponto, encerrando a partida em um empate por 0x0. Com um misto de emoções, o comandante lamentou, após o jogo, a oportunidade perdida de aumentar sua vantagem na liderança do Brasileirão, porém também buscou exaltar diversos pontos positivos que observou durante o embate.
Barbieri iniciou sua fala pós-jogo fazendo uma breve análise do adversário e dos pontos falhos na tática que o Massa Bruta adotou durante a partida. “Sem dúvida nenhuma esperávamos uma vitória, mas infelizmente não conseguimos imprimir o ritmo e a intensidade habitual. Especialmente no primeiro tempo isso ficou claro; apesar de ter o controle do jogo, faltou com que criássemos oportunidades melhores. A equipe do Ceará é uma equipe que tem um contra-ataque muito rápido e é muito forte fisicamente. Mas conseguimos um empate que acho que não é dos piores resultados e ainda nos mantém no topo da tabela. Porém volto a frisar que, sem dúvida nenhuma, nossa ideia era buscar a vitória”.
Logo após o comentário inicial, o comandante buscou se aprofundar no estilo de jogo empregado pelo adversário, dizendo que “o Ceará adotou uma postura mais defensiva e muito reativa. Procurou construir pouco, não ter o controle do jogo e sempre tentou definir rápido a jogadas. Acabaram explorando um pouco das características dos jogadores que eles têm também”. Quando perguntado sobre os detalhes que faltaram para um resultado positivo, disse: “Eu acho que termos imprimido um pouco mais de ritmo na movimentação da bola, para gerar mais espaços nas defesas deles, conseguir fazer com que eles balançassem depois e, de repente, pegar o lado oposto um pouco mais livre. A gente também podia ter feito melhores escolhas na hora de decidir. No primeiro tempo, em especial, forçamos muitos cruzamentos pelo alto, apesar da zaga deles ser muito alta. Inclusive, essa foi uma conversa que a gente teve no vestiário, para tentar explorar um pouco mais as bolas de chão”.
Ainda sobre os detalhes que quase interferiram positivamente no resultado do jogo, o técnico fez questão de frisar uma ótima finalização de Pedrinho no final da partida, que surgiu da junção entre a orientação do comandante e a execução dos jogadores. “Foi uma orientação no sentido de que eles estavam fechando bastante os espaços por dentro e nós precisávamos procurar as laterais do campo para tentar cruzar mais a bola, gerando mais volume na área. Nesse sentido, sim, partiu da orientação, mas a a execução, o entendimento e a escolha final sempre é dos jogadores”.
Imediatamente após encerrar suas considerações a respeito do coletivo, Barbieri passou a destacar atuações individuais, a começar pelo zagueiro Natan. “O Natan já tinha feito outros bons jogos, mas eu concordo que hoje ele fez uma partida de altíssimo nível. Isso vai de encontro ao que eu falei em relação ao Ceará ter um contra-ataque de muita velocidade, com os três homens de frente. Ele fez coberturas espetaculares, ganhou os duelos físicos e ajudou bastante a equipe. Para nós é fundamental poder contar com jogadores que às vezes tem menos oportunidades, mas quando entram conseguem elevar ou manter o nível”. O técnico também fez questão de elogiar, mais uma vez, o goleiro Cleiton, dizendo que “Em especial nos três últimos jogos, o Cleiton sem dúvida nenhuma teve atuações incríveis; teve um papel determinante pras nossas vitórias, fazendo defesas importantes em momentos cruciais”.
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Sobre uma eventual queda de rendimento de Artur, um dos principais jogadores do elenco neste início de campeonato, o treinador explicou que “Eu acho que não tem a ver especificamente com a questão dos jogadores em volta. Tem mais a ver com a dinâmica que a equipe conseguiu imprimir nas outras oportunidades e que não conseguiu imprimir nos últimos dois jogos. Porque, na verdade, contra o Atlético-GO também não foi um jogo em que criamos grandes oportunidades. Foi uma equipe que também se defendeu muito embaixo, com um bloco muito baixo, então nem tinha espaço pra flutuar entre linhas. Tínhamos que conseguir ter uma maior dinâmica de passes de aceleração, para que, quando a bola chegasse no Arthur, ele tivesse mais espaço e mais tempo para fazer uma jogada no individual. Então, eu acho que tem a ver um pouquinho mais com a dinâmica que a equipe precisa voltar a imprimir”.
Já projetando os confrontos seguintes e eventuais desfalques, Maurício Barbieri comentou a respeito de Claudinho, Cuello e Hurtado. “Até onde eu sei, mas é possível que eu esteja equivocado, ele [Claudinho] pode atuar no meio de semana. Essa é a informação que eu tenho (…) Eu não tenho a confirmação se eu vou poder contar com eles [Cuello e Hurtado] no final de semana. Me parece que a situação do Cuello está mais encaminhada do que a do Hurtado, mas eu não tenho como afirmar a você que eles estarão disponíveis para o domingo“.
Sobre Bruno Praxedes, jovem recém contratado que ainda não teve a oportunidade de estrear pelo clube, o comandante buscou acalmar os torcedores mais ansiosos, dizendo que, eventualmente, o jogador receberá suas oportunidades. “Ele chegou, está treinando e já conseguiu vir a dois jogos, porém ainda está entendendo e aprendendo a dinâmica de jogar da equipe. É um jogador que, a princípio, tem as características para atuar como o Lucas Evangelista ou como atua o Ramires. Ele pode fazer o papel de um primeiro volante, como o Ramires faz em algumas situações, mas é um jogador mais de chegada. Entretanto, não tenho dúvida de que o Praxedes vai nos ajudar bastante e que, daqui a pouco, com a sequência de jogos, ele vai ter as oportunidades de nos ajudar muito”.
Após finalizar os comentários acerca do embate contra o Ceará, Barbieri enfatizou o tamanho do desafio que sua equipe terá pela frente, já que o próximo jogo do Braga será contra o São Paulo. “É um desafio grandíssimo. Eu sei que o São Paulo não vem no melhor momento da temporada, mas é uma equipe de tradição gigantesca, de muita história, com um elenco muito qualificado e com um treinador que já conseguiu fazer um trabalho muito bom no primeiro semestre. Eu acho que é questão de tempo até que eles consigam encontrar o caminho novamente, mas o nosso papel será fazer com que isso demore um pouco mais”.
Questionado sobre a eventual postura que a equipe da capital adotará frente a seu elenco, o técnico disse: “Pelo momento que eles estão, fica um jogo mais aguerrido, mais disputado. Acaba fugindo do que é normalmente a característica com as equipes de mais tradição. E isso pode ser uma dificuldade para nós. Mas só vamos ter certeza disso a partir do momento que a bola rolar. O que temos que fazer agora é recuperar os jogadores, para só depois analisar o São Paulo e fazer as melhores escolhas”.
Em um tom mais leve, Barbieri brincou a respeito da situação contratual de Messi – que está sem contrato após seu acordo se encerrar com o Barcelona – dizendo que “temos o Helinho e o Arthur, que são canhotos. Mas vou conversar com a direção se é possível trazer mais um jogador canhoto. Agradeço a indicação. Eu acho que talvez a gente consiga achar um espaço pra ele”.