Opinião

Vem aí o Cariocavírus

O Maracanã será palco de Flamengo x Bangu no reinício do Campeonato Carioca.

Foto: Divulgação /Presidência da República

O Cariocavírus, também conhecido como Campeonato Carioca, voltará a ser disputado nesta quinta-feira mesmo com o Rio de Janeiro vivendo dias de terror com o coronavírus. É lamentável ver os dirigentes tratarem a Covid-19 como uma “gripezinha”. Não há consternação com as vítimas da doença, empatia com a dor das famílias e respeito com o trabalho de profissionais sanitários, saúde e segurança. Zero.

Flamengo e Vasco, apoiados pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, lideraram o movimento. O presidente Rodolfo Landim, inclusive, iniciou mais uma guerra fria com a TV Globo. Afinal, desde o começo da temporada o dirigente discute com a emissora o aumento nas cotas e premiação pela transmissão dos jogos da equipe rubro-negra no Campeonato Carioca.

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Além disso, Landim bateu o pé e determinou a realização de 293 testes para detectar a Covid-19 em pessoas do departamento de futebol e seus familiares, e ver 38 pessoas (13%) testarem positivo. A princípio, três jogadores, que não foram identificados pela assessoria de imprensa do clube, estão nessa maldita lista.

Porém, o Flamengo se recusa a calçar as sandálias da humildade e admitir que a crise chegou para todos e provavelmente o futebol não será mais o mesmo pós-pandemia. Por outro lado, a Confederação Brasileira de Futebol incentiva seus filiados a testar o limite emocional e intelectual das autoridades locais, mas recua quando pressionada publicamente para preservar a própria imagem.

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A essa altura do campeonato já não deveria ser preciso dizer que cada um tem que fazer sua parte. Era para ser óbvio, mas a insensibilidade a dor do outro não permite. Por isso, os clubes “abraçaram” o Campeonato Carioca para conseguir algumas migalhas através de patrocínio e a parcela final da conta de televisão. Afinal, os clubes precisam sobreviver até o final da temporada.

Para limpar a barra, Flamengo, Vasco e a FERJ irão criar hashtags fofinhas para causar mobilização nas redes sociais. Todos irão achar bonitinho. Todos irão curtir, comentar e compartilhar. Enquanto você estiver gritando o gol do seu time, provavelmente uma pessoa estará morrendo por coronavírus. Enquanto seu clube comemora a vitória, o mundo seguirá na torcida pela vitória dos cientistas! #VidasBrasileirasImportam.

Jair Bolsonaro é grande entusiasta da volta do Campeonato Carioca em meio à pandemia do novo coronavírus.
Rodolfo Landim e Alexandre Campello, presidentes de Flamengo e Vasco, foram até Brasília para discutir a volta do futebol brasileiro com Jair Bolsonaro (Foto: Divulgação /Presidência da República)

CURTINHAS:

VOCÊ SABIA? A ditadura militar também escondeu números da epidemia de meningite entre 1971 e 1972. Rio de Janeiro e São Paulo, inclusive, foram o epicentro da crise sanitária teve uma média de 1,15 mortos por dia, com auge em 1972 (14%). Na época, escolas, comércios e estádios e clubes de futebol foram fechados. Se liga, Brasil!

AUXÍLIO EMERGENCIAL! Em tempos de realinhamento financeiro e redução salarial no futebol brasileiro, o Flamengo continua abençoando o bolso de Jorge Jesus. De contrato renovado até junho de 2021, o Mister vai ganhar R$ 64 mil por dia no futebol brasileiro.

SÓ ACHO! A realidade econômica do Brasil não permite pagar fortunas a jogadores e técnicos. Jorge Jesus ganhar R$ 9,2 milhões por ano, ou aproximadamente R$ 765 mil por mês é um assalto aos cofres do clube.

CAIXA FORTE: O Vasco planeja quitar integralmente os vencimentos de fevereiro e março para jogadores e funcionários com grande parte do dinheiro da venda de Marrony para o Atlético-MG. O clube ainda planeja acertar ao menos os direitos de imagem atrasados de 2019 (4 meses). Nem todos os atletas recebem este tipo de remuneração.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Esporte News Mundo*

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