Fluminense

Ataque do Fluminense é o mais ineficiente desde 2000 após 22 jogos

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Marcos Paulo e Evanílson têm 11 gols somados na temporada. Foto: Lucas Merçon/Fluminense

A pandemia do Coronavírus modificou o mundo todo. Fábricas e escolas fechando temporariamente, lojas e restaurantes encerrando suas atividades, praias abandonadas. E não foi diferente com o futebol. Times tiveram que se adaptar a um novo mundo. Foram três meses sem os jogadores terem a oportunidade de continuar seu trabalho e dar sequência à realização da temporada. Isso fez com que alguns times que estavam mal em março pudessem melhorar para o início do Campeonato Brasileiro e o contrário também. Um exemplo é o Fluminense. O time detinha o melhor ataque do Campeonato Carioca antes da parada (melhor até do que o do Flamengo, sensação de 2019). Mas, após a parada, esses números se transformaram de trunfo a problema, a ponto de atingir uma marca histórica.

Se até a paralisação o Flu havia marcado 32 gols em 15 jogos (média superior a dois gols por jogo), após o retorno as metas adversárias não foram mais tão ameaçadas. Dos sete jogos oficiais que fez desde junho, o time de Odair Hellmann não venceu e marcou apenas dois gols. Agora o Tricolor tem 34 gols nos primeiros 22 jogos da temporada. Número tão baixo que você precisa voltar até 2000 para encontrar um pior. Exatamente: o Fluminense de 2020 detém seu pior ataque no milênio.

No último ano do século passado (2000) o Fluminense voltava do título conquistado na Série C. O começo da temporada não foi boa. Foram apenas 27 gols nos primeiros 22 jogos, mas o Tricolor engrenou, chegando às quartas de final da Copa João Havelange (Campeonato Brasileiro daquele ano). Foi eliminado pelo São Caetano, que viria a ser vice-campeão brasileiro para o Vasco da Gama. Então, falar sobre os números atuais do ataque do clube carioca não é cravar que a temporada será um fracasso. É apenas um panorama de como se comporta o ataque do Fluminense nas duas fases que dividiram os primeiros 22 jogos do ano. Vamos lá.

Montagem do elenco

Durante o ano de 2019 o Fluminense teve incríveis 16 atacantes em seu plantel. Destes, apenas quatro permaneceram: Marcos Paulo, Evanílson, Pablo Dyego e Gabriel Capixaba. Então, ao contratar Odair Hellmann para a nova temporada, o Flu foi às compras. Trouxe o promissor uruguaio Michel Araújo (que deve ganhar uma vaga no time titular de logo mais contra o Palmeiras) o peruano Fernando Pacheco, o prata da casa Wellington Silva, Caio Paulista, Felippe Cardoso e o ídolo Fred (este chegou apenas após a paralisação). Vamos a alguns números: ano passado, Michel Araújo marcou seis gols em 32 jogos; Fernando Pacheco, dois em 36; Wellington Silva, dois em 37; Caio Paulista, nenhum em 35; Felippe Cardoso, dois em 25; Fred, 21 em 54. Apenas o experiente centroavante teve números dignos de goleador.

Eliminação na Sul-Americana

Pré-pandemia, antes de Fred chegar, o ataque estava até funcionando. Os números eram altos, mas o maior golpe da temporada veio em um jogo que o Flu não conseguiu marcar: empate em 0 a 0 com o pouco conhecido Unión La Calera, do Chile, que resultou na precoce eliminação do clube na primeira fase da Copa Sul-Americana, um dos principais torneios para as pretensões do Tricolor. Logo depois, mordido pelo adeus à Sula, parecia que o time iria entrar nos trilhos. Marcou 15 gols nos quatro jogos seguintes. O time havia encontrado o caminho para o gol. Partida seguinte: derrota por 1 a 0 para o Figueirense pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil e desconfiança para cima de Odair Hellmann.

Volta do futebol sem gols

Com a paralisação por conta da pandemia do Coronavírus, a dinâmica mudou para todos os times. Ninguém sabia muito bem o que fazer, visto que não havia previsão alguma para retorno. Passaram-se os meses, o futebol voltou, Fred foi contratado. Esperança de gols para a torcida Tricolor. Logo em sua estreia, novo golpe: derrota por 3 a 0 para o arrumado time do Volta Redonda. Logo depois veio o empate em 0 a 0 com o Macaé, que garantiu a liderança do grupo e, com isso, uma vantagem do empate para a semifinal da Taça Rio contra o Botafogo. E essa vantagem foi muito bem utilizada, porque o Fluminense passou em branco pelo terceiro jogo consecutivo: empate em 0 a 0, mas classificação garantida para a final.

A preocupação acerca dos gols batia à porta. “Pouco tempo disponível para treino” e “Maratona de jogos” eram frases recorrentes nas entrevistas pós-jogos de Odair quando perguntado sobre a ausência de gols neste retorno. Contra o Flamengo (sem Fred), na final do segundo turno, finalmente um gol: Gilberto marcou de cabeça e o Fluminense sagrou-se campeão contra o maior rival em um jogo cujas casas de apostas pagavam 15 vezes o valor apostado para a inesperada vitória Tricolor. Vitória essa que não veio em si, pois o título foi conquistado nos pênaltis após 1 a 1 no tempo normal.

Atuações com mais garra do que criatividade

No primeiro jogo da final (novamente contra o Flamengo e ainda sem Fred) o Flu jogou bem , mas por ironias do futebol acabou derrotado por 2 a 1. Na volta, nova derrota em jogo de pouco brilho se comparado à primeira partida, quando os tricolores acreditavam que o resultado era reversível.

Para a estreia no Campeonato Brasileiro contra o Grêmio, o Fluminense conseguiu finalmente as tão sonhadas semanas de treino. Todo treinador gosta de ter esse tempo de preparação. Nas semanas que antecederam a abertura do principal torneio do brasil, o Flu fez dois amistosos contra o Botafogo, onde marcou nas duas partidas. Mas cabe lembrar que estes não entram na contagem desta matéria, pois tratam-se de jogos não-oficiais. Houve, sim, um avanço. Mas quando a bola rolou no Sul, o ataque Tricolor voltou a passar em branco. O time até criou algumas chances e fez o goleiro Vanderlei trabalhar, mas ficou evidente a falta de criatividade no meio campo, que foi formado por Dodi, Yuri e Yago Felipe.

O ataque padrão do Fluminense nesse retorno vem sendo formado por Marcos Paulo, Evanílson e Nenê. Os três somados detém 20 gols – incríveis 58,8% dos gols no ano saíram de apenas seis pés e três cabeças. Os reforços todos somados têm quatro gols apenas (dois de Wellington Silva, um de Fernando Pacheco e um de Felippe Cardoso, que já até saiu do clube).

Para o primeiro jogo do Flu em casa no Brasileirão, contra o Palmeiras, Odair acena com mudanças. Fred deve ser o centroavante e terá como aliados Michel Araújo e Evanílson. Marcos Paulo, que até vem jogando bem, deve ficar no banco, para a surpresa de muitos. Como Nenê também deve jogar, a dúvida fica por conta de quem realmente ficará ao lado de Fred e Evanílson: Michel Araújo ou o camisa 77. O outro comporá o meio de campo.

Será que assim o Fluzão consegue fazer as pazes com as redes?

Confira o número de gols (após 22 jogos disputados) ano a ano:

2000 – 27 gols

2001 – 52 gols

2002 – 45 gols

2003 – 43 gols

2004 – 44 gols

2005 – 53 gols

2006 – 51 gols

2007 – 38 gols

2008 – 57 gols

2009 – 39 gols

2010 – 47 gols

2011 – 44 gols

2012 – 39 gols

2013 – 35 gols

2014 – 45 gols

2015 – 39 gols

2016 – 38 gols

2017 – 48 gols

2018 – 36 gols

2019 – 40 gols

2020 – 34 gols

Fonte de pesquisa: O Gol

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