No dia 26 de fevereiro, quando o Real Madrid foi derrotado pelo Manchester City por 2 a 1 em pleno Santiago Bernabéu, poucos torcedores merengues acreditavam que o time pudesse reverter o placar na Inglaterra e se classificar para as quartas de final da Liga dos Campeões. Isso porque o clube vivia um dos piores momentos na temporada, tinha uma série de desfalques e não demonstrava indícios de reação.
Por “sorte” do Real Madrid, a partida que estava marcada para ocorrer em 17 de março no Etihad Stadium precisou ser cancelada por causa da pandemia e, cinco meses depois, a situação é completamente diferente. Os Merengues entram em campo nesta sexta-feira, às 16h (horário de Brasília), para enfrentar o Manchester City com a confiança renovada e credenciais que permitem o torcedor sonhar com a virada.
Realmente, a missão não será simples. Para se classificar no tempo regulamentar, o clube precisa ganhar por dois gols de diferença, ou então, vencer por um, desde que marque três vezes ou mais. Uma vitória por 2 a 1 leva a partida à prorrogação (e pênaltis, se necessário). No entanto, o “novo Real Madrid” já provou seu poder de reação no Campeonato Espanhol – ao reverter a vantagem do Barcelona – e, agora, quer protagonizar mais uma virada e continuar vivo na luta pela 14ª taça da Champions League.
A TEMPORADA MERENGUE
Para analisar a temporada de 2019/20 do Real Madrid, é preciso dividi-la em duas partes: o antes e o depois da paralisação.
Durante oito meses, entre agosto de 2019 e março de 2020, uma palavra definia a equipe comandada por Zinedine Zidane: instabilidade. O clube chegou a conquistar a Supercopa da Espanha em janeiro, mas não conseguia engatar uma sequência de vitórias no campeonato nacional. O mesmo time que perdia para o Levante (1 a 0) era capaz de vencer o líder Barcelona (2 a 0) na rodada seguinte, e voltar a ser derrotado pelo Real Betis (2 a 1) no outro fim de semana. Além dessas derrotas, tiveram outros vários tropeços contra equipes menores, que mantinham o Real Madrid na vice-liderança do Espanhol.
Até que surgiu uma pandemia e o futebol precisou ser paralisado por três meses. E a partir da volta, em meados de junho, a temporada do clube foi (praticamente) perfeita. Nas 11 partidas disputadas, o Real Madrid venceu as 10 primeiras e só empatou a última, pois já havia confirmado o título espanhol na rodada anterior. Desacreditados em março, os Merengues foram campeões nacionais de forma unânime, e essa evolução pode ser explicada principalmente pela eficiência defensiva. Veja os números:
TEMPORADA 19/20 | PRÉ-PARALISAÇÃO | PÓS-PARALISAÇÃO |
Jogos | 39 | 11 |
Vitórias | 22 | 10 |
Empates | 11 | 1 |
Derrotas | 6 | 0 |
Gols Marcados | 77 | 21 |
Gols Sofridos | 35 | 6 |
Aproveitamento | 65,8% | 94% |
+ Da desconfiança ao título incontestável: a temporada campeã do Real Madrid
DESTAQUES DO TIME
Como visto acima nos números, o setor defensivo foi a principal arma do Real Madrid nesta temporada, principalmente no Campeonato Espanhol. Durante as 38 rodadas, foram apenas 22 gols sofridos, o que torna a defesa merengue a melhor entre as cinco principais ligas da Europa (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália).
Para atingir essa marca, quatro jogadores foram essenciais: o goleiro Courtois, os zagueiros Sergio Ramos e Varane, além do volante Casemiro. Os quatro jogaram pelo menos 3.700 minutos na temporada – sempre em alto nível -, e garantem a solidez do time. Apesar de não ser o suficiente para reverter o placar contra o City, não sofrer gols na sexta-feira significa que o Real Madrid terá chances de se classificar no tempo regulamentar.
Mas para isso, o clube precisará fazer gols – pelo menos, dois. E, desde a saída de Cristiano Ronaldo em 2018, a referência no ataque merengue é Karim Benzema. O francês assumiu papel de protagonista e não decepcionou. Nesta temporada, foram 26 gols e 11 assistências em 47 partidas. Após a volta do futebol, a fase é melhor ainda – 7 gols em 11 jogos. Assim, Benzema chega em Manchester com a moral alta e, na companhia de Vinicius Jr. e Asensio, será a principal arma ofensiva do Real Madrid.
DESFALQUE DE PESO
Mas nem todos os problemas do Real Madrid se resolveram nesses cinco meses. Expulso na partida de ida das oitavas de final, o capitão Sergio Ramos cumprirá suspensão e está fora da partida de sexta-feira. Além da liderança, da experiência e da segurança defensiva, os Merengues também perdem seu vice-artilheiro na temporada (13 gols) e o cobrador oficial de pênaltis.
Para substituí-lo, Zidane escalará o brasileiro Éder Militão, ex-Porto e São Paulo. Na sua primeira temporada no clube merengue, Militão teve um início difícil, foi criticado pela torcida e pela imprensa espanhola, mas, assim como o time, evoluiu nos últimos meses e recuperou a confiança. Nesta semana, inclusive, o zagueiro da Seleção Brasileira declarou ao diário “As” que está preparado para o desafio.
– É um momento único para mim, vou dar a vida. Ramos não está, mas tenho que entregar o coração, jogar com tudo. É minha grande oportunidade para demonstrar que podem contar comigo em partidas fáceis e difíceis.
Além de Ramos, o atacante Mariano testou positivo para a Covid-19 na semana passada e será mais um desfalque do Real Madrid. Por outro lado, o clube contará com a presença de Courtois, Marcelo, Hazard e Asensio – jogadores que estavam lesionados em março e não jogariam a partida na data inicialmente prevista.
REI DA CHAMPIONS
No comando desta equipe que procura a virada, uma pessoa que entende muito de Champions League. Além do título como jogador em 2001/02, Zinedine Zidane era o técnico do Real Madrid tricampeão do torneio em 2015/16, 2016/17 e 2017/18. Agora, o ex-meia francês busca mais um troféu e tem os números a seu favor: ele nunca foi eliminado em um mata-mata da Liga dos Campeões.
Na sua breve carreira como treinador, Zidane já disputou 12 mata-matas na competição e sempre saiu vencedor. Na única vez que perdeu a partida de ida, conseguiu a virada na volta. Foi em 2016, quando o Wolsfsburg venceu o primeiro jogo das quartas de final (2 a 0) e viu o Real Madrid garantir a classificação com um 3 a 0 no Santiago Bernabéu. Na temporada passada, os Merengues foram eliminados pelo Ajax nas oitavas de final, mas o técnico ainda era Santiago Solari. Será que Zidane consegue manter a escrita?
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