Fluminense

Torcedor do Fluminense com Alzheimer também tem lembranças de ídolos do clube; Fred é um deles

Carlinhos em visita às Laranjeiras (Foto: Arquivo pessoal)

“O amor por futebol é algo inexplicável”. Foi o que escreveu o estudante do curso de Educação Física, Ítalo Rodrigues, ao compartilhar um vídeo em que seu “quase avô”, Carlos Francisco Felix Franco, conhecido também como Carlinhos, de 71 anos – que foi diagnosticado com Alzheimer – canta simplesmente o hino do Fluminense. O vídeo ganhou grande proporção nas redes sociais, e o Esporte News Mundo foi procurar saber da história.

Ítalo, que também torce para o Fluminense, não é neto de Carlinhos, e sim cuidador. O estudante disse que as famílias dos dois são muito próximas e destacou a paixão deles pelo Tricolor.

– Essa é uma confusão que o pessoal acabou cometendo, o que é comum. Para quem não conhece é o que parece e está tudo bem. Eu trabalho com ele, como um cuidador, acompanhante. Conheço o Carlinhos desde criança, nossas famílias são amigas. Hoje, é como um avô para mim, ainda mais como já não tenho mais o meu. E compartilhamos dessa paixão juntos, que é o Fluminense – destacou antes de complementar.

O jovem contou que Carlinhos não lembra somente do hino do clube, mas determinados jogadores que marcaram história do Fluminense. Mesmo sendo recente, o atacante Fred está na memória do torcedor.

– Sim, do Assis, Washington, né. Casal 20. Castilho, Romerito, o próprio Fred que é mais recente. Quando falo o nome deles, ele fica doido – disse.

O cuidador também relatou como o convite da família aconteceu e como é sua rotina com senhor Carlinhos. O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva e ainda sem cura que afeta, majoritariamente, pessoas acima de 65 anos de idade, impactando a memória e comunicação. De acordo com relatos, Carlinhos começou a ter sinais em 2016.

— Inicialmente, a família me procurou e contratou para fazer atividades físicas com ele, alongamentos, caminhada que fazemos quase todos dias, exercício funcionais. Tudo para prolongar a qualidade de vida do Carlinhos. A atividade física é uma aliada no combate a esse doença, que infelizmente não tem cura – contou antes de complementar.

– Com o tempo e necessidade, já que a esposa dele é professora e trabalha o dia inteiro, ela precisava de alguém para ficar com ele. Unimos o útil ao agradável. Como eu precisava de um emprego e ele já convivia muito bem comigo, fizemos esse acordo. Desde então eu trabalho como uma espécie de cuidador mesmo. De segunda a sexta com ele.

Por fim, o jovem relembrou que quando era criança, Carlinhos o levava para os jogos do Fluminense em Macaé, já que moram em Conceição de Macabu, lugar próximo do Estádio Cláudio Moacyr de Azevedo, onde o time já jogou algumas vezes.

– Quando eu era criança, o Carlinhos me levava aos jogos do Fluminense em Macaé, cidade vizinha. Moramos em Conceição de Macabu. Como moramos longe, não temos tantas oportunidades e condições de ir ao Maracanã. Ou seja, ele era responsável por mim naquela época. Hoje eu por ele… Coisas da vida!

Carlinhos tem duas filhas, mas por conta do trabalho elas costumam visitar o pai somente aos fins de semana. Sempre estão em contato e ajudam na melhor forma possível. Ele mora em Conceição de Macabu, cidade de interior, onde tinha uma fazenda e fazia e vendia queijo. Hoje em dia, está desativada.

E mesmo com uma doença tão difícil de ser curada e explicada pela ciência, o único fato que não muda em seu Carlinhos é o seu amor pelo Fluminense, pelas “três cores que traduzem tradição”.

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