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Como Tiago Nunes pode se espelhar em Guardiola para ajustar a defesa do Corinthians

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

O Corinthians contratou Tiago Nunes para mudar a filosofia tradicional da equipe. Foi confirmado pelo treinador que o presidente do clube, Andrés Sanchez, o levou à Itaquera para uma transição de culturas dentro de campo. Campeão da Sul-Americana e da Copa do Brasil com o Athlético em um ano e meio de trabalho, o treinador tem tido altos e baixos no Timão.

Um dos principais aspectos de jogo do treinador é a posse de bola, muito comum nas ideias atuais do futebol. Ainda assim, existem diferentes maneiras de ter e usar a bola em uma partida. No Corinthians, Tiago Nunes usa de um estilo posicional, como ficou enraizado na cultura de jogo do Barcelona e em seu principal percursor na atualidade, Pep Guardiola.

Semelhanças?

Quando assumiu a equipe principal do Barcelona, Pep dispensou jogadores que, para ele, não se encaixariam no seu estilo. E não foi qualquer um: lendas como Deco, Eto’o e Ronaldinho Gaúcho deixaram o clube. Ídolos do Corinthians, como Ralf, Jadson e Vágner Love, também foram liberados com a chegada do novo treinador.

Ainda assim, não é justo falar que os trabalhos de Guardiola e Tiago Nunes são parecidos – não é verdade. Dentro do campo, o Corinthians demonstra algumas referências do jogo de posição dos primeiros momentos do catalão no Barça. Laterais colados à linha, “abrindo” o campo, construção desde a defesa com triangulações e pontas que caem por dentro são alguns pequenos pontos em comum. Mas as diferenças também são numerosas.

Entretanto, os treinadores compartilham um problema, mesmo que em estágios diferentes na carreira: o contra-ataque. Quando foi treinar o Bayern de Munique, Guardiola sofreu muito com o rápido jogo alemão, especialista em saídas velozes. Seu time atacava muito alto no campo e deixava a zaga exposta, geralmente nas costas dos laterais. Essa é uma semelhança negativa com o Corinthians de Tiago Nunes.

Transição defensiva

Na última rodada do Brasileirão, na vitória por 3 a 1 contra o Coritiba, o Corinthians mostrou essas vulnerabilidades. Com um jogador a mais desde os 15 minutos, o alvinegro empurrou o adversário para trás e passou grande parte do jogo no campo ofensivo. Mas, ainda no primeiro tempo, o Coxa teve três oportunidades (uma resultando em gol) ao pegar os mandantes desprotegidos.

Com as subidas de Sidcley e Fagner, e a dupla de zaga próxima ao meio-campo, o Corinthians tem grandes chances de pecar na transição defensiva. Sozinho, Gabriel não consegue cobrir tantos espaços e, geralmente, a equipe acaba correndo para trás com suas linhas desorganizadas. Era isso que Guardiola não queria no seu Bayern e, então, fez mudanças.

Naquele caso, o catalão tentava cortar o contra-ataque na raiz, antes mesmo do adversário se montar. Pep pedia a seus jogadores que pressionassem a bola assim que a perdessem e, como os jogadores estavam bem próximos ao gol adversário, ficava fácil fechar os espaços. No jogo posicional do Bayern, cada atleta estava sempre no lugar certo para atacar e começar a defender já no campo ofensivo.

Tiago Nunes, por sua vez, não exerce essa pressão. Diferente de “marcar alto” ou pressionar a saída de bola, a pressão pós-perda pode ser uma arma para retardar o ataque adversário e dar uma chance à equipe de roubar a bola próxima ao gol. Dessa forma, os laterais, que ficam posicionados bem alto no campo, poderiam ficar menos vulneráveis.

Cada qual com seu igual

Mesmo assim, não quer dizer que simplesmente “copiar” algumas ideias de Guardiola fariam do Corinthians uma potência. O contexto é fundamental para se analisar o futebol. São outros jogadores, com características distintas e que desempenham funções com diferentes graus de êxito.

Em dado momento no Bayern, Guardiola passou a usar os laterais – Rafinha e Alaba – por dentro, “invertidos”. Neste novo 2-3-3-2, ficava ainda mais fácil ter superioridade no meio e cortar investidas adversárias. É, por exemplo, algo que já foi visto em equipes de Jorge Sampaoli, como o Santos e o Atlético-MG. Talvez não faça sentido para Tiago Nunes colocar Fagner e Sidcley (ou mesmo Lucas Piton), que são ótimos no apoio e em chegadas à linha de fundo, como jogadores de meio.

O Corinthians tem peças de qualidade para fazer um bom trabalho, mesmo com um elenco enxuto. Além de tudo, o treinador reconhece as limitações do seu plantel. Em mais um período de testes que se instala para Tiago Nunes, o Corinthians deve encontrar sua melhor forma de atacar e, principalmente, se defender.

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