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Tiago Nunes pede paciência, e resultados do trabalho começam a aparecer

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Um ponto que sempre é frisado por Tiago Nunes é o tempo de seu trabalho. Em diversas entrevistas coletivas, o técnico do Corinthians pedia calma para que a sua filosofia fosse moldada. Em um momento, até deu um prazo: 30 jogos para ver resultado. Desde que chegou no clube, foram 18 partidas, incluindo Florida Cup, pré-Libertadores e Campeonato Paulista.

Os números de modo geral ainda não são os melhores. Ainda assim, das oito vitórias até aqui, metade veio nas últimas quatro rodadas do Paulistão. O trabalho vem se solidificando, principalmente desde a volta do futebol após a parada pela pandemia. No Athlético Paranaense, onde Tiago Nunes despontou como um bom nome da “nova geração” de treinadores, as circunstâncias eram um pouco diferentes.

Arrancada rápida

Tiago Nunes chegou no Athlético em setembro de 2018, depois do tempo ruim de Fernando Diniz no clube. Perdeu seus três primeiros jogos, mas nas próximas 22 partidas até o fim da temporada, foi derrotado em apenas duas. Para completar, foram 16 vitórias e o título da Copa Sul-Americana.

No Furacão, o treinador engrenou rapidamente, aproveitando uma ideia de posse de bola e construção coletiva que já existia na equipe. Potencializou o time dando força aos lados do campo e a constante movimentação no ataque. E vale lembrar que, no Athlético, Tiago Nunes tinha um elenco mais consolidado e já definido. Bons nomes como Renan Lodi, Léo Pereira, Bruno Guimarães, Lucho González, Raphael Veiga e Pablo figuravam o plantel.

No Corinthians, entretanto, ele tem um desafio bem diferente. Para a temporada de 2020, o clube trouxe 34 jogadores para o elenco, contando a volta de atletas emprestados em outros clubes, contratações e empréstimos. E a reformulação foi total: 39 saídas. Entre elas, diversos jogadores importantes nos últimos anos do Timão, como Manoel, Ralf, Jadson, Vagner Love, Pedrinho e Pedro Henrique.

Dito isso, o “prazo” de 30 jogos pedido pelo treinador é compreensível. Mérito por ter pegado o Athlético com o barco andando e ter atingido o sucesso – transformou uma equipe de 34% de aproveitamento em sétimo colocado no Brasileirão, sem contar a Sul-Americana. Mas, ainda assim, o trabalho do Corinthians é mais árduo.

Culturas contrastantes

No Corinthians, Tiago Nunes não tem uma tarefa mais complicada pelo clube “pressionar mais” por resultados. Isso também influi, mas a mudança de cultura que o presidente Andrés Sanchez trouxe junto com o treinador não é fácil de ser feita. Na última década, o Corinthians teve uma ideia clara, que passou por Mano Menezes, Tite e Fábio Carille – solidez defensiva.

Não que os times fossem “retranqueiros” como alguns torcedores ilustravam, mas foi criada uma cultura que trabalhava muito a defesa. Recomposição, o “balanço” das linhas durante a fase defensiva e “estreitar” o time eram alguns princípios corintianos dessa época. Tão bem trabalhados que fizeram do clube o maior campeão da última década no futebol brasileiro, com 10 títulos.

Em entrevista coletiva antes das quartas de final do Paulistão, diante do Red Bull Bragantino, Tiago Nunes comentou sobre essa mudança. “Fui contratado por ter um perfil de ideias mais parecido com o que o Andrés (Sanchez) tinha interesse em implementar”, disse na oportunidade. E é clara a intenção do clube com a contratação do treinador: trocar de “defensivo” para “ofensivo”.

Com uma filosofia de posse de bola, velocidade pelos lados e movimentação no último terço, o plano, no papel, agradou a diretoria e os torcedores na época. Sair da “retranca” de Carille ou da “empaTite”, que pararam de trazer grandes resultados, era o desejo de todos. E, para que isso seja aplicado, é preciso de tempo.

Primeiros sinais do sucesso

O Corinthians, aos trancos e barrancos, já mostrava sinais do plano de Tiago Nunes. Mesmo sem os melhores resultados, o time já mantinha a bola com mais qualidade (média de 54% de posse) e contava com bons números de finalizações (15 por partida).

Mesmo com a reformulação do elenco ao longo do Paulistão, o técnico seguiu firme em sua filosofia. A parada ajudou a repensar, “fechar” o elenco e, então, voltar mais bem preparado. É o que tem acontecido, com o melhor momento do treinador no Corinthians até então.

Um título diante do Palmeiras coroaria a paciência e confiança da diretoria no trabalho de Tiago Nunes. Ao mesmo tempo, daria ainda mais calma para que o técnico planejasse a temporada que vem pela frente. Faltam 12 jogos para a marca dos 30 comentada na entrevista, mas os sinais já se mostram animadores.

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